segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Chuva.
Completo.
Complicações.
Você afastou
Você foi embora
O sino tocou.
Eu que compliquei
Exagerei
Precipitei
Mas você também confundiu
Procurou depois fugiu
Abraçou e recusou
Bebeu e comentou.
Você olhou, um olhar diferente
No seu carro, a malícia acendeste
Me puxou para um ciclo, vicioso,
E me tragou.
Foi minha culpa, ou burrice
Você em algum momento gostou
Ou é mesmo muito ingênuo
Não importa mais
Se alargou tudo, estendeu, extrapolou, cansou.
Machucou e até os band-aids soltaram.
Tchau, todas as lembranças
Tchau, todas as mentiras, minhas mentiras
Tchau ao seu mistério.
Desta vez é um tchau sério.
domingo, 19 de dezembro de 2010
Mensagens de madrugada.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Hallelujah.
Nada certo.
Senti-lo.
O outro lado da lua.
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Vazio, frio e pouco.
Conto [6]
domingo, 12 de dezembro de 2010
Palavras.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Seu jeito.
domingo, 5 de dezembro de 2010
Música [1]
There's so many ways to lie
Many ways to forget
Many ways to start... over new.
There's so many ways to know
Everything about you
Maybe because I am
A lover with hope and fear
There's so many ways to love you
And I love how it's odd
It's gracious discover things
You swore to never let appear...
There's so many ways to love you
There's so many ways to prove
I really like this sensation
You always give me a new reason
And I don't mind how it sounds
Don't mind if you may laught
But I have no concern
Cause no other girl wrote you a poem
It's just another song
Of the ones that I did for you
One day maybe I sing and show you
All the words that I fantasied...
There's so many ways to love
So many ways to restart
And maybe the fault is mine
'Cause I really never mind..
But I like that exist
So many diferent ways;
It's so beautiful,
You are so beautiful.
And I can tell you beauty,
In a million ways to discribe...
Meu alguém em específico.
Desfazer o nó.
Odeio.
Odeio não pensar em mais ninguém além de você e quando pensar não ter a menor graça.
Odeio ter decorado o número do seu celular, odeio ter coragem para te ligar, odeio não conseguir esquecer aqueles números, odeio continuar a discar.
Odeio tremer e não conseguir dizer seu nome, odeio ouvir sua voz e me sentir bem.
(Ano de 2009 - Parceria com Natasha Valente)
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
O mundo ao qual pertenço.
Críticas superficiais.
Só mais este dia.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Que seja dessa maneira.
domingo, 21 de novembro de 2010
Ela, de novo.
Pensava que conhecia-se. Seus gostos, ideias, limites... Até se encantar pelo improvável. Coisa difícil, sem sentindo ou fundamento. Já viu uma parede sentir? Um chinelo decidir? Uma coberta enxergar? Não soa infantil só em pensar nessas possibilidades? Mas era tipo isso. Como aconteceu? Centrada ela nunca foi, mas media sua loucura.
Um dia leu em uma revista científica que a ciência explica por que mulheres fazem escolhas idiotas quando se trata de homens. Isso a tranquilizou; era mesmo inteligente. Inteligente demais para tamanha burrice. Mas um tanto quanto inexperiente, inconstante, inconsequente, desleixada, despreocupada; agarrava o lhe vinha sem pensar nas consequências nem se importar com o gosto: doce ou amargo, queria arrancar a raíz dos sentimentos.
É assim;
Talvez, quem sabe, tudo isso seja algo simples. Ou simplesmente estranho. Acho que te amo tanto e amo tanto o que há dentro de você, que seu o seu corpo se torna insuficiente. Quero ir a fundo e mais do que amar seus braços e amar beijá-los, amar seu rosto e seu corpo todo e gostar do seu físico, amo seu interior. Deve ser isso, visto que sempre fui apaixonada por sua sabedoria e cultura e inteligência e graça e moral e personalidade e comportamento e simplicidade e todas suas características. É como se eu precisasse sentir tudo isso, como se meus beijos precisassem chegar até tudo isso, não limitamente ao seu corpo e à sua beleza; como se eu queresse beijar tudo isso. Assim, como uma apaixonada que quer te beijar, mas beijar você "mesmo".
sábado, 20 de novembro de 2010
Como amiga e como mulher.
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
Quantas vezes.
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Opções.
Tanto medo, tanta raiva.
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
Preferi assim.
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Coisas.
domingo, 24 de outubro de 2010
Conceitos.
Eu sou, eu acho.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Gostei do que senti.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
Amizade.
(Ano de 2009)
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Vontade.
Confortável.
Sozinho.
domingo, 17 de outubro de 2010
Poço.
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Para este momento.
História Antiga.
Conhecer.
E ele conheceu e descobriu. Que o perfume dela era doce, mas às vezes usava floral, que ela grita e passa vergonha não importa onde esteja, o que leva as pessoas a a apelidarem de louca, que ela canta do nada, e ainda dança. E há coisas que só se descobre depois de alguns encontros, tipo, o modo de beijar. E ele descobriu.
Uma graça.
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Conto [5]
Meu papel te rejeita.
Agora não são mais meus amigos ou parentes que me alertam. É a escrita, que me conhece mais profundamente do que meu próprio encéfalo. É o papel, meu maior confidente e melhor amigo. É o meu incentivo para a escrita, a minha impulsividade diante da expressão por via das palavras, meu mais seguro refúgio. É onde me encontro que sinto ter que te perder.
Erro meu.
Quem sabe se eu não fosse tão esperançosa!... Talvez as chances seriam maiores, se eu simplesmente deixasse serem. É, talvez. Talvez eu me precipitei várias vezes. Talvez eu exagerei. Talvez eu quis aparecer. Pra você. Talvez eu fugi. De você. Talvez foi um erro. Tudo. As sufocações, os medos, as ligações, os encontros, os olhares, as evidências; talvez eu forcei, talvez eu exagerei. Talvez eu quis desafiar o tempo e dizer: "Viu? Eu sou mais rápida! Eu sou mais capaz!" Talvez eu quis provar para mim mesma e talvez até para todos que duvidavam. Talvez para aquela canção que, de uma forma estranha, resumia nossa história. Ou minha história, pois talvez eu construi, sem bases sólidas, um script. Talvez você foi só um figurante. Ou talvez a personagem principal.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
Sou eu.
sábado, 25 de setembro de 2010
Conto [4]
Você continuou comigo.
- Te amo mais.
- Ama nada.
- Claro que amo.
E blá, blá, blá. Nos amamos. Basta, né? A intensidade é a mesma. - Ou não, eu amo mais. A confiança é a mesma. O carinho é o mesmo. A dedicação é a mesma. Temos ciúmes nos mesmos momentos, compreendemos as mesmas justificativas, conhecemos os mesmos olhares, e o mais importante, compartilhamos as mesmas histórias. Sim, você tem outras histórias, as suas, com outras pessoas, sozinha, com sua "cã" e com seus ex-namorados. E eu tenho as minhas, algumas sozinha, outras com outras pessoas, e várias com meus possíveis ex-namorados mas que nunca foram meus namorados. Mas eu conheço as suas histórias e tenho medo da sua "cã", dei conselho pelo telefone enquanto fazia bicicleta e ouvi a história do canalha do seu ex. E você ficou perplexa com as minhas histórias, com o quanto eu sou louca e com como podem certas coisas acontecerem comigo, sendo que só acontecem em novelas. - mexicanas -. Eu lembro do seu antigo apartamento, de onde ficava o nescal, do varal e do microondas, no qual fazíamos pipoca amanteigada para assistirmos a filmes, sem nos importarmos com o fato de a sua mãe ficar uma fera por você impregnar a casa com aquele cheiro de manteiga! Eu sei do seu estilo para comprar Jeans e você do meu para cremes. Você me ajudou a descobrir a minha identidade, você lembra de mim rebelde, você me viu crescer. Você me incentiva, enxerga e valoriza os meus talentos. Você ficou triste quando nossos destinos mudaram e não nos encontrávamos mais com tanta frequência. Não me ver mais diariamente te abalou. Mas você continuou comigo. Minha família lembra de você, e sente falta de você aqui em casa. A sua família lembra de mim e sua mãe me deixa recadinhos fofos no Orkut. Você não se esqueceu, você ligou, você deixou recados, você se interessou pela minha nova vida e minhas novas histórias. Passaram anos e você continua aqui. Um dia eu li: "Quem tem que ficar, fica." E hoje eu percebi que você é a maior prova de que essa frase é verdadeira.
Conto [3]
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Me cobri.
"Se o homem já pisou na lua, como ainda não tenho o seu endereço?"
Aumentei o volume. Desliguei o celular. Desliguei o rádio.
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Seja feliz.
Dói.
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Adormeço.
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
Você esteve lá.
Quero que saiba que foi o primeiro para quem escrevi algo.
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
Mas eu só quero que você saiba...
terça-feira, 7 de setembro de 2010
Ao dono do palco.
Um carma, talvez.
Um toque no ombro, nas costas, no joelho. Um vácuo, um túnel, uma luz. Uma viagem recheada, uma vontade atiçada, um arranjo de sentimentos atacados; enfatizando a ansiedade junto com a incerteza e o desejo.
Duas mãos e uma mulher-problema em busca de atenção provocando um ciúme incontrolável e dois olhos molhados.
O talvez já não bastava. A dúvida corroía cada vez mais vigorosamente. As sensações já não pediam licença antes de se instalarem, íam todas se enfiando cada vez mais profundamente sem quererem saber se havia limite. A necessidade de um ponto final e de atirar de uma vez por todas naquela dúvida ardentemente venenosa, era cada vez mais forte e sólida.
Um conselho, uma conversa, uma decisão. Impulsividade, talvez. Falta de muitas coisas, talvez; como de precaução, sabedoria até.
Uma noite sem informação sobre o quão estrelado estava o céu. Um vento de bom humor, favorecendo um pouco a situação. Pessoas que poderiam sumir naquele momento, toques de telefone que poderiam não terem acontecido.
Um olhar, umas quatro palavras e uma testa de interrogação. Um rastro de dúvidas, um coração acelerado, uma sensação de que o chão era somente um tapete que estava sendo puxado.
Uma possível resposta, uma esperança conformista, um olhar compreensivo, uma resposta negativa.
No princípio, não foi um choque. Depois, só o edredom pode dizer o quanto de lágrimas foram derramadas. A dor se espalhava do sistema límbico à cada órgão, glóbulo, derme e anexos de todo o corpo. Não se reconhecia mais o equilíbrio, nem a razão, a tranquilidade e o claro.
Um passar de dois dias sofridos. Uma madrugada, uma caneta roxa, um pequeno caderno, um CD no rádio e dois olhos liquidamente fixos. Um medo com várias ramificações. E, ainda assim, o mesmo sonho de antes: o mesmo abraço, o mesmo beijo nunca provado mas único esperado, a mesma necessidade de absorção de calor e da própria pessoa por inteira.
Novas dúvidas andando lado a lado com os mesmos sentimentos obscuros.
Uma memória, uma lembrança, uma visão, um nome, um corpo, um abismo.
É possível deixar?
É possível esquecer alguém por obrigação? Há, realmente, alguma forma de mudar seus conceitos sobre alguma pessoa, devido a uma palavra dela? Ou estaríamos apenas perdendo tempo na tentativa de procurar outros braços, outros lábios, outros vícios e outras manias? É fraqueza não conseguir deixar de considerar alguém após saber que o mesmo não te considera na mesma intensidade? Nem no mesmo nível, ao menos? É saudável escrever sobre tantas perguntas? Ou seria melhor calá-las e guardar o papel?
Escrevendo e expulsando.
domingo, 5 de setembro de 2010
Pior é.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Porque eu protejo o que eu amo.
Se eu pudesse te abraçar naquele instante, e fazer você perceber que tem quem te adora, e passar um pouco do meu amor através de um olhar, fazia-o.
Se o seu coração é partido, o meu é destraçalhado; se sua face chora, minhas lágrimas esperneiam.
Se alguém mira para ti, com intuito de te machucar, o tiro acerta em mim; e vai fundo, em minha alma, fazendo questão de doer tanto quanto um veneno forte quando tomado.
Se fosse possível, pararia o tempo quando algo fosse acontecer e te levaria embora, para evitar qualquer descontentamento. E para tudo que não for possível, eu invento um jeito. Só preciso da sua autorização para me inferir de tal modo em sua vida, pois, mesmo sem autorização, continuo lhe protegendo de longe, mas adoraria poder te proteger enquanto lhe abraçar...
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Pause.
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Conto [2]
Ela viu, ele reagiu, a outra não se importou. Ela saiu, ele continuou o beijo, a outra não reclamou.
No dia seguinte, ele tentou se desculpar. Sempre a culpa é da bebida.
Na noite seguinte, ela já soube o que queria. E não era mais ele.
Não foi fácil a decisão. Para uma apaixonada, ver tudo o que considerava ser a mais pura verdade se converter em traição, não resulta em nada menos do que um pote de sorvete mais chocolate, fotos, músicas e horas pendurada no telefone.
É depois desse momento então que as mulheres percebem em que categoria estão. Na das fortes, ou na das dependentes. Algumas continuam a depender de um perfume, de lembranças e de um canalha. Outras vêem a perda como um processo de amadurecimento. Em que momento exato é o teste? Na lavagem de roupa suja, claro.
Nem rodeava sombras de dúvidas de que poderia encontrá-lo lá. Depois de um dia fora da cidade, quando chegara em casa encontrou-o na sarjeta. Tentou ignorar, tentou entrar sem olhar, tentou fechar a porta.
Ele a puxou pelo braço, mas queria puxar seu coração. Queria tirá-lo dela, despedaçá-lo e fortemente apertá-lo. Pelo menos era o que parecia.
- Como eu pude? - começou Catarina.
- O que? Se apaixonar por mim?
- Me...
- Enganar? logo interrompeu, de novo, o futuro ex-namorado.
- Me sujar.
- Então se arrepende?
- Não, se não fosse pelo erro que passei com você, certamente não estaria pronta para um próximo passo.
- Você já deu o próximo passo?
- Estou só esperando a neblina ir embora para enxergar qual direção tomar.
- Então eu fui uma espécie de livro? Uma orientação para você aprender como lidar, se relacionar, e por fim ter felicidade com um outro alguém? E ainda tenho que ouvir que nunca te amei? É você que não sabe o que é ser fiel. Com apenas uma briga, larga os pontos. Agora entendo. Na verdade, nada nunca foi real.
- Percebi que nada era real quando acordei naquela festa.
Catarina tirou a aliança do dedo e relembrou de quando a colocou. Passara exatos 14 meses e 5 semanas com aquele anel de compromisso. Não era só de enfeite, nesse meio tempo Catarina não se atreveu a viver; vivia por ele, vivia para ele.
- Foi só um beijo. Bebi demais. Já expliquei. - disse ele com fúria.
- Agora é só um adeus. Chorei demais. Já decidi. - foi embora ela com dor.
Entre tanto, me resta nada.
Não é possível falar disso, não tem como resumir, explicar, pedir socorro. Enquanto a minha alma grita por salvação, tende ao conformismo e deseja logo que tudo se acabe. Tudo.
As recordações me trazem um misto de sentimentos indefinidos e por vezes indecifráveis. E entre tanto, me resta nada. Nem ar. Nem se quer uma molécula de oxigênio para me manter viva por um pouco mais de tempo, nem que por milésimos de segundos. Não sei como continuo aqui, tampouco como consigo escrever. Talvez esta força, independentemente do quão pequena, seja uma recompensa pela falta para enfrentar tudo isso.
domingo, 15 de agosto de 2010
E a ficção toma conta.
Não espero que todos os meus sonhos se realizem. E isso, creio que seja parte do mais doloroso.
Sonhar é bom, sonhar lhe permite sensações que, somente sonhando, és capaz de sentir. Sonhar é o primeiro passo para certos acontecimentos que, somente por sonhar, podem ser realizados. Errados são aqueles que transformam sonhos em utopias, em exageros ou em futilidades. O único ponto ruim de sonhar é quando tu perdes esse sonho, entrando nele. Quando não és mais um sonho, és sua realidade. Sim, tu vives em uma ficção. Pior que saber que estás preso em algo irreal, é não saber como seguir um caminho para sair dessa prisão; e se deves sair mesmo. Às vezes, não sentir vontade de acordar é melhor; evitamos dores físicas, e já nos acostumamos com as psicológicas. Uma vez ou outra, pensamos que o melhor para nós é trancarmos-nos na imaginação, na vontade e no desejo reprimido; pensamos tanto que nos trancamos, por fim. Desesperante é a dor da subida de consciência, acompanhada com uma forte confusão, à tua cabeça quando tu não encontras mais a chave, não? Somente quem já se atreveu a girar a chave sabe do que eu falo.
Quando falo desses sonhos, esqueça da futilidade. Não digo do subconciente tomando conta da sua mente enquanto dormes. Digo das vontades, dos planos, que muitas vezes acabam sendo acomodados, e não por sua falta de capacidade, pois tu sabes que és capaz, mas sim pelo teu medo. Teu medo de se arriscar a passar pela linha que separa o real do imaginário, e perder todos teus sonhos para uma cruel dose de verdade como consequência. Esse medo é comum aos sonhadores constantes. Mas não o tornes padrão em sua vida, aconselho; quanto mais comum, mais perto de se tornar necessário está. Sejas forte, diferentemente de como eu fui.
domingo, 8 de agosto de 2010
Portadora de saudades.
A saudade vai consumindo e, quanto mais distante nos vemos de algo que muito nos atingiu, profundamente, mais queremos inventar um instrumento que nos leve de volta para o passado, só para reviver certos momentos; sentir com mais anteção cada intensidade e cada movimento; cada toque do vento na pele; cada convivência com cada pessoa; cada abraço, cada calor, cada sorriso. E ouvir, atenciosamente, cada ruído de cada risada e de cada reclamação; cada crítica, cada palavra inocente e descuidada. Quando compartilhamos com alguém um momento, ou um conjunto deles, que, somente por ter sido compartilhado com esse alguém, é especial, e isso fica gravado em nossa memória, não existe um botão de delete; e mesmo se existisse, não seria aconselhável pressioná-lo, por mais que a saudade doa e destrua. Cada lembrança que descrevo em uma folha de papel, cada constante chuva de recordações que caem sobre mim a cada perfume que sinto, cada lágrima triste que me escorre na face quando me aperta o coração lembrando daquelas tardes de verão, e cada feliz, que me escorre mais brilhante, como consequência de um flash-back rápido, que corre em minha memória, repentinamente, me lembrando daqueles fins de tardes, são as minhas maiores riquezas; são as minhas maiores razões de querer viver e construir mais histórias e lembranças. São, de fato, o que me define, o que me colore, o que faz parte da minha imagem no espelho; o que, sem, não conseguiria me ver sendo o que sou, hoje, da mesma maneira. Minha vida não seria a minha vida sem cada coisa que vivi, cada pessoa que conheci, cada música que escutei e cada momento que compartilhei; em uma escola ou em outra, em uma cidade ou outra. É doloroso olhar para trás, mas é confortável saber que fui honrada de passar por momentos tão puros e graciosos. Agraço àqueles que passaram por mim, mesmo hoje não permanecendo ao meu lado. Agradeço àqueles lugares, àquelas pessoas, àqueles objetos, àqueles cheiros, àqueles barulhos, àquelas mudanças permanentes. E sinto falta; daquela escada, daquele jardim, daquela lousa, daquele muro, daquela quadra, daquele salão, daquela água; daquele grupo, daquelas inúmeras aventuras e daquelas diversas ideias. Sinto uma falta tão forte, tão imensa e constante, que isso não só doi como também explica. Explica muito; explica, como por exemplo, o fato de eu me considerar uma nostálgica incurável.
sexta-feira, 30 de julho de 2010
Conto [1]
▬ Eu o adoro, mas não é a mesma coisa. Caiu na rotina, desencantou, não vejo nada além de amizade.
Dei um dos maiores conselhos que já dei em toda minha vida, até então.
▬ Entendo, amor. Entendo de verdade... Se lembra da situação parecida que recentemente passei, não? Toda a história com Sílvio. Sílvio... era um cara incrível; romântico, engraçado, inteligente, independente, responsável, amável e dócil... E o mais difícil, apaixonado. Era até demais. Eram muitas as palavras, as promessas, os sentimentos... Eu me sentia completamente culpada por não conseguir sentir por ele o mesmo que ele sentia por mim. Por que, com o cara perfeito, eu continuava desejando outro? O outro você também conhece, aquele de sempre, o único que me consegue tirar a sanidade. Passou um ano e em um ano ele se mantia constante nas palavras e no suposto amor, na suposta paixão grandiosa! Passei a me esforçar, tentei vê-lo como mais que um amigo, tentei enxergar nele um companheiro amante, mas era inútil. Apenas o via como um companheiro confidente... Até que comecei a sentir saudades dele, a querer os abraços dele. Comecei a me interessar por ele, não tanto quanto ele se interessava por mim, mas foi o início de algo..
▬ E ele?
▬ Ele continuava a me dizer coisas lindas, com valores absolutos!
▬ E você?
▬ Eu acreditava. Fui acreditando e aprendendo, conforme o esforço, a gostar dele. No final, quando estava disposta a esquecer tudo e todos, as mágoas e as pessoas que me impediam de ser feliz, e me entregar finalmente a ele e tentar uma história, tentar algo, nem que seja um beijo... ocorre tudo ao contrário; ocorre mentiras, alcoolismo e risadas sarcásticas. Ficamos um tempo sem nos falar, pois, no dia em que decidi tentar com ele, ele ficou simplesmente bêbado e nojento.
▬ Sim, me lembro dessa festa em que ocorreu tudo isso. Mas não me lembro como você encarou depois, simplesmente não a via mais falando dele. Vocês nunca mais voltaram a conversar?
▬ Um dia, decidimos. Na verdade, eu decidi. Só mais uma vez em que eu tive que tomar a decisão e assumir o papel do homem na relação.
▬ Te conheço. Deve ter falado tudo que lhe vinha a mente, boas respostas elaboradas e armadilhas de fazê-lo confessar e pedir desculpas!
▬ Falei. E ele mentiu mais ainda. Isso me afetou, e muito, pois o único cara que supostamente era o certo para mim, o perfeito, o que sentia tudo que ninguém mais sentia, muito menos aquele pelo qual eu sentia... A minha única garantia era simplesmente uma farsa! Aprendi a gostar dele a toa... Aprendi a ter sentimentos para simplesmente, depois de tudo, acabar me sentindo mal. Bom, se esta história está fugindo um pouco, vou logo para a questão. A questão é que não se aprende a gostar de alguém. Se existe destino ou não, a questão é simples: ou há uma conexão forte, que mantêm dois corpos e principalmente duas almas ligadas, independente do caminho delas ou de qualquer circunstância, ou simplesmente há outras coisas, outras atrações, outros gozos, outros índices de importância; mas essas coisas se encontram em outros níveis.
▬ Mas ele foi especial para mim! Foi muito...
▬ Você pode sentir algo por alguém, algo especial. Mas no momento em que deixa se acomodar, isso não deve ser mais forçado à voltar a ser especial. Importância não se cobra, não se exige, não se tenta possuir. Você não deve forçar sentir o que um dia você não vai nem poder pedir permissão. Acredite. Um dia, você simplesmente vai sentir e não importará se você aprova ou não essa decisão do seu coração ou da sua razão, que seja.
▬ E se sente a importância, mas esfria? Acomoda?
▬ Quando esfria, acomoda e você sente que não é a mesma coisa, é que simplesmente ele não é o que você precisa, por mais que você goste e se importe. Não adianta forçar uma necessidade. Um dia, você vai conhecer e se relacionar com alguém que te necessite da mesma forma. Impossível da mesma proporção, acredito, mas da mesma intenção, do mesmo grau de intensidade.
Com o Sílvio eu tentei. Posso ter conseguido sentir alguma coisa por ele. Mas no final só me machucou... O que prova que a minha estúpida ideia de tentar gostar de alguém, só porque ela te goste, não é boa.
▬ Mas, suponhamos que ele realmente fosse o certo. Não tivesse mentido, nem nada. Não valeria a pena tentar?
▬ Eu descobri que não no momento em que, depois de botarmos um ponto final na conversa, independentemente do quão triste fiquei pela nossa amizade, pelo carinho que sentia por ele e por ele mesmo, que dizia se sentir extremamente mal, eu continuei a minha vida; sem dor e arrependimentos. A história toda me tornou uma lição, algo do qual tirei proveito, mas não se tornou algo que parou a minha vida, que causou um efeito dramático.
No começo foi difícil. Chorei, claro. Fiquei triste, óbvio. Poxa, é uma história toda! Envolve sentimentos, pessoas... Mas depois de uns dias percebi que não me pegava pensando nisso, não me pegava querendo reatar as coisas, não me pegava chorando, desejando que ele não tivesse mentido... Ou seja, se eu não me senti tão mal assim, é porque ele simplesmente não era a tal pessoa capaz de me fazer sofrer, endoidar, tremer, varar noites, escrever... Essa pessoa era outra.; que pode mudar, mas no momento, darei o exemplo que você bem conhece. Aquele que, apenas com um sorriso, tira o meu sono; apenas com um toque, me faz delirar; apenas com uma conversa me provoca milhares de sensações... E é disso que preciso. é disso que todo mundo precisa! Você não precisa disso? Você não quer histórias dramáticas, chorar por uma briga, ligar de madrugada revoltada, dizer coisas sem nexo por ataques de ciúmes, querer de volta, brigar, beijar na chuva, reatar? Essas sensações profundas!?
▬ Quem não quer?
▬ E você imagina isso com ele?
Minha amiga balançou um pouco a cabeça dando-me uma resposta negativa, mas só pelo seu olhar deu para perceber.
▬ Essa briga, por mais que machucou os dois, machucou a fundo você também? A ponto de você querer se sacrificar para fazer diferente?
Se a resposta for não, você não tem porque se sentir culpada, você fez o certo. Errado seria você continuar com ele, alimentando esperanças, proporcionando momentos, palavras, que para ele teriam muita mais emoção e significado do que para você.
Uma lágrima escorreu no rosto da ex de Renato. E, em sequência, o quarto repleto de palavras conselheiras assistiu um momento que só duas melhores amigas entendem; o abraço depois de um desespero e um conselho.