sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Let It Be (Across The Universe)




Todo mundo deveria assistir à esta cena, independentemente do filme ou até mesmo dos Beatles. O filme "Across the Universe" abrange o tema da Guerra do Vietnã, e com as músicas dos Beatles retrata muitas situações, tais como a espera do namorado que fora lutar na guerra, com "It Won't Be Long", ou a própria morte deste. A insignificância que alguns sentiam diante de todo o sangue disparado, aquele sentimento de que não há nada a fazer, por mais que sintam e que queiram, como vemos no personagem Jude, em Revolution ; a tristeza e solidão extrema provocada por todos os conflitos e suas consequências, que se expressam através de Blackbird, por exemplo; a revolta dos jovens e a atitude de luta contra a luta, através de protestos; ou a própria guerra e todas suas provocações e dilemas, representada de forma mais realista em I Want You, onde é fácil perceber o brilhante encaixe da música com as imagens e a utilização do próprio cartaz do "Tio Sam" (Ucle Sam) que foi e ainda é a figura que representa os Estados Unidos da América e suas guerras (eu quero você para o exército americano), ou mais refletivelmente em Strawberry Fields Forever, onde prevalece a emoção e os conflitos internos e ideologias confusas. Além de tratar também dos assuntos hippies, das rebeldias, do andar perdido, do sentido do coletivo e essencialmente das drogas e suas alucinações, e isso tudo podemos ver no filme inteiro. Mas não é sobre o filme que quero falar, é sobre a cena, que, como eu disse, deve ser assistida mesmo que independentemente do filme e por se tratar de um musical dos Beatles. Além de muito bem feita, com um arranjo maravilhoso, é triste. É linda de tão bem planejada, é aplaudível e adotada como "uma cena para se levar pra vida", mas também é revoltante saber que já foi realidade para muita gente e pior, que até hoje ainda tem quem acredita no "patriotismo" e na guerra. É de encher a alma de lágrimas e sufocar com aperto no coração. Guerra, sangue, violência, morte, perda de valores, de vidas, com um objetivo mesquinho e cruel, banal, fútil: dinheiro. Capitalismo selvagem. Sociedade em que se aceita o poder de uma bala de fogo tirar a vida de uma pessoa inocente para ter mais zeros em suas contas bancárias, cidadãos dessa socidade que aceitam estudar sobre morte na escola, ver morte quando chegam em casa, saber de morte no trabalho, envelhecer vendo e ouvindo sobre morte e suas causas tão profundas e também tão frágeis, e, por fim, morrer assistindo à tudo isso sem ter feito nada para mudar, sem ter tido uma ideologia, ou, se tivesse uma: pré-conceituada ou influênciada o bastante por tal sociedade apressada por dinheiro, máquinas, futuro. É de arrepiar, esta cena. Ou eu sou muito sentimental? Bobeira minha, ou é um tanto quanto hipócrita a bandeira dos EUA no caixão? Bom, eu, pelo menos, não gostaria de que me enterrassem com a bandeira do país que me levou à morte, ainda mais pelos seus interesses pessoais. É arrepiante o menino cantando enquanto bombas podem acertá-lo, enquanto homens, tentando fugir, simplesmente morrem, perdem suas vidas em segundos inesperados, por tiros inesperados. E a família desse garoto, transparecendo os sentimentos pelo rosto, também entristece. Não, não pode ser coisa só minha. Por isso tenho que compartilhar.