segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Chuva.

Antes ela sentia medo da chuva, quando esta se manifestava, aquela fechava todas as janelas e se escondia por debaixo das cobertas amontoadas uma em cima da outra. Não enxergava a sutileza de uma tempestade e a bravura do choque de uma gota quando caía, inocentemente, por destino, no concreto do chão. Agora já observa a sequência das águas com um olhar mais perceptivo e até denominado insano por alguns. Entende como funciona o ciclo. Compara com suas próprias decisões e mudanças, simbolicamente. Acha graça das luzes da cidade iluminarem a chuva fraca, sente alívio pelas nuvens negras se descarregarem, tem lembranças com o barulho das rodas dos carros sob o asfalto molhado. Passa tempo acompanhando as danças das poças e se acreditasse em anjos acreditaria que eles estivessem descansando com tamanha paz e equilíbrio harmônico. Por um momento o mundo é calmo e puramente delicado, mesmo que esse mundo seja só o que consegue enxergar, mesmo que a delicada beleza se limite há alguns quilômetros de onde ela esteja. Deseja sentir mais isso e menos cansaço, angústia e agonia. O que antes lhe despertava medo e lhe incentivava o refúgio desesperador, hoje desperta curiosidade, admiração, interesse e identificação. Virou terapia, cura. Agradece todas tardes às chuvas de verão. Entende as devastadoras e vingativas, idolatra as primas das brisas.

Completo.

Você não me completa hoje com beijos e abraços, carícias e sons da sua boca ou do seu andar. Mas me completa com uma palavra, uma saudade, um medo. Este vento bravo que bate friamente em meus braços, acompanhado por pequenas frias gotas de água de uma chuva envergonhada pelo céu colorido enfeitado com trovões suspensos e raios brilhantemente fugazes; esta música que me conforta a alma e esquenta o que há dentro, as esperanças e as alucinações, esta vontade de te ligar, este medo de te largar, este sorriso torto ao lembrar que você adorou o fato de eu te confrontar; isso tudo me completa, hoje. O laranja fundido com os diferentes tons de azul no céu de final de tarde, o cheiro de grama e terra e fim de ano, a música do Cat Stevens, meu cenário caseiro inspirador preferido, a raridade de eu não me incomodar com o barulho de uma moto, o pisca pisca de natal e as luzes dos carros. É dezembro, é final. Ou um novo começo. Depende de como você vê. Mas fica incompleto quando o céu escurece, as luzes apagam, a música acaba, a cidade dorme. Aí sim preciso de você, de surpresa e de sorriso autêntico. De cola no meu corpo.

Complicações.

Você disse não
Você afastou
Você foi embora
O sino tocou.

Eu que compliquei
Exagerei
Precipitei

Mas você também confundiu
Procurou depois fugiu
Abraçou e recusou
Bebeu e comentou.

Você olhou, um olhar diferente
No seu carro, a malícia acendeste
Me puxou para um ciclo, vicioso,
E me tragou.

Foi minha culpa, ou burrice
Você em algum momento gostou
Ou é mesmo muito ingênuo
Não importa mais
Se alargou tudo, estendeu, extrapolou, cansou.
Machucou e até os band-aids soltaram.

Tchau, todas as lembranças
Tchau, todas as mentiras, minhas mentiras
Tchau ao seu mistério.
Desta vez é um tchau sério.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mensagens de madrugada.

Coração acelerado, estômago revirado e todos esses clichês que infelizmente banalizaram. Deitada na cama, com o olhar penetrantemente fixo na tela do celular, esperando ansiosamente pela próxima mensagem. Sente seu coração colidindo com o colchão, esquece os livros, filmes, dinheiro, sono. Abriga os sentimentos belos e empolgantes em linhas de caderno para depois serem, que sabe, lidos por quem incentivou a lunática a contorcer a caneta e contorcer o coração. É madrugada, e ontem neste horário ela sentia vontade de jogar o copo de Vodca em todos aqueles homens e gritar: "é outro que eu quero, é de outro que eu preciso." E neste horário hoje, ela troca mensagens no celular com ele. Se pertuba por ter usado uma palavra errada, se preocupa em poder tê-lo machucado. Só o que precisa é dormir, esperar a semana acabar e acabar com esse início de um previsível inacabável capítulo. Mas perdeu o sono, fica pensando e revirando ideias. Mas sabe que semana que vem é definitivo, que semana passada ele não estava presente e que amanhã é o que decidiu hoje. Sabe do que já aceitou, esquecer, abandonar... Se esforçar para não procurar, não se importar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Hallelujah.

Eu, definitivamente, não quero mais alongar aquela história torturante protagonizada por suas participações especiais. Dei um basta definitivo e implausível em todos os sentimentos. Na verdade, não sei se fui eu quem deu esse basta, ele veio sozinho, sabe, sem solicitações. Quero poder sentir graça nas banalizações da vida novamente. Resgatar um pouco da minha pessoa antiga, feliz que era, antes de você surgir. Poder cantar com a Taylor Swift: "We'll sing hallelujah" e sonhar com o abraço de outro. Mandar meus textos para quem se interessa em ler, depositar minhas palavras em descrições de pessoas que valorizam isso. É ótimo ter essa garantia, dentro de nós, de que as pessoas são múltiplas e as casualidades para encontrar alguma que, repentinamente, fará intensa e significantemente parte de nossas vidas, também são. Sabe, é bom não ter mais meu caminho estreitamente voltado para o seu.

Nada certo.

Eu nunca precisei implorar o amor de ninguém e você não seria o primeiro ao qual eu faria tal apelo. Se ainda insistia em alguma mínima possibilidade, acreditava, lutava, reagia para você reagir, era porque eu acreditava que se tratava de improbabilidade, e não de estupidez. Por mim estava tudo bem em esperar um momento certo para você perceber algo já certo. Mas tudo tem limite, e chega um momento em que nada mais parece certo. Você não é mais o certo.

Senti-lo.

É impressionante como sonhar com algumas pessoas pode te fazer mudar vários sentimentos, ideias, até costumes, manias, vícios. Quando acordei e lembrei de você no meu subconsciente, foi uma decepção. Tristeza por aquele abraço não ter sido verdadeiro, e saudade de um cheiro abstrato. Então, mais ansiosa estou querendo te ver. Querendo provar se nosso abraço é mais forte que o do sonho. Sem beijos, sem compromisso, apenas aproximação dos corpos, apenas seu toque. Sutil, grosseiro, quente, áspero, que seja. Que venha o que vier, do jeito que for, mas que eu sinta, que eu te sinta. É o que meu corpo pede e minha alma se sente confortável ao implorar.

O outro lado da lua.

Por que se engana, menina? Por que se esconde atrás de blasfémias, covardias e preconceitos, namoricos forçados e artimanhas de "quase-críticas" fúteis e infantis? Não quero saber dos motivos, esqueça do que te perguntei. Imagino em qual nível devem estar seus porquês e como me indignaria ainda mais. Seus caprichos e auto-defesas de uma semente amplamente mimada são tolos e superficiais demais para qualquer tipo de entendimento ou debate. Assuma a culpa de sua solidão, olhe-se no espelho e encontre em cada pedaço de decepção onde estão seus erros, suas atitudes que a afastaram de pessoas e sucesso. É desprezível sua habilidade de praticar o egoísmo e grosserias, e admito que muito boa a sua de se esconder em máscaras e falsas personalidades. Não passa de medrosa e orgulhosa. Sim, é limitável. E lamentável. Depende do sol para brilhar e isso só ocorre em períodos. Não demonstra suas quatro faces, mas obriga todas as infinitas estrelas a te aceitarem na divisão do céu. É obscura, vazia, sem vida.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vazio, frio e pouco.

Estas sensações que você me proporciona com a sua frieza, covardia e incapacidade ridícula, são as mais indesejáveis, pois são capazes de inibirem qualquer expressão minha. Fica difícil respirar, caminhar, e até escrever. Nestes momentos, então, vejo com nitidez que quero deixar de sentir tudo isso, por vários motivos; por vezes fortes, por vezes bobos, mas sempre válidos. O principal é você. Simples. Você não merece nada disso. Você me prova, a cada prova de carinho minha, que não merece nem uma frase inspiradora. Você é frio pois nunca recebeu tamanho carinho, não sabe o que fazer com tanto. É inexperiente nessa área, incapaz, fraco, covarde. Foge e se afasta sem se importar se isso é o correto ou não e com o quanto que possa machucar os outros. E atitudes assim, eu realmente não admiro. Mas estou sossegada, não me culpo, não sinto um peso de sentimentos ácidos sobre mim, me sinto calma, enxergando os fatos e ainda achando que minhas atitudes são mais nobres que as suas, meus conceitos, minha personalidade, tudo que vem de mim é muito mais elevado do que vem de você. Acredito no "falar o que sente" sem romantizar o termo. E você não precisa mais me agradecer, me elogiar, me entender. Já não me importa, já não espero. Não estou mais disposta a te ajudar a crescer. Não estou mais disposta a querer ficar na espera por suas palavras e conclusões. Você é tão ralo, sua defesa e sua proximidade com as pessoas. Não quero todo esse pouco que você tem a oferecer, mereço muito mais.

Conto [6]

Então recebeu uma notícia: a mais surpreendente e chocante e arrasadora até o momento. Já sofrera antes, sim. Já conhecia a amargura de muitos sentimentos infelizes, mas nunca foi tão desconhecido. A partir do momento em que atendeu ao telefone até o final dessa tortura, foi uma tortura. A cada passo que dava, tortura. Pessoa que via, tortura. Tudo tortura. Foi um choque e o tempo acostumou os outros com a ideia, mas à ela só restava tortura. Ele ficou internado. Sua família não podia ficar muito para fora da cidade, então apenas esperavam as notícias. Amigos, conhecidos, levavam suas vidas também na espera. Mas ela, a pessoa mais improvável no contexto, foi a que mais se aproximou. Não posso deixá-lo sozinho, pensava ela, tantas vezes em tantos dias. "Mesmo sem você ter consciência disso, não consigo." E conversava com ele todos os dias, com uma esperança de que ele pudesse ouvir, ou sentir, por mais cético que fosse. "Não posso dormir sabendo que você pode não acordar. Não posso virar as costas e não saber se você já acordou. Só quero saber que você está bem. Não consigo parar de te olhar e te querer acordado, frio ou quente, simpático ou indiferente, mas passando ao meu lado deixando rastros do que me tira, sem você nem perceber, devido a minha capacidade de amá-lo cada dia mais, por mais que você não acredite que seja possível." Ela dizia com olhar de quem ama, voz de quem se preocupa e dedicação de quem se importa. Todos os dias, sem exceção, estava ao lado esquerdo dele. Com as mãos em suas mãos, ou nos cabelos. Às vezes lia histórias, contos por ela mesma escritos, outrora artigos de revistas científicas. Uma hora levou o violão do seu amigo e tocou várias e várias vezes o único trecho da única música que sabia tocar. Até improvisava e tocava daquele jeito todo errado, mas de acordo com a melodia, e cantava algumas músicas. A vez que mais chorou foi quando cantou Let It Be. Mas logo voltou às histórias. Umas inventadas, outras improvisadas... Quando o sono batia, ali mesmo dormia. Deitava ao lado dele, abraçando-o com intensidade. Deixava algumas lágrimas cair vez ou outra, enxugava com o lençol da cama ou simplesmente deixava-as secar. Não cansava de acariciar suas mãos. E de pensar o quão injusto seria perdê-lo. O quanto o mundo perderia, o quanto de riso seria apagado. Entregou-lhe beijos e recitava textos. Um dia, enquanto o observava e contava de um de seus textos inspirados em uma de suas conversas, ela teve a melhor visão que já teve em toda sua vida. Ela jura que foi mais lindo do que quando ele sorriu daquela especial vez, do que quando ele pegou sua mão daquela outra, de suas viagens preferidas, daqueles céus coloridos que ela admirava com doçura, daquele dia no teatro e tantos outros momentos que com uma imagem a fez demasiadamente feliz. O dedo dele mexeu. Da mão esquerda, para cima e para baixo, daquela vez mais rapidamente. Foi o fim da tortura. Ela sentia de novo o chão, o ar condicionado do quarto, seus cabelos sob os ombros, o peso de suas roupas. Foi chamar ajuda depois de beijar aquela mão com um sorriso do tamanho da felicidade, com a intensidade da alegria e da leveza da preocupação e da tristeza indo embora. Foi ficando tudo cada vez melhor. E ela continuou acompanhando. Os olhos dele se abriram e a viram; e a tortura passou. Ele sorriu, soltou a voz, a tortura passou. Esse foi o momento. Agora ele podia fazer qualquer coisa, até machucá-la como de costume, ela permitia, mas ele voltou.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Palavras.

As palavras banalizaram, por isso busco refúgio naquelas esquecidas, menos populares, de fundo, de lado, de canto. As expressões são quase sempre as mesmas, então busco formas menos superficiais, nada superficiais na realidade. Meu objetivo maior é fazer com que, enquanto leio, pareça ter atirado emoções em formas literais, puras, puramente sinceras, sem pudores, cuidados; envenenadas de sinceridade, sentimento, verdades, sejam momentâneas, sejam permanentes. Reler o que escrevi e lembrar do que sentia no momento, reler e relembrar, reentender, ressucitar reações bioquímicas. Não é se esforçar para escrever riquezas, tamanho exagero sem sentimento é falso. É falso o que não é simples, o simples é puro e o que há de mais puro só pode ser transportado de forma mais simples.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Seu jeito.

O jeito com que você cruza a perna esquerda na direita, o jeito com que você coloca a mão na cintura, o jeito com que abraça seus próprios braços, o jeito com que cruza as mãos para assistir ao documentário... não é justo, sabe? O jeito com que ri junto àqueles femininos olhos azuis, o jeito com que me faz cometer mentiras, o jeito com que me faz esquecer dos problemas da realidade, o jeito com que consegue arrancar de mim o que não há; é tudo muito injusto, injusto porque me altera, injusto porque me faz voltar aos pensamentos, me desliquilibra, me apaixonada, cada detalhe me apaixona.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Música [1]

There's so many ways to hide
There's so many ways to lie
Many ways to forget
Many ways to start... over new.

There's so many ways to know
Everything about you
Maybe because I am
A lover with hope and fear

There's so many ways to love you
And I love how it's odd
It's gracious discover things
You swore to never let appear...

There's so many ways to love you
There's so many ways to prove
I really like this sensation
You always give me a new reason

And I don't mind how it sounds
Don't mind if you may laught
But I have no concern
Cause no other girl wrote you a poem

It's just another song
Of the ones that I did for you
One day maybe I sing and show you
All the words that I fantasied...

There's so many ways to love
So many ways to restart
And maybe the fault is mine
'Cause I really never
mind..

But I like that exist
So many diferent ways;
It's so beautiful,
You are so beautiful.

And I can tell you beauty,
In a million ways to discribe...

Meu alguém em específico.

Você já chegou a sonhar com os beijos de alguém? A ponto de ter que fechar os olhos e imaginar o dia em que encontrará essa pessoa e o quão intenso seria o encontro dos seus lábios? Já esteve séria e, de repente, sua boca começou a fazer entornos de risos devido um comentário ou qualquer coisa que você acabara de relembrar? Não é estranho como sentimos coragem e entusiasmo de sermos cada vez mais nós mesmos quando com alguém em específico?

Desfazer o nó.

Fechar os olhos e fantasiar impossibilidades. Enfatizar sozinha o mínimo e menosprezar o dilúvio de contradições que me afastariam da ilusão. E só faço isso porque me favorece. Jurar nunca mais esperar, se arriscar para concretizar a ideia de abandono e continuar esperando por uma vingança ou coisa do tipo. Só queria desfazer o nó. O nó que me prende à todas essas sensações, que não me deixa esquecer de saber de todos os prazeres, cores e gostos. Sensações proporcionadas por cada parte sua; do que é capaz a pele do seu rosto, da sua mão, dos seus braços? Esse nó prende todas essas informações e eu não as quero mais.

Odeio.

Odeio sua hipocrisia, odeio suas mentiras, odeio sua máscara, odeio sua farsa. Odeio sua personalidade mal definida, sua história escondida.
Odeio creer em você, apostar em você, defender você, depois ver na minha frente como eu estava errada nos meus conceitos e como você é podre.
Odeio pensar em você, odeio lembrar de cada mínimo detalhe, cada pequeno momento.
Odeio lembrar de quando te abracei, quando você me beijou, quando minha mão estendi e ela você apertou.
Odeio saber qual o seu perfume e sempre que o sinto lembrar de você. Odeio saber que você sabe o meu.
Odeio quando penso no seu sorriso, e pior, quando sorrio com isso. Odeio pensar até na sua mão ter a louca necessidade de tocá-la.
Odeio me encantar pelos seus dentes e não ter vergonha de falar que nunca desejei tanto na minha vida querer beijar alguém, e só este alguém.
Odeio não pensar em mais ninguém além de você e quando pensar não ter a menor graça.
Odeio sua pele, odeio seus braços, seu corpo, sua sobrancelhas, seu nariz e os traços de seu rosto; em especial aqueles que já decorei.
Odeio seus olhos, odeio não parar de olhar e admirar eles. Odeio quando eles brilham, e ainda mais quando os meus brilham por isso. Odeio cada pigmento de luz do seu olhar, seus cílios e sua malícia escondida na inocência que não sei se existe ou se eu que a criei...
Odeio ter decorado o número do seu celular, odeio ter coragem para te ligar, odeio não conseguir esquecer aqueles números, odeio continuar a discar.
Odeio tremer e não conseguir dizer seu nome, odeio ouvir sua voz e me sentir bem.
Odeio a necessidade imbecil de uma foto ou um som seu.
Odeio ouvir músicas e pensar em você, odeio ver a nossa foto e pensar em você. Odeio assistir filmes e pensar em você... odeio pensar em você!
Odeio, ainda mais, não conseguir, além de ter a consciência disso tudo, te odiar!
Além de ser capaz de entender como você não é o que eu acho, além de saber que você é mais embalagem do que conteúdo... Além de saber que eu me enganei e muitas das suas qualidades fui eu que inventei, não consigo te odiar, às vezes o máximo é me odiar.
E quando, por fim, consigo começar, incrível como inexplicavelmente continuo a te amar.
Não entendo. Não entendo porque me importo, seja o fato de você não me dar a quantia exata de atenção que eu precisava ou o fato de você não me ligar quando eu esperava.
Não entendo porque me importo quando você não está por perto e porque o sinto mesmo longe.
Mas quando penso em todo esse ódio, me odeio pelo simples fato de não conseguir te odiar.
Não consigo entender porque além de não desistir de tentar te odiar, eu mesma insista em te amar.


(Ano de 2009 - Parceria com Natasha Valente)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O mundo ao qual pertenço.

Sabe quando você está em um lugar e de repente se pega pensando em como parece que você pertence àquilo, àquele lugar, com cada decoração que o completa e o enriquece devido a pequenos detalhes? E você sente como se estivesse bem - e muito bem, aliás - com tudo que estivesse a sua volta, como se tudo que te cercasse te desse o que precisasse? Risos, aromas, uma sensação de graça e estabilidade... tudo te faz flutuar em uma sensação realmente ótima, sem fingimentos nem esforços. E você olha para o lado, contra o vento, e ele tráz consigo uma imagem que te conforta a alma, fazendo reagir reações dentro de você que estavam em busca de esconderijos. Então você se sente fixa, fixa em um mundo onde tudo o que estava estável e gracioso até pouco tempo desmorona, e você percebe que pertence ali, àquela pessoa e somente à ela, com uma intensidade e condição tão forte, possíveis de serem confundidas com um fardo, um carma, qualquer coisa com ou sem explicação, quando na verdade se trata de simples paixão, ou algo mais complexo. E quando você perde de vista aquela pessoa, é como se você perdesse uma parte do seu próprio mundo, então ele fica incompleto e você se sente só, mesmo não estando, na realidade. Sabe? Sabe quando tudo isso acontece e depois você chega na conclusão de que, definitivamente, você pertence somente à uma pessoa e é só isso que você realmente deseja?

Críticas superficiais.

Se você cantar bem alto a música mais pedida da rádio, você é só mais um, e poucos criticam. É normal. Se você comentar que está ouvindo uma música não necessariamente da moda, mas de um cantor que não seja encaixado em um padrão "cultura mil", tudo bem, não vão falar nada. Mas experimente falar aos ventos que está delirando com uma música do Tom Jobim, dos Beatles ou Chico Buarque. Pessoas com pouca maturidade te atacariam de primeira, não se conformariam com isso, seria um absurdo, não é normal, você... você só quer fingir ser algo! Você pedir a um amigo que toque All My Loving no violão é querer mostrar para todo mundo que é culto por gostar de Beatles, mas ninguém fala nada se você cantou junto Taylor Swift. Experimente comentar sobre algum filme romântico, de preferência os mais clichês possíveis. Outro dia, comente sobre um filme histórico, de preferência aqueles comentados pelos intelectuais extremos. Você verá a diferença entre pessoas que sabem apreciar o bom gosto e lidam com isso de uma forma natural e até empolgante, com aquelas que sabem que estão longe de uma certa maturidade, seja intelectual, músical ou pscicológica mesmo, e acabam lidando com isso na forma de criticar tudo e qualquer coisa. Será toda essa revolta resultado de uma simples fome de cultura? Inveja? Será que as pessoas não podem criticar o que querem, elogiarem ou destruirem com argumentos válidos e serem levadas a sério e não terem que aguentar certos pseudo-críticos? Mas vão crescer. Esses revoltados vão amadurecer. Eu espero, sim, espero. Vão ler mais, observar mais, espero. E substituirão esse senso comum medíocre por um crítico válido e poderão enfim ouvir algo do tipo "Quero um CD do Hermeto Pascoal" e reagirem naturalmente, sem querer atacar, de um jeito que não fariam se ouvissem o mesmo mas sobre um cantor mais conhecido popularmente.

Só mais este dia.

Ele reflete coragem e fecha a porta. Sabe, com um toque, ser perdição de ambas partes. Envenena com seu sorriso e se encaixa no verde da grama. É diferente das formigas que são frágeis sozinhas e um exército quando juntas; confio mais no seu impulso, no seu instinto, na sua própria auto-defesa. Eu jurei que não ia mais reparar nos detalhes nem pausar meu redor para observá-lo. Jurei que não ia escrever mais sobre suas carcterísticas, seu comportamento ou seu olhar caleidoscópico. Mas me permito só mais este dia. Mergulho nas lembranças, me isolo de qualquer tipo de ajuda, ou voz, dramatizo. Saindo do quarto, já sei o que decidir. Deve ter algum remédio, um método que apague tudo isso e previna qualquer tipo de futuro ferimento. Me dê uma pílula, por favor.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Que seja dessa maneira.

Espero ser interpretada diferente, considerada diferente, receber uma intensidade diferente. Que o toque fique, que a lembrança seja nítida, que o cheiro retorne, que o beijo conquiste. Que não haja mais ninguém, que os planos mudem, que você volte. Que a cada palavra seja uma porta, que concordemos, que discordemos, que debatemos. Diferente de todas outras, vou voltar a gritar com você e, como você gosta, te confrontar. Vou te enfrentar, vou me impôr, vou ceder. E quero que seja do mesmo jeito, e do jeito diferente. E que não seja exatamente desse jeito, por mais que eu queira, por mais que eu queria que você queira. Mas que seja. Por favor, que seja!

domingo, 21 de novembro de 2010

Ela, de novo.

Vou falar um pouco dela, de novo. Ela era tanta coisa, que não seria justo escolher apenas algumas das suas características para defini-la; e era tanta coisa, que não teria como falar de tudo, cansaria rápido.
Pensava que conhecia-se. Seus gostos, ideias, limites... Até se encantar pelo improvável. Coisa difícil, sem sentindo ou fundamento. Já viu uma parede sentir? Um chinelo decidir? Uma coberta enxergar? Não soa infantil só em pensar nessas possibilidades? Mas era tipo isso. Como aconteceu? Centrada ela nunca foi, mas media sua loucura.
Um dia leu em uma revista científica que a ciência explica por que mulheres fazem escolhas idiotas quando se trata de homens. Isso a tranquilizou; era mesmo inteligente. Inteligente demais para tamanha burrice. Mas um tanto quanto inexperiente, inconstante, inconsequente, desleixada, despreocupada; agarrava o lhe vinha sem pensar nas consequências nem se importar com o gosto: doce ou amargo, queria arrancar a raíz dos sentimentos.

É assim;

É como se seus beijos nunca fossem suficientes. Digo, suficientes para a minha ânsia, meu desejo enorme por você. É como se a cada toque dos nossos lábios, acendesse em mim todos os mais ardentes sentidos, e como se eu tivesse que te devorar no mesmo instante. Assim, sem pensar, por instinto; puro desejo – algumas amigas minhas preferem vodka pura, mas eu ainda prefiro esse desejo puro; ardente e forte da mesma forma, viciante também. Mas, ainda assim, nessa tentativa de devoração, a cada fôlego perdido, batimento acelerado, desejo sendo consumido, parece-me que procuro algo. Como se eu tivesse que por obrigação encontrar algo que estivesse escondido em sua boca. Nos seus lábios, na sua língua, mais a fundo, não sei onde, mas a cada segundo de beijo sinto com mais intensidade que tenho que encontrar o oásis. É como se eu precisasse beijar os seus beijos, se não for tão difícil de entender. É como se, a cada beijo nosso, eu precisasse de mais. Desperta um desespero aconchegante, atração no significado da física. É como se, enquanto nos beijamos, eu mergulhasse na tentativa de encontrar tesouros no fundo do oceano. E por mais que você me mostre um navio subterrâneo lotado à ouro, eu ainda tivesse que ir mais a fundo, pois procuro algo e tudo que você me oferece ainda não é o procurado.
Talvez, quem sabe, tudo isso seja algo simples. Ou simplesmente estranho. Acho que te amo tanto e amo tanto o que há dentro de você, que seu o seu corpo se torna insuficiente. Quero ir a fundo e mais do que amar seus braços e amar beijá-los, amar seu rosto e seu corpo todo e gostar do seu físico, amo seu interior. Deve ser isso, visto que sempre fui apaixonada por sua sabedoria e cultura e inteligência e graça e moral e personalidade e comportamento e simplicidade e todas suas características. É como se eu precisasse sentir tudo isso, como se meus beijos precisassem chegar até tudo isso, não limitamente ao seu corpo e à sua beleza; como se eu queresse beijar tudo isso. Assim, como uma apaixonada que quer te beijar, mas beijar você "mesmo".

sábado, 20 de novembro de 2010

Como amiga e como mulher.

Garota sorridente, mulher que se valoriza, menina de família; que gosta de ler e ainda é boa em matemática! Tímida e quieta, simples, extrovertida com quem merece e a cativa. Gosta de música e prefere o acústico, fã de violão, cenário de praia, pôr-do-sol e uma fogueira ao som das cordas. Amante de uma boa conversa, do frio, da chuva, do filme e do chocolate. Não banaliza o amor, poucas pessoas a encantam. Explícita no papel, amiga do piano, fã do solo e dos Beatles. Gosta da natureza, dos animais, especialmente do seu cachorro; de surpresas, de aventura e do Inter. Fotografias, abraços, tudo que gosta, agarra. E tudo que não gosta, apenas dispensa. Não se limita em discrições e por isso nem tento defini-la. Sei disso e sei de muito mais, das suas preferências e das suas ideologias, gosto dos seus conselhos e das suas graças. Te admiro como amiga e como mulher! E te amo.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Quantas vezes.

Sinto pelos outros. Fico feliz por saber que quem gosto está feliz, fico feliz ao ver o brilho nas palavras, a intensidade forte da alegria de alguém querido. Fico triste quando quem gosto está triste. Quando percebo um olhar cabisbaixo, uma palavra fria, uma atitude diferente. Choro quando vejo quem gosto chorar e temo quando ouço sobre seus medos. Não sei se é um valor, algo bom, especial, ou se bobeira, defeito, devo mudar. Mas sei que me toco e sou sensível em relação à quem tem forte importância para mim. Esqueço os laços, não é porque faz parte da minha rotina de convivência ou tem o meu sobrenome que vou me importar. Mas quando me importo, quando conseguem de mim a confiança e o apego, viro sensível a cada sentimento desse conquistador. E quantas vezes até por pessoas que não sabem. Quantas vezes me confortei pela alegria de quem nem sabe o quão bem me fez só por algumas palavras sinceras, soltas pela felicidade, ou sorrisos sinceros que simplesmente escapam e ninguém percebe? Quantas vezes chorei por ser atingida pelo que acerta outro alguém. Quantas vezes.. quantas vezes pensei nos motivos, na segurança, no medo, nas dificuldades, nas situações fossem elas quais fossem. E quantas vezes sentiram isso por mim?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Opções.

Queria ser fixa. Sem andar, sem correr, sem cair. Mas essa vontade passa e eu prefiro cair porque eu prefiro me movimentar. Tenho opções. Posso te ligar só para ouvir a sua voz, ou esperar a sua ligação. Podemos não nos falar. Posso voltar para aquilo que eu já tinha decidido superar, ou me desfazer de todas as lembranças. Posso voltar para a minha cidade natal, esquecer de tudo e todos, de tudo que sofri e de todo sentimento que alimentei por este ano, de todas as pessoas que instalei em minha vida e não devia. Posso começar uma vida nova, mas não é muito novo quando algo velho faz parte disso, né? Posso me arriscar mais uma vez, mas seria tão doloroso... E eu já conheço a dor que viria depois e no dia que deixei de sofrer, decidi não voltar mais para o inferno. Estava bem longe do fogo. Posso ficar quieta, só esperando as coisas acontecerem, mas isso seria ceder ao comum, ao normalismo, à uma ideologia diferente da que carrego comigo. Deixar de ser à pele toda a minha personalidade, poderia me trazer danos no futuro. Mas foda-se. Poderia, faria, talvez, quem sabe... estou cansada disso! Agora eu quero é que me procurem e procurem tudo que eu possuo em cada parte de mim, desde o espírito aventureiro à caracterstica do intenso. Eu não quero e não vou mais pensar nas opções.

Tanto medo, tanta raiva.

Eu tenho tanto medo disso não passar. No fim, parece que nunca passou, nunca superei, a maré apenas acalmou. Eu simplesmente amadureci, eu compreendi que era o fim e que não restava nada a fazer. Me encontrei no lugar que estava, e foi bom, pois tirei da minha cabeça todas aquelas ilusões de estar sempre um passo a frente, quando, sempre, na verdade, eu não estava. Eu nunca estive em nenhum lugar, eu nunca estive para você, nunca na sua frente, nunca para você. Eu estava realmente feliz por ocupar meus pensamentos com outras pessoas e outros problemas, mas isso se trata apenas de substituição. Superação, o que tanto me esforcei para no fim conseguir dizer, sinceramente: "consegui", nunca aconteceu. E eu tenho tanto medo de nunca conseguir. E o meu lado racional entende que eu ainda tenho muito a viver, muito a conhecer e muito a descobrir. Mas eu tenho tanto medo de uma parte sua ter colado em mim e eu não conseguir arrancar por nada nunca! E é nessas horas, depois de um considerável tempo pensando que eu estava bem e que tinha superado de uma vez por todas, que tenho tanta raiva de falhar. Me sinto inútil. Fraca. Eu não devia ser assim! Eu devia ser sincera quando dizia me importar mais com outro. Mas isso é temporário. Eu tenho tanto medo de acabar sempre voltando para você... e você? Faz isso de propósito? Ou eu sou realmente louca? Porque todas suas evidências não podem ser interpretações erradas minhas, eu sou boa em interpretação! Você não é um cálculo, se fosse, aceitaria logo não entender e desistiria de uma vez, como sempre faço nas exatas. Mas você é tão decifrável e indecifrável, é uma mistura de histórias com caracteristicas, que se fundem, tornando sua personalidade cada dia, com cada experiência e palavra solta de sua boca, mais incrível. E eu tenho tanta raiva em sair do equilíbrio quando você, com todo seu estilo e perfeição sem ao menos tentar ser perfeito, passa por mim; ou passa longe, mas o vejo. E tenho tanta raiva dessas recaídas ridículas e um tanto quanto infantis, admito. Tanta raiva dessas lágrimas corridas sucessivamente, uma atrás da outra; e tanta raiva de colocar música e tanta raiva de escrever. Tanta raiva de ter deixado esse sentimento tão absurdo e lindo e sem sentido e inútil crescer!

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Preferi assim.

Depois de refletir e lembrar de todos os meus casos, meus amores, meus erros e minhas decepções, decidi voltar atrás e falar com ele. Aquele com quem eu não tinha aceitado me envolver, mas ainda assim me envolvi e houve histórias, um caso, erros e decepções. Enfim, eu preferi assim. Preferi tentar de novo, mesmo sabendo que pode ser que ele me machuque, mesmo estando um pouco óbvio o final da história e que haverá uma próxima decepção. Mas eu preferi assim, porque eu prefiro ser iludida por alguém do que por mim mesma. Eu cansei de me auto-destruir, prefiro deixar com outro essa tarefa. Seja egoísmo, seja mais um outro dos meus constantes impulsos, seja que amanhã eu mude de ideia. Eu cansei de sempre escrever histórias sozinha e decorar minhas próprias decepções. Que seja outro que o faça, agora.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coisas.

Caipira, antiga, hippie, louca, brega, furacão, música, livros, doces, natureza, preto e branco, amores impossíveis, telefones com fio, máquinas de escrever, saltos fechados, roupas cós alta. Por favor, apenas 5 minutinhos, fique quieta se não ninguém consegue falar! Nunca tive algo que realmente fosse meu, exceto meus CDs. Chiclete, travesseiro, interpretação de textos. Sede e água, fome e fritura, medo e coberta. Pessoas e crianças, sorrisos e gritos, ecos, verdades soltas na inocência. Acreditar e ser o que acredita. Se render a cada pequena prova do dia-a-dia, não se acomodar, não deixar de moldar seu caráter. Coisas que acredito, coisas que sinto, coisas que procuro. Café da manhã só se com suco de laranja, música se a voz for sublime, crença só se sem fundamentalismo. Aprender a não criar expectativas mas não deixar de esperar. Esperar pelo melhor mas não necessariamente pelo sensato. Esperar em ação, agir com razão, racionalizar com emoção. Entender textos devido ao que te convém, ser egoísta mesmo e em certos momentos só pensar na sua situação e não na do escritor. Ler e se confortar, amar e ser amado, ou, no meu caso, apenas amar. Aceitar não poder ser amado por um leão, por um peixe ou por uma simetria.

domingo, 24 de outubro de 2010

Conceitos.

Uma vez que alguém assume ter um conceito, inevitável, direta e consequentemente, já assume achar que isso seja o certo. Se não, não faria sentido. Ninguém optaria por viver em uma mentira. Porém, quem já passou por experiências e amadureceu independente do porquê, entende que conceitos podem variar. Às vezes, se fortalecem e aprofundam, outrora, se perdem em diversas direções. Mas no meu modo de pensar, devemos pensar. E conhecer outros pensamentos, porém não julgá-los com razão ou não. A verdade absoluta é uma questão de fantasia, criada pela sede do homem de estar por cima em qualquer debate. Apenas há concordancias e discordancias. O seu modo de olhar uma árvore é diferente de outro e igual à muitos. Cabe a cada um só a busca pelo conhecimento, sem medo de pedir ajuda externa, sem julgar o fato do outro pensar diferente. Normal você não achar aquele modo certo, normal você preferir as suas ideias, ainda mais caso forem muito distintas. Mas inútil rotular quem não acredita no rótulo; todo seu esforço de julgamento é despercebido.

Eu sou, eu acho.

A vida é muito e é pouco. É extrema e peculiarmente bonita e contestável. É extrordinária mas tão limitada! Temos uma capacidade insuficiente para explorá-la consideravelmente. E é tão belo o jardim! O jasmim! A crença no querubim! O fato de haver tantas diferentes perspectivas. É tão belo como o simples é tão complexo! Falo da caída da chuva, do choque da gota na grama, das relações harmônicas ecológicas. Dos mistérios da natureza, do universo. Da psicologia, dos sentimentos, especialmente quando sentidos intensamente à flor da pele. Uma música, uma nota, um tom. Eu acho magnífico. E eu gosto de espalhar essa ideia. Eu acho muitas coisas, sou composta por átomos e por conceitos. E do modo que cada átomo meu é constituído de algo, o mesmo acontece com os meus conceitos. Sou o trovão e a brisa na sua companhia. Sou o berro do urso na sua ausência. Sou o barulho da onda arrastando a areia e dando ênfase a cada grão, quando deslizo as mãos em cada botão da sua roupa. Sou a grama pisada quando ignorada por alguém e a formiga esmagada por um gigante pé humano egoísta quando por você. Sou diferentes instrumentos em diferentes situações. Sou paino, flauta, trambone, bateria. Eu acho interessante quem vira a noite lendo e impressionante quem vê arte em arte. Eu penso mais a cada dia, entendo mais a cada dia, mudo mais a cada dia. E é tão clichê dizer isso, mas eu acho que clichê é a última coisa que sou. Eu sou estações porque sou mudanças. Eu sou o laço na cabeça porque eu sou fã dos anos da brilhantina.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Gostei do que senti.

De repente me perco entre as palavras do livro e não consigo mais ter em mente os acontecimentos do que leio, e sim só o rosto do defensor do rock'n'roll. Por um minuto olho o celular e espero que toque, mas logo acho melhor que não, e espero que toque mais tarde, quando eu já estiver dormindo. Gracioso seria acordar e descobrir de uma forma diferente a sua vóz. Por um instante, as reações do meu corpo se tornam mais rápidas, parece que tudo acontece de uma forma diferente, dentro de mim. Gosto dessa ansiedade, dessa alegria e dessa insônia. Gosto de como ele faz eu querer me conhecer mais e conhecer o que me faz ser o que sou. Gosto da ideia de nós dois juntos, gosto da possibilidade de trabalhar em uma conquista. Gosto das palavras sinceras dele, por mais tardias que sejam. Gosto que ele saiba quem eu realmente sou e dizer o que acha sobre isso. Só não gosto de algumas coisas como tempo, distância e um certo nome feminino. Mas gostei de uma pessoa ter me feito bem por algumas palavras. Gostei de coisas que senti no momento em que pensei que não podia mais sentir nada, independentemente dessas coisas continuarem ou não em mim.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Amizade.

Um sentimento chamado amor e que neste predomina os sentimentos mais difíceis de se encontrar hoje em dia. Confiança, admiração, respeito e afeto são umas das muitas coisas que sinto fielmente por você, e que continuarei sentindo. Se existe destino, ele que nos uniu, se não existe, sei que foi alguma força, pois não é comum encontrarmos amizade tão bela assim como a nossa. Não digo perfeita, não, nossa amizade está longe de ser perfeita. Isso seria muito irreal e falso. É uma amizade que independentemente de todas as imperfeições, se fortalece, se enche com mais luz e energia, a cada dia. Sei que com palavras é árduo o trabalho para explicar sentimentos verdadeiros, mas tento um pouco. Por exemplo, fazer você entender que é importante para mim é necessário. Não importa o esforço, seja por palavras ou atitudes. Apenas precisa saber que ocupa grande espaço em meu coração e que é intensamente essencial para mim. Não precisamos provar nada para ninguém, apenas quero que VOCÊ saiba; eu te amo.

(Ano de 2009)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Vontade.

Eu só queria que você falasse que estava a caminho. E mesmo fisicamente incapaz, eu iria a seu encontro. E não importava o lugar, o horário, as condições que fossem impostas. Não importava as consequências que provavelmente eu iria enfrentar depois, não importava o meu estado, mais sério com certeza era a minha vontade maluca de te ver. E eu só precisava disso. Eu deixaria o edredom, os remédios e a acomodação em casa, só para te ver. Era tudo que estava na minha cabeça naqueles dias; não tinha mais espaço para nada além de você e as bandas que eu apreciava no SWU pela TV. E você não veio. E não avisou, e não veio depois explicar o porquê, não veio de nenhuma forma. E isso só aumentou a minha vontade de você. Aumentou a vontade de sentir seu cheiro, de abraçar seu peito, de ouvir a sua voz e a sua respiração, provar sua jaqueta e seu beijo. Estou enlouquecendo ao querer essas coisas e acho que tudo bem, pois você é a única pessoa que gosta do meu jeito louca de ser. Vamos ser loucos juntos, vai. Pegue o carro e venha, mas venha de verdade desta vez...

Confortável.

Eu sempre fui impulsiva e é de minha natureza não conseguir controlar meus sentimentos. Desequilibrada, esparolada e exagerada, eu sei. Dona de sentimentos intensos que adoram chegar de surpresa. Confesso que não esperava isso, não tão cedo, não com você. Mas, como de costume, minhas paixões não tem aviso prévio, nem ao menos indicam que estão se instalando. Não há sinal amarelo para eu prestar atenção e muito menos vermelho em situações mais extremas para eu parar de uma vez. Simplesmente, e simplesmente mesmo, sem a menor complicação, eu senti alguma coisa diferente. O dia era outro e eu já não sentia vontade de chorar; o ar era outro e eu conseguia respirá-lo sem me sufocar; o cheiro era outro e eu já percebia os sentimentos de culpa e frustração abandonando meu corpo; a noite era outra e ela não estava mais tão fria, independente da temperatura; meus planos eram outros e nisso não se incluia aqueles impossíveis. Era uma sensação renovada. O fogo ardia sem queimar, o corpo perdia sem desnutrir, as emoções batiam sem destruir, eram fortes e faziam bem. Depois de um tempo considerável, eu me senti bem. Era estranha e deliciosamente confortável.

Sozinho.

Engraçado ver agora que você realmente está sozinho. E não venha dizer que sempre esteve, eu estive à sua disposição, todo esse tempo. E você nunca esteve sozinho. Tinha alguém que te observava, acompanhava, se importava. Alguém que fazia independentemente de qualquer condição, circunstância, fato. Alguém que esteve parada, e quando seguindo algo, isso apenas sendo os seus passos. E se você quisesse chorar, desabafar, desmoronar, enlouquecer, banalizar, exibir... meu maior e único desejo era estar lá. Eu esperava sem pressão por palavras, carinhos, beijos, uma e qualquer aventura... sempre que você quisesse qualquer coisa, eu toparia. Agora, hoje, neste exato momento, o máximo que poderia te oferecer seria uma conversa. E isso porque eu adoro conversar e eu sou muito legal. Então, se um dia acontecer de você querer falar dos motivos daquela tristeza na qual um dia eu depositei tanta curiosidade, apenas por eu ser muito legal, eu ouviria. Como ouviria de qualquer outra pessoa, como me faria bem ser legal com alguém sendo qualquer esse alguém. E isso sim significa que você está sozinho. Pois eu não vou mais te procurar. Eu não vou mais me preocupar com seus olhares tristes e seu andar cabisbaixo, eu não vou mais comprar brigas, perder oportunidades, investir em conhecer suas razões. Não vou mais ser detalhista com você, não vou mais ligar, não vou mais perguntar nem comentar. Porque já não me interessa. E eu era a única que se interessava de verdade e você devia saber disso. E agora você está realmente sozinho. E agora eu tenho um cara que me quer e eu quero esse cara. Mas antes eu não me importava e não o dava uma chance, porque eu estava ocupada demais escrevendo para você e olhando para você e respirando para você. Mas você disse para eu viver a minha vida e eu estou agora muito feliz em perder a minha noite por pensar em outro cara e só escrever isso às quatro da manhã porque eu perdi o sono vendo a foto desse cara e só lembrei de você e comecei a pensar nisso tudo porque é de lei vir à sua cabeça qualquer e toda coisa quando você começa a refletir constantemente sobre um assunto abrangente e geral. E você está sozinho. Talvez não fisicamente, talvez com alguma aí, típico e provável, mas sozinho do modo que ninguém quer estar. Sozinho de dedicação e profundidade. Sozinho do jeito mais frio.

domingo, 17 de outubro de 2010

Poço.

Eu só não sei se fico feliz por conseguir sair daquele poço tão fundo e tão escuro e tão triste e tão vazio e tão gelado cuja profundidade parecia não ter fim e eu já tinha até uma certeza de que jamais sairia de lá e só me restava fazer amizade com o eco, e agora me entrego de corpo e alma me jogando ao novo buraco que me tenta, sem medo de ele ser um poço disfarçado como era de princípio o anterior, e sem medo da profundidade e de só me restar o eco no final, também; ou se aprendo com a experiência e agora me quieto, sejo sábia e me distancio de qualquer armadilha que possa me puxar para um poço; pois começa assim, eu caminhando feliz em direção ao que me convém, e acaba que eu me encontro em uma areia movediça e simplesmente não me resta nada a fazer a não ser afundar.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para este momento.

Tá, então você fique com ela se ela for realmente o que você procura em uma mulher. Se vulgaridade te empolga, mesmo que seja exposta não só para você mas também para seus amigos e até desconhecidos. Se para você tudo bem qualquer um ver os peitos da sua namorada. Se para você tudo bem não ter a certeza de ser o único. Se para você tudo bem, porque ela usa óculos redondos e diz gostar demasiadamente de rock'n'roll. Tudo bem se ela é o tipo de mulher que você quer, a do piercing, da tatuagem, da cerveja, do cigarro e da maconha. Se for ela o seu tipo de menina preferido, se você espera por um modelo como o dela para sua namorada, então aproveite e ouça muito Pink Floyd com ela, seja ela entendendo a essência da banda ou não. Comente muito Bob Marley com ela, já que ela tem uma tanguinha das três cores e faz tanta questão de mostrá-la para todos! Mas... se ela não é, mas beija bem, transa bem, ou faz qualquer coisa bem, e você um dia cansar, e quiser quem você realmente considera sua menina preferida e para algo sério, e vier atrás de mim; se não passar muito tempo e a espera não me cansar e desiludir como já fez outras vezes, quem sabe algo flui. Te empresto meu livro do John Lennon e discutimos sobre; em algum aniversário, te compro de presente um livro do The Doors que um dia vi na livraria e sucessivamente lembrei de você; eu ouço mais do que sobre música, ouço você falar qualquer coisa, asneira ou revolta, problemas ou histórias. Mas desta vez, vou tentar ser diferente. Ser diferente de todos meus modos de lidar com qualquer tipo de relacionamento, diferente de mim quase que por inteira. Não acredito em destino, alma gêmea e uma única pessoa certa para cada outra. Mas acredito em uma pessoa certa para cada momento. E desconheço o motivo, mas algo está tendenciando à encaixar você nesse papel para este momento. E se você realmente for, a sua vou ser eu, e não aquela que pede para permanecer ao seu lado em inglês.

História Antiga.

Entre no seu carro antigo, ligue o rádio e ouça o seu Rock Clássico. Ela está quase pronta. Saia do carro, fique em pé ao lado carro, vire para o carro, alize o carro. Ela está passando perfume. O cenário é todo preto e branco, o homem é Grease e a mulher usa saia alta. Entre na casa, homem, e grite que vão chegar tarde ao teatro se ela continuar com a demora. Assim, ela já aparece na escada. Você a olha e se encanta, ela é sua, pode se encantar; e você agora vai exibi-la para seus amigos de profissão e de baralho. No teatro a peça é curiosa, porém os brincos e colares e pulseiras da sua mulher são mais atraentes. Alguns olham, comentam, outros somente olham. Vocês assistem à peça e voltam para a casa. Você percebe o tédio no olhar da amada, quer satisfaze-la, mas não adianta abrir a carteira, ela quer mais. Ela quer passar medo, seus olhos imploram por aventura, seu sorriso malicioso te convida para o improvável. Tranque a casa, abra a porta do carro para ela e saiam sem rumo. Ela está feliz, sente que seu desejo foi descoberto, adora a velocidade com que o vento agride seu rosto e os beijos repentinos que ganha de você. Está aprendendo, homem? Ela não vê valor em exibir beleza aos quatro cantos, ela vê valor em estradas ao cenário escuro da meia-noite enfeitados pelas estrelas. Ela não quer chão, ela desliga o rádio por um momento e quer conversar sobre besteiras, rir por nada, te dar tapas e amassos. Ela fecha a cara, fica séria, quer ouvir você falar coisas inteligentes para se apaixonar ainda mais. Voltem para casa e não deixe a aventura do outro lado do portão. Impressione-a no jardim, divirta-a na cozinha e brigue com ela antes de dormir mas depois acorde-a beijando-a. Ela quer sair da rotina com você e você sabe que adora esse espírito neurótico e excêntrico que ela carrega em seu corpo. Então valorize, homem. Faça-a sentir valorizada, ensine a ela o seu valor. Elogie e diga sempre, em qualquer vão momento, o quão se considera sortudo por alguém tão guerreira e de bom coração e de loucas ideias te fazer companhia, te tirar o sono, dormir ao seu lado. Não deixe-a tremer de tristeza, abrace-a forte e lute contra seus inimigos; é o mínimo que pode fazer por quem trouxe alegria à sua vida. Homem, esta história é antiga, mas continua a se repetir na modernidade...

Conhecer.

Pois bem, eu quero te conhecer, ele disse. Mas quero te conhecer pela essência. Te conhecer eu já te conheço, mas eu preciso te conhecer. Preciso saber se você ri com som ou não, se grita na rua, se é meiga com palavrões, se do nada começa a cantar, mesmo com gente perto. Se fica nervosa com um elogio, se seu perfume é doce ou floral. Preciso concretizar diretamente meus conceitos ou modificá-los antes. Mas preciso. Preciso te conhecer por essência. Preciso conhecer um pouco mais da maravilhosa e intensa e corajosa mulher que sei que há dentro desse corpo, conhecer um pouco mais das ideias que se abrigam por debaixo desses cabelos castanhos-caju. Conhecer, conhecer, conhecer. E o que vier depois será consequência.
E ele conheceu e descobriu. Que o perfume dela era doce, mas às vezes usava floral, que ela grita e passa vergonha não importa onde esteja, o que leva as pessoas a a apelidarem de louca, que ela canta do nada, e ainda dança. E há coisas que só se descobre depois de alguns encontros, tipo, o modo de beijar. E ele descobriu.

Uma graça.

Acho incrivelmente corajoso da sua parte vestir esses calçados em público, e acho incrivelmente bobo seus sorrisos em horas inoportunas, mas continuo sorrindo junto. E odeio quando bebo e lembro de você, quando uso pessoas e firo sentimentos devido à minha mania estúpida de pensar que assim posso te esquecer. Mais ainda, odeio a sua aliança com as caixas de cervejas e a minha constante dúvida de se você já pensou em mim, pelo menos uma noite, em qualquer bar, por qualquer motivo, mesmo que bêbado. Não gosto de todos e qualquer assunto relacionado à faculdade que você cursa, mas não tenho coragem de te dizer o quão entediante isso tudo é para mim; no fundo, acho até uma graça. É a profissão mais linda, com certeza a mais linda. Tudo que vem de você é lindo, tudo que você passa para mim em um encontro ao abraço, em um beijo ou em uma briga e tudo mais, é lindo. É lindo e ultrapassa a definição de lindo, porque nem todo mundo te acha lindo. Eu sei, loucos eles, não?

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Conto [5]

Quer um pedaço? Ele ofereceu à menina dos olhos tristes refletidos no lago. Não, obrigada. Acompanhando a maré, respondeu ao menino da blusa de frio escura. Vamos lá, depois eu pulo de novo para dentro da casa 47 e pego mais; o problema é que só tenho esta, mas quero te oferecer. Não, obrigada. O que você quer, então? Quero ficar aqui. Não acho uma boa ideia. Por quê? Fico preocupado com você, está frio, você deve estar com fome e não quer um pedaço. Como resposta, só um sorriso logo apurado seguido dos olhos arregalados da menina. Não entendi. Nem eu. O que foi? O quê? Um silêncio. Acabou o silêncio quando começou a tocar as sinfonias dos insetos como plano de fundo. Como de costume, em situações dessas, eles trocavam de assunto rapidamente. Viu, o que cai mesmo na prova de matemática? Os dois nunca foram tão amigos. Para ele, desde o primeiro dia de aula da primeira série, ela era só uma menina cujo cabelo refletia o sol e ao luar eram mais negros do que como os que imaginava sendo da Iracema quando lia o livro na escola, ao lado dela, aliás. Para ela, ele era o menino mais lindo do mundo, desde a quinta série, quando tirou o aparelho. Mas ele não sabia disso. Nem ela de que ele gostaria de fazer tranças em seus cabelos todos os dias de manhã, e apenas observá-los, soltos, todos os dias, à noite, enquanto viam as estrelas e conversavam com os pés no lago. Me perguntaram por que você anda comigo, disse o menino com medo da resposta, então com os olhos fixos na grama onde estava sentado. Como assim? Não vou te responder isso. É algo ruim, então. A menina levantou-se para ir embora, devolveu-lhe suas luvas e deu-lhe um beijo da bochecha, como de costume, todos os dias, todas as noites, exceto nos feriados devido às viagens de família. Entrou na casa e começou a escrever no seu diário. Ela sabia que não tinham perguntado nada à ele, ele é que queria saber. Mas ela também tinha vergonha, e em vez de responder a pergunta informando-o de todos os porquês, que não eram poucos e muito menos ruins como ele pensou, mesmo que olhando fixamente para qualquer árvore ou até para a mesma grama que ele, ela preferiu fugir. Como quando começou a fazer desde a sétima série. Mas escreveu tudo no seu diário, como fazia desde a oitava. Foi se deitar, mas antes fechou a janela e acenou para o vizinho. O menino mais bonito da classe no fundamental, o mais engraçado colegial, o mais popular na faculdade. Mesmo depois de anos, a mesma grama, o mesmo lago, os mesmos acenos antes de dormir. Mas agora com direito a mensagem no celular de boa noite. Mas agora com benefícios. Antes o menino pulava cercas, roubava amoras. Antes conversavam sobre provas, ele emprestava luvas. Agora trocam beijos, e continuam amigos. Agora bebem e vão para festas, mas continuam terminando as noites no mesmo lago. Tem dias que dormem juntos, e sentem saudade de fechar a cortina. Tem dias que eles se separam, mas continuam amigos. Quer um pedaço? Ofereceu uma amora o homem de 24 anos à menina dos cabelos mais bonitos do que o da Iracema.

Meu papel te rejeita.

Preguiça de pressionar a caneta sobre o inocente papel. Agora, escrever de você é como se machucasse cada página, como se pusesse sobre cada linha um peso gigante, que causa feridas profundas, capazes de incapacitar o futuro reciclamento. Sinto como se as folhas me falassem que você não é digno de estar ali, em cada simetria dos meus versos. Como se avisassem para eu mudar os pretéritos, os donos dos sentimentos que esbojo a cada rascunho.
Agora não são mais meus amigos ou parentes que me alertam. É a escrita, que me conhece mais profundamente do que meu próprio encéfalo. É o papel, meu maior confidente e melhor amigo. É o meu incentivo para a escrita, a minha impulsividade diante da expressão por via das palavras, meu mais seguro refúgio. É onde me encontro que sinto ter que te perder.

Erro meu.

Talvez foi erro meu. Erro de ter acreditado em uma história, erro de construir, sem bases sólidas, um script. Talvez foi erro tentar, tão persistentemente, me aproximar de você e de tudo que te acerca.
Quem sabe se eu não fosse tão esperançosa!... Talvez as chances seriam maiores, se eu simplesmente deixasse serem. É, talvez. Talvez eu me precipitei várias vezes. Talvez eu exagerei. Talvez eu quis aparecer. Pra você. Talvez eu fugi. De você. Talvez foi um erro. Tudo. As sufocações, os medos, as ligações, os encontros, os olhares, as evidências; talvez eu forcei, talvez eu exagerei. Talvez eu quis desafiar o tempo e dizer: "Viu? Eu sou mais rápida! Eu sou mais capaz!" Talvez eu quis provar para mim mesma e talvez até para todos que duvidavam. Talvez para aquela canção que, de uma forma estranha, resumia nossa história. Ou minha história, pois talvez eu construi, sem bases sólidas, um script. Talvez você foi só um figurante. Ou talvez a personagem principal.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Sou eu.

Ela não deixou de dormir. Ela não chorou ao ouvir falarem que te viram chorando. Ela não voltou depois que você foi. Ela não admira o trabalho e esforço do seu irmão. Ela não quer saber dos motivos e das paixões da sua irmã. Ela não tem curiosidade e vontade de conhecer seu outro irmão. Ela não quis ser amiga da sua mãe. Ela não quis ser querida pelo seu pai. Ela não quis ouvir as histórias dos seus avôs. Ela não quis ir ao Morumbi com você. Ela não quis passar o tempo no seu sítio. Ela não quer fazer parte das conversas de fins de anos das suas primas. Ela não quer te acompanhar nas visitas à sua mãe, nos finais de semana. Ela não sentiu algo ao entrar no seu carro. Ela te olha, não te enxerga. Seus lábios, para ela, são banalizados pelos beijos. Seu perfume é só mais um cheiro importado. Suas roupas se limitam em estilo. Isso vale para ela e para qualquer outra. Para aquela com quem você terminou há pouco tempo e para aquela que está no seu sofá agora. Inclusive para aquela que você ainda vai beijar. Menos para uma. Pois uma é diferente, uma se importa, uma sentiu e sente tudo isso. Só uma é idiota o bastante para continuar te querendo de um jeito tão improvável. Uma que não teria vergonha de assumir. Não teria vergonha de te assumir. De assumir tamanhos sentimentos, sentimentos por você. Uma única que não teria vergonha de falar: sim, sou eu.

sábado, 25 de setembro de 2010

Conto [4]

A menina da cidade pequena não se acostumava com aquela grande capital, não se acostumava com a constante mudança e a normal confusão. Diante de tantas pessoas, tantas vozes e tantas luzes, só conseguiu enxergar uma em sua frente. Pela primeira vez ela se sentia capaz de alcançar o que queria, quando bem queria, quando estava perto do loiro pelo qual se apaixonou. O céu não era o limite, o céu ainda era pouco, ela conseguia ir além enquanto trocava sorrisos com o futuro ex-namorado. Na sua cidade, as coisas eram diferentes, eram mais lentas e cuidadosas. Além de tudo estar acontecendo muito rápido, um dia ela acorda diferente de quando foi dormir; com um sentimento a mais, preenchendo uma alma tímida e perdida, que tinha o maior medo de sair do corpo em direção ao mundo. Foi se tornando melhor amiga, confidente, conselheira. Ouvia histórias enquanto apreciava o sorriso, não entendia as reclamações, apenas fingia, pois se perdia na voz sublime do novo amigo. Começou a se sentir vulnerável e então, amedrontada, colocou-se na posição de tomar a atitude mais fácil, que seria esquecer, antes mesmo de se comprometer. Não conseguiu, era inocente demais para já ter sucesso se enganando no amor. Foi o primeiro amor. E durou. Por um tempo, claro. E como todos os primeiros amores, acabou. Mas ela levou mais do que um ex-namorado como história, levou amadurecimento e, de verdade, cresceu. Com o segundo ex-namorado, moreno desta vez, foi tudo mais intenso e duradouro. Também acabou. E ela também aprendeu. Ela tinha um ritmo diferente da grande cidade. Às vezes voltava para a casa da mãe quando tinha uma discussão, ia para a casa da vó para chorar e pedir conselhos - sim, acreditava na experiência dos mais velhos, abraçava o avô para sentir o cheiro do charuto e perder as preocupações na fumaça. Às vezes se sentia uma criança indefesa, mas ela só era uma menina da cidade pequena. E o próximo ex entendia isso. Mas só entendia porque ela entendeu antes. E para isso, foi preciso dos dois ex anteriores.

Você continuou comigo.

- Te amo.
- Te amo mais.
- Ama nada.
- Claro que amo.
E blá, blá, blá. Nos amamos. Basta, né? A intensidade é a mesma. - Ou não, eu amo mais. A confiança é a mesma. O carinho é o mesmo. A dedicação é a mesma. Temos ciúmes nos mesmos momentos, compreendemos as mesmas justificativas, conhecemos os mesmos olhares, e o mais importante, compartilhamos as mesmas histórias. Sim, você tem outras histórias, as suas, com outras pessoas, sozinha, com sua "cã" e com seus ex-namorados. E eu tenho as minhas, algumas sozinha, outras com outras pessoas, e várias com meus possíveis ex-namorados mas que nunca foram meus namorados. Mas eu conheço as suas histórias e tenho medo da sua "cã", dei conselho pelo telefone enquanto fazia bicicleta e ouvi a história do canalha do seu ex. E você ficou perplexa com as minhas histórias, com o quanto eu sou louca e com como podem certas coisas acontecerem comigo, sendo que só acontecem em novelas. - mexicanas -. Eu lembro do seu antigo apartamento, de onde ficava o nescal, do varal e do microondas, no qual fazíamos pipoca amanteigada para assistirmos a filmes, sem nos importarmos com o fato de a sua mãe ficar uma fera por você impregnar a casa com aquele cheiro de manteiga! Eu sei do seu estilo para comprar Jeans e você do meu para cremes. Você me ajudou a descobrir a minha identidade, você lembra de mim rebelde, você me viu crescer. Você me incentiva, enxerga e valoriza os meus talentos. Você ficou triste quando nossos destinos mudaram e não nos encontrávamos mais com tanta frequência. Não me ver mais diariamente te abalou. Mas você continuou comigo. Minha família lembra de você, e sente falta de você aqui em casa. A sua família lembra de mim e sua mãe me deixa recadinhos fofos no Orkut. Você não se esqueceu, você ligou, você deixou recados, você se interessou pela minha nova vida e minhas novas histórias. Passaram anos e você continua aqui. Um dia eu li: "Quem tem que ficar, fica." E hoje eu percebi que você é a maior prova de que essa frase é verdadeira.

Conto [3]

Ela gostava de tomar café. Então ela foi à uma cafeteria. Ela conheceu um moço, lá. Na verdade ela não o conheceu, pois quando conhecemos alguém, sabemos o nome da pessoa, o tom de voz, algumas informações básicas como idade, profissão e interesses. E claro, estado civil. Nada. Ela não sabia nada. Era um dia, em uma mesa, olhando para o lado, e olha! Ali estava ela fascinada por alguém que não conhecia. Não era um dia comum, o céu estava pintado de cinza com tonalidades de pastel. Não tinha o mesmo cheiro de cidade urbana, a chuva tinha chego na noite passada depois de um grande intervalo de tempo sem aparecer. As pessoas não estavam comuns, estavam mais bonitas, parecia. Dizem que no frio as pessoas tem essa mania, de ficarem mais bonitas. É, estava frio. E estava todo mundo mais bonito. Com casacos e cachecóis. As folhas das árvores dançavam, os cachorros não latiam, e a cafeteria estava bem mais decorada naquele dia. As mesas também não eram comuns. Não eram mais mesas com garrafas de cervejas, pratos com pães de queijo; tinha um belo moço com traços fortes em uma mesa ímpar. Ela não tinha ido trabalhar, então só queria o dia de folga, com seu livro e seu café. Ele... bom, ele estava lendo jornal. A visão dela começou a desfocar da rua e das calçadas quadriculadas e se entreter somente para a mesa 43. Ele estava na mesa 43. Ele estava lendo um jornal e isso já era um grande passo! Inteligente! Culto! Só espero que ele não esteja lendo classificados, . Ou sobre carros. Ou futebol. Pensou ela. Tá, futebol até que podia. Mas depois, por um tempinho, com um prazer e satisfação, de preferência interessado no São Paulo, mas não com tanta intensidade que nem ele olhava para aquele papel naquele momento. Ela reparou tanto que existe a possibilidade de ele ter percebido. É. Ele percebeu. Ele riu. Ela viu o lado bom disso; além de uma barba encantadora, tinha um sorriso que de tão brilhante refletiu nos espelhos do balcão à metros de distância. Ele virou a página do jornal e ela conseguiu ver sobre o que ele lera. Política! Que belo! Será advogado? Jornalista? Não importa, ele se interessa por política, que lindo! Ela continou pensando. Moça, quer que eu traga outro café? Disse o garçom reparando que, desde que a servira, não relou na xícara. Não, não, eu quero saber se... Bom... Não devo... Ah, deixa pra lá. O garçom não entendeu e deixou mesmo pra lá. Ela continuou encarando tanto o cara da 43, que nem percebeu o quanto estava sendo insistente nos olhares. Não era de seu costume fazer isso. Mas ele tinha algum ímã, só pode. Devia ser pegadinha de algum programa de TV, colocaram nela sem querer e estavam testando o seu comportamento feminino... Sabe-se lá o que mais ela pensou. Ela era paranóica. Depois de alguns minutos, ele guardou o jornal e abriu uma bolsa-pasta. Ela sabia que agora tinha que desviar o olhar. Sei lá, tomar o café gelado, ler o índice do seu livro, prender o cabelo, fingir que está falando no celular; tudo menos continuar encarando. Mas a curiosidade era tão forte, que fez então ela continuar encarando-o. Quando ela viu que ele tirava de lá papéis verdes e reparou nos destaques das palavras Meio Ambiente, Protesto e Petição, não conseguiu não arregalar os olhos. Ele olhou e compreendeu. Ela pensou: basta. Ele percebeu! Na cafeteria tocava música. Normalmente MPB, Bossa Nova, Rock Clássico. Às vezes Pop, Axé, Sertanejo Universitário, dependia do horário. Naquela manhã estava tocando as clássicas. Tocou Lô Borges. Ele acompanhou a música por um momento. Ah, é isso... entendi... ele é perfeito. Pensou ela. O relógio da cafeteria se adiantava e ela foi conhecendo ele ao passar de cada inclinação dos ponteiros. Ele foi à mesa dela, pediram sucos e sanduíches, já estava na hora do almoço e os dois conversavam sobre tudo. Conversavam sobre relacionamentos e família. Sobre 1929 e 1969. Sobre instituições e música. Sobre documentários e banalizações. Sobre ciência e fundamentalismo. Sobre o Código Florestal e as festas de trabalho. Não, ele não era jornalista. Nem advogado. Conversaram, riram, se sentiram bem e não trocaram telefone. Nenhum pediu, nenhum quis. Havia um bom tempo em que ela não se sentia tão a vontade com alguém sem pressão, sem ter antes conhecido e sem saber que depois iria ter contato físico. Foi uma ligação estranha e confortante. Nem e-mails trocaram. Se despediram sem beijo, mas seus corpos se encaixaram no abraço. Foi realmente um prazer terem se conhecido. Ela nunca tinha vivido um amor de verão, mas viveu aquilo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Me cobri.

Decidi não pensar mais. Atendi o telefone. Mudei o pensamento. Vi uma foto antiga sua. Voltei ao pensamento. Li Machado de Assis. Li sobre a revolução de 1930. Li sobre Vargas. O rádio estava ligado. Começou a tocar uma música que, excepcionalmente - ou banalmente, me lembra você. Senti frio, um certo medo, insegurança. Puxei o edredom. Fora do quarto, 40º graus. Me cobri. Peguei a caneta, uma página do caderno mais próximo, e fiz o de costume: comecei a escrever. A música acabou, e ao mesmo tempo me descobri do edredom. Não me vinha mais aquela tristeza ao pensar que fiz tudo errado e me arrependo. Só me vinha o querer de saber de você. Está bem? Está dormindo, agora? Provavelmente, não está pensando em mim. Tocou outra música. Uma das daquele CD. Você acredita em auréola? Peguei o celular. Apertei play no vídeo que te filmei. Sorri na parte em que você mexe a cabeça para a esquerda. É tão gracioso! Eu acho. Outra música. Esta, fala de detalhes. Enquanto eu reparando em seus braços e na sua blusa azul clara. O tom da música combina com a imagem. Pensar em você, e escrever, de novo, não combina com o horário e com os meus compromissos para amanhã cedo.
"Se o homem já pisou na lua, como ainda não tenho o seu endereço?"
Aumentei o volume. Desliguei o celular. Desliguei o rádio.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Seja feliz.

A cada dia que passa me surpreendo mais com que mais pode me doer. Quando ouvi sobre aquela sua possível namorada, pensei que era uma das maiores dores possíveis. Não foi. Quando me joguei no sofá chorando como nunca antes por você ter tido uma imagem errada de uma atitude minha, vi que essa devia ser a pior sensação. Mal sabia eu! Quando fiquei por tanto tempo sem te ver, ultrapassou. Foi o que mais me doeu até então. Nunca havia antes vivido algo mais doloroso. Daí, ao passar do tempo, fui brincando de sofrer. A cada intervalo uma dor diferente, mas eu até gostava, acho. Talvez só essa explicação para eu ter conseguido viver com tanto. Então, bati o recorde de dor quando tive a certeza que mais esperei por toda a minha vida, quando ouvi o seu não, quando senti a frieza dos seus olhos e das suas palavras. Depois disso, pensei que nada podia me machucar mais. Então, aqui estou eu escrevendo sobre algo pior. Saber que você disse que outra é a única que enxerga quem você é e como você se sente, destruiu o pouco que me restou depois daquele dia há 3 semanas e 2 dias atrás. Eu, que há anos te defendo, me importo e te adoro, me entristeço quando te fazem mal, brigo e luto contra quem tenta te atacar, te defendo quando te difamam, passo o dia preocupada em saber se você chegou bem na casa da sua mãe, quero te ligar à noite antes de dormir pois só assim consigo dormir completamente em paz, depois de ouvir sua voz, analisar se você está bem através de seus suspiros... e é qualquer outra, que te pergunta algo por mera educação, que é a única que te vê por trás de tudo que você é? Nada pôde me destruir mais, eu juro. Isso foi tanto para mim, que prefiro encerrar tudo aqui. Toda a história que sozinha escrevi, todo o sentimento que cultivei e toda a preocupação que simplesmente senti por você, sem esperar nada em troca. Simplesmente senti. Simplesmente amei. E você, seja feliz! É tudo que espero, sinceramente, tudo que sempre esperei. Torcerei pela sua felicidade sempre. E eu, vou tentar superar. Depois de ter passado por todo esse tempo me dedicando a tal sentimento, me preocupando sem ser preocupada, procurando sem ser procurada, esperando o dia em que você perceberia que eu realmente me importo e por isso sou diferente de todas - pois meu sentimento é muito diferenciado, ele é profundo -, saber que enfim você disse tudo que eu mais quis ouvir, mas para outra... é o máximo que eu posso aguentar. Não sei nem se vou aguentar. Mas é o meu limite, o meu ponto final. E você, seja feliz.

Dói.

Quer saber como me sinto? Bom, posso dizer que dói. Quer saber o quê dói? Bom, acho indiscritível. Não que a dor seja infinita, mas digo espalhada. Intensamente espalhada. Se tornou dor física. Pode achar estranho, eu também acho. Não sinto fome, perco ânimo, perco força. Não consigo sair da cama, é como se eu fosse um íma e o colchão outro. Choro, e soluço. Antes, chorava com a boca fechada, agora é tanto que choro igual em filmes, sabe? Com a boca aberta e de careta. Surge pontadas, ânsia, uma dor no estômago tão forte que pode ser confundida com gastrite. Ou causar uma. Perco o ar. De verdade. Tenho que respirar fundo e entro em desespero por não conseguir manter a minha respiração no ritmo normal. Água não ajuda e dormir só piora, pois sonho com você. E aí, quando acordo, meu bem, é ligar o rádio e abraçar a depressão. Minha cabeça dói, não consigo prestar atenção em coisas importantes, as minhas coisas. Dá tontura, vejo duas de uma só pessoa por um momento. - tá, dessa vez foi hipérbole. Mas é verdade que me dá tontura, e realmente não vejo uma pessoa de uma forma normal, é tudo mais... confuso, agitado. Minha pressão cai, eu tremo, meus olhos ardem. Acabo quase sempre na mesma: escrevendo sobre. Mais? É, deve ter mais... Mas você não se importa, né?

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Adormeço.

Em tudo que leio está seu nome. Em tudo que vejo, constantemente, encontro seu rosto. O homem fala e eu não consigo absorver suas palavras. Atrás da janela ao lado, a chuva reflete os meus sentimentos mais semelhantes à ela e eu me surpreendo com o quanto com que ela consegue se identificar. Adormeço aos poucos sentido seu cheiro, o único capaz de me sugar a cada troca gasosa do meu pulmão. E adormeço triste, por não estar isso fazendo em seus braços, ouvindo o som mais belo que é o do seu batimento cardíaco.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Você esteve lá.

Te valorizo porque sei do seu valor. Te conheço tão profundamente que posso dizer muito de você. Eu juro que não estava aguentando ficar sem você. Me atormentava passar por perto e não poder te abraçar, me entristecia entrar no meu quarto e ver nossa foto no mural. Eu me perguntava porquê, todos os dias. Refletia tentando descobrir quem estava errada, até o dia em que percebi que não havia errado. Não conseguia acreditar na possibilidade de você, justo você, não se importar. Bom, eu me importava. Só queria tudo novomente; desde os cafés aos filmes, das risadas às lágrimas, dos telefonemas interruptos às intimidades só por nós entendidas. Acontecia algo e lembrava de ter que lhe contar. Te via e tinha que me calar. Ouvia nossas músicas e juro, não conseguia acreditar. Quando você apagou nossas fotos, nossos textos e nossa história, pensei que tinha me apagado junto. Hoje vejo que não. E como agradeço! Vai além de um depoimento. Vai além de um dia de conselhos. Se trata de dedicação, de companheirismo, cumplicidade. Envolve segredos, histórias, saudades, planos. É um afeto que não sinto com tanta profundidade por qualquer pessoa, mesmo eu sendo tão carente e estilo canceriana, mesmo. Temos o mesmo gosto para perfumes, cremes, e ainda bem que não para homens. Temos a mesma disposição para ajudar uma a outra. E quando eu pude te abraçar de novo, depois do nosso maior tempo sem ligação, senti que tinha que ser assim. Eu e você, tem que ser assim. Não consigo imaginar como seria a minha vida sem ter te conhecido. Você esteve comigo quando eu estava com medo de entregar o presente. Você foi ao teatro. Você me ligou no dia seguinte perguntando "e aí?" Você esteve lá. Você não me abandonou quando eu chorei por quem mais amei. Você me apoiou e acreditou comigo. Você abriu meus olhos. Você sempre se importou. Você cresceu comigo. Você incentivou meus sonhos e foi a minha primeira aluna. Você sempre optou por me ajudar sem me fazer sofrer. Você continuou comigo, mesmo longe. Você me perdoou quando eu errei. Você pediu perdão quando errou. Você foi meu diário e em você depositei, ultrapassado o limite, toda a minha confiança. Com você sou exageradamente sincera, desde atos à palavras. Com você não tenho medo, você é meu porto seguro, definitivamente. Você me conforta quando está escuro, quando está frio, quando está errado. Quando estou me afogando em lágrimas você é meu salva-vidas, quando estou querendo fugir você me encontra. Você não desliga o telefone. Você lê os textos. Você me faz bem. Você é uma das poucas pessoas que ganham um texto de uma amiga.

Quero que saiba que foi o primeiro para quem escrevi algo.

Eu sei que existem outros, mas eu quero você. Sei que existem outros inteligentes, mas quero a sua sabedoria. Sei que existem outros ingredientes, mas eu quero o seu sabor. Sei que existem outros engraçados, mas quero a sua graça. Sei que existem outras manias, mas quero as do seu corpo. Sei que existem outros charmes, mas quero o seu péssimo jeito de conquistador. Sei que existem outras roupas, mas quero o seu guarda-roupa. Sei que existem outras bocas, mas quero a que abriga os seus dentes. Sei que existe outros sorrisos, mas quero o do seu tamanho e forma exata. Sei que exitem outros carros, mas quero aquele banco; no qual quando me sentei, senti que me pertencesse. Sei que há outros do mesmo campo, mas quero o seu amor pelo que faz. Sei que existem outras vozes, mas quero do seu tom. Não quero olhos azuis ou verdes, quero os seus castanhos. Não quero 1,90 e o musculoso que todas procuram, quero a sua medida perfeita e as suas perfeitas costas que sempre me agradaram mas me conquistaram definitivamente quando foram enfatizadas por aquela sua blusa verde clara. Não quero o mesmo padrão que toda mulher cria, quero exata e inteiramente você. Não quero só o doce, quero sua acidez também. Quero seus momentos de alegria e fúria. Quero lhe abraçar quando estiver com um sorriso e quando estiver sério, quando precisar de incentivo e quando precisar de calma. Quero que enxergue como meus olhos brilham quando conseguem te roubar uma risada, mesmo não sendo eu. Não quero ouvir seus planos, sei de quase todos; quero que me conte suas histórias, ouviria cada uma com o maior cuidado e analisando cada palavra, acompanhando seus sentimentos ao passar do enredo. O único lençol que quero desdobrar ao ir deitar é aquele que tiver o seu cheiro, a única cópia de chave do meu apartamento seria sua, e um dos meus maiores desejos, agora, é te entregar este texto.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Mas eu só quero que você saiba...

Eu queria ser capaz de transformar todos os seus medos em motivações; fazer você acreditar naquilo que pensa ser impossível, estar ao seu lado provando ser a pessoa certa que você sempre esperou. Queria desprender você de todas as inseguranças, e fazer você acreditar no impossível. Queria ser a razão de uma mudança sua, de uma transformação de ideias sobre o que é a vida, sobretudo o amor. Eu sei que sou capaz, sei que meu potencial é válido para você. Sei perfeitamente que não somos perfeitos, mas nos completamos. Pode parecer clichê, alguns dizem isso sem saber o valor das palavras, mas você tem que saber que eu uso as palavras com consciência de cada uma, de cada vírgula. Tem que saber que eu não apenas conheço, como entendo, perfeitamente, os motivos, as circunstâncias que impedem estarmos juntos. Tem que saber e compreender que, mesmo sabendo que cada plano meu não tem fundamento nem base, continuo planejando e de certa forma esperando. Preciso somente que você saiba que nenhuma palavra foi ao vento, nenhum ato foi vazio de significado. Foi tudo intenso porque eu me entreguei a essa intensidade. Seja positivo ou negativo o que me virá de consequência, eu me rendi às emoções, e isso me conforta. Apenas me incomoda pensar que você pode não ter entendido o porque de tudo... ria ou aceite, mas saiba, por favor: foi por amor. E se você ainda não acreditar no amor, pense no mínimo que foi por uma grande consideração, um carinho profundo e uma elevada afeição. E pense também sobre aquilo que eu disse sobre ainda creer e querer mudar sua visão sobre o amor, te fazer acreditar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ao dono do palco.

Me desculpe, meu mágico, mas vou me deitar. Depois repenso sobre meus textos e sobre a possibilidade de lhe entregá-los. Que difícil é! Só uma coisa, então: Ah, meu mágico, como não antes adivinhou? E olhe que para isso não se exige nada de suas qualidades profissionais; a verdade estava estampada, todos e qualquer um conseguia captar. Eu tentava disfarçar, e ainda assim me diziam que eu falhava, era inútil. Como justo você não sabia? Me diz, meu mágico, te assustei e por isso a mentira? Ah, meu mágico, há de eu ter que confessar tudo? Jura não saber? Transforme então isso tudo em um conto, por favor. Aí, te conto tudo. Depois, voltamos para a realidade, as regras e a distância. Eu volto para a música e você para as cartas. E, por fim, eu me afasto, mas você continua cercado de carinho, aplausos e méritos por seu espetáculo. Palmas, meu senhor! Fizeste uma mágica: eu realmente me apaixonei por você. Voltarei para a minha cama agora, pode você voltar para suas amantes.

Um carma, talvez.

Um dia completo. Um olhar profundo, um cheiro a perfumar uma visão acompanhada de trilha sonora. Uma blusa de uma cor não surpreendente: azul.
Um toque no ombro, nas costas, no joelho. Um vácuo, um túnel, uma luz. Uma viagem recheada, uma vontade atiçada, um arranjo de sentimentos atacados; enfatizando a ansiedade junto com a incerteza e o desejo.
Duas mãos e uma mulher-problema em busca de atenção provocando um ciúme incontrolável e dois olhos molhados.
O talvez já não bastava. A dúvida corroía cada vez mais vigorosamente. As sensações já não pediam licença antes de se instalarem, íam todas se enfiando cada vez mais profundamente sem quererem saber se havia limite. A necessidade de um ponto final e de atirar de uma vez por todas naquela dúvida ardentemente venenosa, era cada vez mais forte e sólida.
Um conselho, uma conversa, uma decisão. Impulsividade, talvez. Falta de muitas coisas, talvez; como de precaução, sabedoria até.
Uma noite sem informação sobre o quão estrelado estava o céu. Um vento de bom humor, favorecendo um pouco a situação. Pessoas que poderiam sumir naquele momento, toques de telefone que poderiam não terem acontecido.
Um olhar, umas quatro palavras e uma testa de interrogação. Um rastro de dúvidas, um coração acelerado, uma sensação de que o chão era somente um tapete que estava sendo puxado.
Uma possível resposta, uma esperança conformista, um olhar compreensivo, uma resposta negativa.
No princípio, não foi um choque. Depois, só o edredom pode dizer o quanto de lágrimas foram derramadas. A dor se espalhava do sistema límbico à cada órgão, glóbulo, derme e anexos de todo o corpo. Não se reconhecia mais o equilíbrio, nem a razão, a tranquilidade e o claro.
Um passar de dois dias sofridos. Uma madrugada, uma caneta roxa, um pequeno caderno, um CD no rádio e dois olhos liquidamente fixos. Um medo com várias ramificações. E, ainda assim, o mesmo sonho de antes: o mesmo abraço, o mesmo beijo nunca provado mas único esperado, a mesma necessidade de absorção de calor e da própria pessoa por inteira.
Novas dúvidas andando lado a lado com os mesmos sentimentos obscuros.
Uma memória, uma lembrança, uma visão, um nome, um corpo, um abismo.

É possível deixar?

É possível esquecer alguém por obrigação? Há, realmente, alguma forma de mudar seus conceitos sobre alguma pessoa, devido a uma palavra dela? Ou estaríamos apenas perdendo tempo na tentativa de procurar outros braços, outros lábios, outros vícios e outras manias? É fraqueza não conseguir deixar de considerar alguém após saber que o mesmo não te considera na mesma intensidade? Nem no mesmo nível, ao menos? É saudável escrever sobre tantas perguntas? Ou seria melhor calá-las e guardar o papel?

Escrevendo e expulsando.

Encharcava seus sentimentos no papel enquanto tentava escrever sobre o que lhe atormentava. Era o maior refúgio, as palavras. Quando não há luz nem sanidade, resta tentar desembaralhar tantas ideias e expressá-las; assim, sai alguma coisa. Sai a dor em forma de letras, mas sai; sai dilaceradamente, mas sai. Expulsava a dor, mesmo que junto a lágrimas, ao pegar uma caneta e abrir o caderno. Desufocava-se na tentativa de descrever o quanto estava machucada.

domingo, 5 de setembro de 2010

Pior é.

Eu pensei que estava pronta, que eu fosse mais forte. Eu acreditava fielmente em que um não conclusivo doesse menos do que a incerteza. Agora, depois de ter me arriscado, vejo a partir da dor que me enganei. Talvez o conformismo não seria a pior escolha. Pior é ver todas as suas esperanças serem despedaçadas. Pior é pensar que tudo o que você viveu foi uma mentira. Pior é não ter mais razões para acreditar. Pior é essa sensação de que lhe falta chão, essa sensação de dor flutuante. Pior é essa dificuldade para respirar, a vontade constante de chorar e a fraqueza para liberar as lágrimas. Pior é essa imagem da pessoa que você mais ama, se importa e te machuca, não sair da sua memória. Pior é fechar os olhos e lembrar; pior é fechar os olhos com mais força e continuar a lembrar; pior é entrar em desespero, tentar forçar qualquer outra lembrança, das mais banais para as mais válidas, só para afastar aquela imagem, e ela continuar a aparecer. Pior é não conseguir parar de tremer, não conseguir mudar de expressão facial, demonstrando assim sua fraqueza para todos, deixando transparecer tudo que te incomoda, arrasa e rasga cada parte de dentro de você, até as mais profundas, através dessa incapacidade de forçar, sequer fingir, um sorriso. Pior é não conseguir aumentar o tom de voz, não querer sair da cama, pois não há forças nem para isso. Pior ainda, é não saber se você devia mesmo ter deixado a sua impulsividade te dominar. Pior é o pensamento insistente de: "Perdi o controle? Fui longe demais? É melhor assim?" E pior é aquela maldita esperança de ainda poder dar certo; aquela voz dentro de você que não se cansa de lhe informar sobre possibilidades e fazer você acreditar em ilusões - mais uma vez. Pior é, depois de ouvir um não, acreditar que agora, depois da descoberta, pode-se abrir um caminho para um futuro sim. Pior é ter arriscado tão perigosamente para acabar com uma dúvida sofredora, e essa dúvida não morrer, continuar ali. Em coma.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Porque eu protejo o que eu amo.

Se eu pudesse, te protegeria de tudo e todos, e mesmo não podendo, estou disposta a qualquer momento fazer algo por ti, por sua zelação.
Se eu pudesse te abraçar naquele instante, e fazer você perceber que tem quem te adora, e passar um pouco do meu amor através de um olhar, fazia-o.
Se o seu coração é partido, o meu é destraçalhado; se sua face chora, minhas lágrimas esperneiam.
Se alguém mira para ti, com intuito de te machucar, o tiro acerta em mim; e vai fundo, em minha alma, fazendo questão de doer tanto quanto um veneno forte quando tomado.
Se fosse possível, pararia o tempo quando algo fosse acontecer e te levaria embora, para evitar qualquer descontentamento. E para tudo que não for possível, eu invento um jeito. Só preciso da sua autorização para me inferir de tal modo em sua vida, pois, mesmo sem autorização, continuo lhe protegendo de longe, mas adoraria poder te proteger enquanto lhe abraçar...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pause.

Em nenhum outro momento me senti tão necessitada. É com urgência que preciso de uma dose sua. É inevitável encarar-te e não apaixonar-me cada vez mais intensa e significantemente. Às vezes, sem eu querer, me passa ideias pela cabeça, das como se eu me passo pela sua. Às vezes, incontrolavelmente, faço coisas, cito poemas, olho demoradamente, sorrio involuntariamente. Quero parar, mas é inevitável com você me testando. Será que percebe? Tem consciência do que faz? Se sim, imploro, suplico que pare; só assim será um pouco menos difícil te tirar dos meus pensamentos. Mas enquanto continuar me provando, me fazendo querer resistir mas não conseguir, digo com a certeza medidamente igual do saber meu nome: é impossível te arrancar de mim. Aperte o pause. Não continue andando em minha direção, desfaça essa barba que tanto amo, não aumente o tom de voz. Da próxima vez, não passe seu perfume e, por favor, evite que outros passem-o. Não vista mais azul, nem preto, nem xadrez; jogue fora suas camisas listradas. Faça esse favor, se deseja meu esforço para lhe esquecer. Ou não me julgue depois por tamanho sentimento. Não me peça coisas impossíveis, como o distanciamento.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Conto [2]

De repente, meses de dedicação são destruídos em um minuto de diversão.
Ela viu, ele reagiu, a outra não se importou. Ela saiu, ele continuou o beijo, a outra não reclamou.
No dia seguinte, ele tentou se desculpar. Sempre a culpa é da bebida.
Na noite seguinte, ela já soube o que queria. E não era mais ele.
Não foi fácil a decisão. Para uma apaixonada, ver tudo o que considerava ser a mais pura verdade se converter em traição, não resulta em nada menos do que um pote de sorvete mais chocolate, fotos, músicas e horas pendurada no telefone.
É depois desse momento então que as mulheres percebem em que categoria estão. Na das fortes, ou na das dependentes. Algumas continuam a depender de um perfume, de lembranças e de um canalha. Outras vêem a perda como um processo de amadurecimento. Em que momento exato é o teste? Na lavagem de roupa suja, claro.
Nem rodeava sombras de dúvidas de que poderia encontrá-lo lá. Depois de um dia fora da cidade, quando chegara em casa encontrou-o na sarjeta. Tentou ignorar, tentou entrar sem olhar, tentou fechar a porta.
Ele a puxou pelo braço, mas queria puxar seu coração. Queria tirá-lo dela, despedaçá-lo e fortemente apertá-lo. Pelo menos era o que parecia.
- Como eu pude? - começou Catarina.
- O que? Se apaixonar por mim?
- Me...
- Enganar? logo interrompeu, de novo, o futuro ex-namorado.
- Me sujar.
- Então se arrepende?
- Não, se não fosse pelo erro que passei com você, certamente não estaria pronta para um próximo passo.
- Você já deu o próximo passo?
- Estou só esperando a neblina ir embora para enxergar qual direção tomar.
- Então eu fui uma espécie de livro? Uma orientação para você aprender como lidar, se relacionar, e por fim ter felicidade com um outro alguém? E ainda tenho que ouvir que nunca te amei? É você que não sabe o que é ser fiel. Com apenas uma briga, larga os pontos. Agora entendo. Na verdade, nada nunca foi real.
- Percebi que nada era real quando acordei naquela festa.
Catarina tirou a aliança do dedo e relembrou de quando a colocou. Passara exatos 14 meses e 5 semanas com aquele anel de compromisso. Não era só de enfeite, nesse meio tempo Catarina não se atreveu a viver; vivia por ele, vivia para ele.
- Foi só um beijo. Bebi demais. Já expliquei. - disse ele com fúria.
- Agora é só um adeus. Chorei demais. Já decidi. - foi embora ela com dor.

Entre tanto, me resta nada.

Nada mais sinto além das sensações ponteagudas e ferventes que dissolvem em meu interior. Meus olhos já não liberam as lágrimas, estão cansados de se encharcarem. Neste momento, concretizo a certeza de que já chorei tudo que me está predestinado por esta vida, e outras, se existirem.
Não é possível falar disso, não tem como resumir, explicar, pedir socorro. Enquanto a minha alma grita por salvação, tende ao conformismo e deseja logo que tudo se acabe. Tudo.
As recordações me trazem um misto de sentimentos indefinidos e por vezes indecifráveis. E entre tanto, me resta nada. Nem ar. Nem se quer uma molécula de oxigênio para me manter viva por um pouco mais de tempo, nem que por milésimos de segundos. Não sei como continuo aqui, tampouco como consigo escrever. Talvez esta força, independentemente do quão pequena, seja uma recompensa pela falta para enfrentar tudo isso.

domingo, 15 de agosto de 2010

E a ficção toma conta.

Não espero que todos os meus sonhos se realizem. E isso, creio que seja parte do mais doloroso.
Sonhar é bom, sonhar lhe permite sensações que, somente sonhando, és capaz de sentir. Sonhar é o primeiro passo para certos acontecimentos que, somente por sonhar, podem ser realizados. Errados são aqueles que transformam sonhos em utopias, em exageros ou em futilidades. O único ponto ruim de sonhar é quando tu perdes esse sonho, entrando nele. Quando não és mais um sonho, és sua realidade. Sim, tu vives em uma ficção. Pior que saber que estás preso em algo irreal, é não saber como seguir um caminho para sair dessa prisão; e se deves sair mesmo. Às vezes, não sentir vontade de acordar é melhor; evitamos dores físicas, e já nos acostumamos com as psicológicas. Uma vez ou outra, pensamos que o melhor para nós é trancarmos-nos na imaginação, na vontade e no desejo reprimido; pensamos tanto que nos trancamos, por fim. Desesperante é a dor da subida de consciência, acompanhada com uma forte confusão, à tua cabeça quando tu não encontras mais a chave, não? Somente quem já se atreveu a girar a chave sabe do que eu falo.
Quando falo desses sonhos, esqueça da futilidade. Não digo do subconciente tomando conta da sua mente enquanto dormes. Digo das vontades, dos planos, que muitas vezes acabam sendo acomodados, e não por sua falta de capacidade, pois tu sabes que és capaz, mas sim pelo teu medo. Teu medo de se arriscar a passar pela linha que separa o real do imaginário, e perder todos teus sonhos para uma cruel dose de verdade como consequência. Esse medo é comum aos sonhadores constantes. Mas não o tornes padrão em sua vida, aconselho; quanto mais comum, mais perto de se tornar necessário está. Sejas forte, diferentemente de como eu fui.

domingo, 8 de agosto de 2010

Portadora de saudades.

A saudade vai consumindo e, quanto mais distante nos vemos de algo que muito nos atingiu, profundamente, mais queremos inventar um instrumento que nos leve de volta para o passado, só para reviver certos momentos; sentir com mais anteção cada intensidade e cada movimento; cada toque do vento na pele; cada convivência com cada pessoa; cada abraço, cada calor, cada sorriso. E ouvir, atenciosamente, cada ruído de cada risada e de cada reclamação; cada crítica, cada palavra inocente e descuidada. Quando compartilhamos com alguém um momento, ou um conjunto deles, que, somente por ter sido compartilhado com esse alguém, é especial, e isso fica gravado em nossa memória, não existe um botão de delete; e mesmo se existisse, não seria aconselhável pressioná-lo, por mais que a saudade doa e destrua. Cada lembrança que descrevo em uma folha de papel, cada constante chuva de recordações que caem sobre mim a cada perfume que sinto, cada lágrima triste que me escorre na face quando me aperta o coração lembrando daquelas tardes de verão, e cada feliz, que me escorre mais brilhante, como consequência de um flash-back rápido, que corre em minha memória, repentinamente, me lembrando daqueles fins de tardes, são as minhas maiores riquezas; são as minhas maiores razões de querer viver e construir mais histórias e lembranças. São, de fato, o que me define, o que me colore, o que faz parte da minha imagem no espelho; o que, sem, não conseguiria me ver sendo o que sou, hoje, da mesma maneira. Minha vida não seria a minha vida sem cada coisa que vivi, cada pessoa que conheci, cada música que escutei e cada momento que compartilhei; em uma escola ou em outra, em uma cidade ou outra. É doloroso olhar para trás, mas é confortável saber que fui honrada de passar por momentos tão puros e graciosos. Agraço àqueles que passaram por mim, mesmo hoje não permanecendo ao meu lado. Agradeço àqueles lugares, àquelas pessoas, àqueles objetos, àqueles cheiros, àqueles barulhos, àquelas mudanças permanentes. E sinto falta; daquela escada, daquele jardim, daquela lousa, daquele muro, daquela quadra, daquele salão, daquela água; daquele grupo, daquelas inúmeras aventuras e daquelas diversas ideias. Sinto uma falta tão forte, tão imensa e constante, que isso não só doi como também explica. Explica muito; explica, como por exemplo, o fato de eu me considerar uma nostálgica incurável.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Conto [1]

Minha amiga chegou acabada, chorando e pedindo ajuda, à minha porta. Não sabia o que fazer primeiro, perguntar o que houve ou sentá-la em minha cama acudindo-a e enxugando suas lágrimas. Fiz os dois, ao mesmo tempo. Me contou que acabara de romper o namoro de 6 meses com Renato, rapaz de extremo bom gosto, por estar com a princesa que era minha amiga. Rapaz bonito, bem informado, sociável, amigável e dócil. Um amor de pessoa, com todos e inclusive com ela; exageradamente com ela. Demonstrava a ela uma extrema importância e seu amor era sincero, acredite, leitor.
▬ Eu o adoro, mas não é a mesma coisa. Caiu na rotina, desencantou, não vejo nada além de amizade.
Dei um dos maiores conselhos que já dei em toda minha vida, até então.
▬ Entendo, amor. Entendo de verdade... Se lembra da situação parecida que recentemente passei, não? Toda a história com Sílvio. Sílvio... era um cara incrível; romântico, engraçado, inteligente, independente, responsável, amável e dócil... E o mais difícil, apaixonado. Era até demais. Eram muitas as palavras, as promessas, os sentimentos... Eu me sentia completamente culpada por não conseguir sentir por ele o mesmo que ele sentia por mim. Por que, com o cara perfeito, eu continuava desejando outro? O outro você também conhece, aquele de sempre, o único que me consegue tirar a sanidade. Passou um ano e em um ano ele se mantia constante nas palavras e no suposto amor, na suposta paixão grandiosa! Passei a me esforçar, tentei vê-lo como mais que um amigo, tentei enxergar nele um companheiro amante, mas era inútil. Apenas o via como um companheiro confidente... Até que comecei a sentir saudades dele, a querer os abraços dele. Comecei a me interessar por ele, não tanto quanto ele se interessava por mim, mas foi o início de algo..
▬ E ele?
▬ Ele continuava a me dizer coisas lindas, com valores absolutos!
▬ E você?
▬ Eu acreditava. Fui acreditando e aprendendo, conforme o esforço, a gostar dele. No final, quando estava disposta a esquecer tudo e todos, as mágoas e as pessoas que me impediam de ser feliz, e me entregar finalmente a ele e tentar uma história, tentar algo, nem que seja um beijo... ocorre tudo ao contrário; ocorre mentiras, alcoolismo e risadas sarcásticas. Ficamos um tempo sem nos falar, pois, no dia em que decidi tentar com ele, ele ficou simplesmente bêbado e nojento.
▬ Sim, me lembro dessa festa em que ocorreu tudo isso. Mas não me lembro como você encarou depois, simplesmente não a via mais falando dele. Vocês nunca mais voltaram a conversar?
▬ Um dia, decidimos. Na verdade, eu decidi. Só mais uma vez em que eu tive que tomar a decisão e assumir o papel do homem na relação.
▬ Te conheço. Deve ter falado tudo que lhe vinha a mente, boas respostas elaboradas e armadilhas de fazê-lo confessar e pedir desculpas!
▬ Falei. E ele mentiu mais ainda. Isso me afetou, e muito, pois o único cara que supostamente era o certo para mim, o perfeito, o que sentia tudo que ninguém mais sentia, muito menos aquele pelo qual eu sentia... A minha única garantia era simplesmente uma farsa! Aprendi a gostar dele a toa... Aprendi a ter sentimentos para simplesmente, depois de tudo, acabar me sentindo mal. Bom, se esta história está fugindo um pouco, vou logo para a questão. A questão é que não se aprende a gostar de alguém. Se existe destino ou não, a questão é simples: ou há uma conexão forte, que mantêm dois corpos e principalmente duas almas ligadas, independente do caminho delas ou de qualquer circunstância, ou simplesmente há outras coisas, outras atrações, outros gozos, outros índices de importância; mas essas coisas se encontram em outros níveis.
▬ Mas ele foi especial para mim! Foi muito...
▬ Você pode sentir algo por alguém, algo especial. Mas no momento em que deixa se acomodar, isso não deve ser mais forçado à voltar a ser especial. Importância não se cobra, não se exige, não se tenta possuir. Você não deve forçar sentir o que um dia você não vai nem poder pedir permissão. Acredite. Um dia, você simplesmente vai sentir e não importará se você aprova ou não essa decisão do seu coração ou da sua razão, que seja.
▬ E se sente a importância, mas esfria? Acomoda?
▬ Quando esfria, acomoda e você sente que não é a mesma coisa, é que simplesmente ele não é o que você precisa, por mais que você goste e se importe. Não adianta forçar uma necessidade. Um dia, você vai conhecer e se relacionar com alguém que te necessite da mesma forma. Impossível da mesma proporção, acredito, mas da mesma intenção, do mesmo grau de intensidade.
Com o Sílvio eu tentei. Posso ter conseguido sentir alguma coisa por ele. Mas no final só me machucou... O que prova que a minha estúpida ideia de tentar gostar de alguém, só porque ela te goste, não é boa.
▬ Mas, suponhamos que ele realmente fosse o certo. Não tivesse mentido, nem nada. Não valeria a pena tentar?
▬ Eu descobri que não no momento em que, depois de botarmos um ponto final na conversa, independentemente do quão triste fiquei pela nossa amizade, pelo carinho que sentia por ele e por ele mesmo, que dizia se sentir extremamente mal, eu continuei a minha vida; sem dor e arrependimentos. A história toda me tornou uma lição, algo do qual tirei proveito, mas não se tornou algo que parou a minha vida, que causou um efeito dramático.
No começo foi difícil. Chorei, claro. Fiquei triste, óbvio. Poxa, é uma história toda! Envolve sentimentos, pessoas... Mas depois de uns dias percebi que não me pegava pensando nisso, não me pegava querendo reatar as coisas, não me pegava chorando, desejando que ele não tivesse mentido... Ou seja, se eu não me senti tão mal assim, é porque ele simplesmente não era a tal pessoa capaz de me fazer sofrer, endoidar, tremer, varar noites, escrever... Essa pessoa era outra.; que pode mudar, mas no momento, darei o exemplo que você bem conhece. Aquele que, apenas com um sorriso, tira o meu sono; apenas com um toque, me faz delirar; apenas com uma conversa me provoca milhares de sensações... E é disso que preciso. é disso que todo mundo precisa! Você não precisa disso? Você não quer histórias dramáticas, chorar por uma briga, ligar de madrugada revoltada, dizer coisas sem nexo por ataques de ciúmes, querer de volta, brigar, beijar na chuva, reatar? Essas sensações profundas!?
▬ Quem não quer?
▬ E você imagina isso com ele?
Minha amiga balançou um pouco a cabeça dando-me uma resposta negativa, mas só pelo seu olhar deu para perceber.
▬ Essa briga, por mais que machucou os dois, machucou a fundo você também? A ponto de você querer se sacrificar para fazer diferente?
Se a resposta for não, você não tem porque se sentir culpada, você fez o certo. Errado seria você continuar com ele, alimentando esperanças, proporcionando momentos, palavras, que para ele teriam muita mais emoção e significado do que para você.
Uma lágrima escorreu no rosto da ex de Renato. E, em sequência, o quarto repleto de palavras conselheiras assistiu um momento que só duas melhores amigas entendem; o abraço depois de um desespero e um conselho.