sábado, 29 de setembro de 2012

Palavras que machucam

Em que momento percebe-se que a música parou de tocar? Digo, em que momento percebemos que temos que mudar de disco, pois o disco acabou? Música é curta demais, música pode definir os momentos: uma música sobre um momento bom, outra sobre um momento mais triste, mas em geral, o disco inteiro é um só. E quando ele acaba, a banda morre por aqueles momentos. Será que o disco acabou depois de tocar por mais de 1000 dias? Uma hora você canta junta, outra hora está mudando de humor porque simplesmente não acredita no que acabou de ouvir. Uma hora chora com a letra, outra hora está na mesa bebendo Jurupinga como se fosse água pra esquecer o que acabou de descobrir que significa. Uma hora você sente que pertencesse a certas pessoas, outra hora, enxerga completos estranhos na sua frente. O que pode ser mais doloroso do que perder a fé em pessoas que não são do seu sangue, mas por tamanho convívio, admiração e confiança se tornam seus amigos de alma? Como suportar a ideia de que você vai perder pessoas que você pensava que seriam eternas na sua vida? Talvez esse termo, eternidade, seja algo banalizado demais, mesmo. Mas como aceitar que as pessoas que acompanharam suas mudanças, seu crescimento, seus sonhos e suas conquistas, te joguem pedras e não conseguem entender seus argumentos? Não se trata apenas de tentar entender o lado do outro, aceitar criticas ou não, se trata de amor. Amar uma pessoa e suas decisões, por mais ilógicas que possam parecer. Amar alguém por ser quem ela é, o que não inclui achá-la egoísta. Esse termo é forte demais para mim, não posso aceitar que me julguem assim, depois de tanta coisa que eu aturei para ser o máximo oposto disso, sempre, por anos, pensando no bem maior, pensando sempre em todos menos em mim. Mas chega uma hora que você cansa, desgasta, e você começa a pensar um pouco em você às vezes uma palavra é tão afiada, que não simplesmente bate em você, mas sim te corta, então você lembra de um certo orgulho e amor próprio: não permite que te tratem de certa maneira, então pensa em você, depois de ANOS pensando nos outros. E ainda ouve que isso é egoísmo. Dá vontade de falar; tudo bem, não precisa mais ligar, não precisa mais ver. Vai ser difícil? Horrível. Mas tenho certeza de que na hora de chorar, de se rebelar, de querer gritar, de confessar inseguranças, de ir para um determinado lugar no sábado a noite - especialmente determinado, na hora de falar sobre seus amores secretos ou as brigas com o namorado, vão sentir saudade daquela boba que sempre esteve lá, que por mais que tenha defeitos, por mais que seja mil vezes teimosa ou cabeça dura, sempre foi a melhor amiga possível, a melhor amiga realmente. E ela não estará lá, pois ela aceitou as consequências. Consequências com as quais não pensava que precisaria arcar, mas aceitou quando disseram a ela que simplesmente viriam. O difícil é essa falta de consideração, essa falta de esforço, esse comodismo. Mas se uma das partes não se envolve o suficiente, não há por que a outra se envolver. Nada mudará as lembranças: continuarão sendo lindas e doces. Fazendo falta até doer o mais íntimo, o mais profundo. Mas simplesmente não se alongará mais o vínculo... tem coisa que é dita que machuca. Machuca tanto que faz você se afastar, sem remorso, apenas com insatisfação: esse tipo de relacionamento não satisfaz, não é suficientemente bom, pois machucou muito.