terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os dois lados me deprimem.

Quando estudava movimentos sociais, movimentos republicanos, revoltas regenciais... lembra daquelas aulas de história? Quando estudava esses temas, como não sentir orgulho de certas épocas históricas nossas? Desde que eu, pelo menos, me conheço como cidadã - não digo gente, porque como gente me conheço desde os 5 anos, talvez, e essa não é a idade, é a idade que eu me conheço como ci-da-dã, mesmo, com direitos, com ideologias, com preferência política e religião - espero por uma mudança, por um "movimento". Desde o começo de todo esse papo de disparidade de informações, da nova era da tecnologia, da grande influência da internet para movimentos sociais em prol de um bem geral, de uma sociedade justa, de toda essa história de direito comum. Desde que conheço a realidade do meu país, e desde que eu comecei a entender um pouquinho sobre a realidade do mundo, o que há por trás de guerras, de movimentos, ideologias, golpes, alianças etc, esperava, sinceramente, eu realmente esperava, pelo dia em que a minha geração ia tirar o corpo da frente do computador e se manifestar. E não digo que estou certa, óbvio, pois aqui estou eu, como muitos, criticando na frente do meu computador. Mas admito que não participei de nenhuma manifestação revolucionária, e não, não me sinto inútil por isso. Inútil acho que são aqueles que, mesmo viradas 24 horas com um papelão na mão, dizem lutar por um ideal, o qual é inútil. Então me pergunto: Seria conveniência? É muito legal posar de quem luta por direitos, de quem tem ideologia, de quem faz protestos, de quem dá a cara pra bater. Mas é cansativo demais se rebelar contra a fome e a corrupção, lutar para garantir a sobrevivência dos seus igualitários, pois de acordo com a sua ideologia esquerdista, todos somos iguais. É muito mais fácil quebrar um patrimônio público, até porque você não vai pagar por aquilo, mesmo. No máximo seu pai. É tão mais fácil dar dois passos e quebrar uma janela alegando ter direito de se manifestar, ter direito, como cidadão, de ter voz ativa - mas mascarado. Mais fácil fazer isso por seus próprios direitos. Direitos mais importantes que os mínimos e básicos que são esquecidos diariamente pela população, governantes, policiais, sim, mas também deputados, seus pais empresários e até mesmo você, estudante. Esquecidos por você, sim. Que só se lembra de uma pequena coisa: seu completamente e totalmente particular e pessoal "direito", mas claro, assim como de seus amigos, e de "todos": de fumar maconha. Deixa o cabelo crescer, a barba, fuma um cigarro e se sente nos anos 60. Acabei de ver uma foto de um que vestiu uma camiseta do Pink Floyd e foi lutar contra a PM argumentando como se estivesse nos anos 60. Ditadura! Alunos da maior Universidade pública do país... é difícil acreditar. Você pode amar os anos 60, estar cursando História ou Filosofia e ser apaixonado por tropicalismo, contracultura e até mesmo se lamentar ouvindo Roger Waters por ter nascido na época errada. Era, realmente, uma época de mais valores ideológicos. Pessoas lutavam contra a ditadura e não, não vivemos mais em uma ditadura "real" mas em uma ditadura imposta disfarçada, con-cor-do. E sim, são poucos que veem isso e se manifestam. Mas em contraste, vemos nossa sociedade, realmente, perdendo valores, causas, pelo quê lutar. Revoltas republicanas, populares, tudo muito lindo de estudar. Mas estamos em tempos diferentes. Amigo, entenda, mu-dou. A mídia continua envenenando casas, as revistas compradas manipulando pessoas e os conservadores de plantão estão aí. Os ignorantes, em massa. Não concordo nada com esse tipo que usa como argumento: "maconheiro bandido". Me deixa mais revoltada ainda. Não tolero tal atitude da PM, sou contra qualquer tipo de violência. Não estou em cima do muro, estou indignada com o meu país. Quando sai um "confronto" desses, uma história que podia ser bonita, com conteúdo, com lições para se tirar, aprender mais sobre ideologia, se or-gu-lhar do seu país, nos deparamos com isso. Causas insuficientes e erro nos dois lados. E não é que "todo mundo erra, mas escolhe um lado". É difícil "escolher um lado" quando ambos são vagos. Apoiar estudantes bancados por pai que em tempo livre destroem o que a população paga com seus impostos? Descontam em um dos mais desejáveis lugares para se estudar, idealizado por MUITOS, que sonham em um dia serem alunos de uma Universidade tão grande, tão imensa nos valores culturas e morais e também, sobretudo, profissionais. Vestem-se para fazer uma manifestação... pelo direito de fumar maconha no campus! Reclamam da polícia no campus, mas também reclamam da ausência dela, quando acontece algum acidente. Não respeitam a vontade da maioria: se de 10 amiguinhos seus, 8 não querem que a maconha seja liberada, aceite! E vá, com os outros 2, achar um lugar onde possa fazer isso sem que prejudique a maioria. Isso é respeito, educação. Alguns valores tem que ser mantidos. Agora, PM tratar pessoas que, por mais desvalorizadas possam ser suas causas, ainda a-pe-nas estão defendendo algo em que acreditam, como lixo, como submersos, inferiores, é lastimável. E pessoas que acham que está certo "descer o cacete, meter porrada, enxer de bala de borracha, acabar com eles..." é mais lastimável ainda! Cadê o senso? Por que não podemos ser "moderados", visando apenas uma MELHORIA GERAL PARA A POPULAÇÃO, para o BRASIL, para o estudante da USP e para o de ensino fundamental da escola pública do Rio de Janeiro? É tanta hipocrisita, por tantas partes, que às vezes me perco entre tanta nojeira. Tenho vergonha de certos "idealistas" que sujam ideais nos quais também acredito. Acredito na revolução, acredito nas causas, acredito na infecção da mídia, acredito na exagerada e dispensável repressão da PM, acredito no poder de lutar pelo quê acredita, acredito numa ideologia, acredito no liberal, acredito na esquerda. Mas espera aí, às vezes moleques de 20 anos se perdem nessa busca pela imagem do intelectual esquerdista. Não acho que seja má fé dos estudantes, não, não estou, de jeito algum, defendendo aquele discurso pobre e preconceituoso de que sejam ignorantes ou muito menos bandidos. Mas que estão perdendo seus valores, isso estão. Que estão perdendo tempo e disposição por essa causa e esse alvoroço todo, estão. Poderiam guardar essas energias, esse salto de idealismo e vontade de se reunir em bandos com cartazes pra impedir, de uma vez por todas, a corrupção, já clássica, que ocorre diariamente no nosso país, enquanto nos fazem de bobos, enquanto nos cegam. E, ironicamente, enquanto marcham com um cartaz contra a Globo, estão ajudando-a a ter mais poder, uma vez que usam essa pseudo-revoluaçãozinha como mais um dos jeitos de esconder outros casos realmente importantes. Tem gente morrendo, tem gente sofrendo com as injustiças e crueldades desse país. E tem gente que não sabe. E tem gente que não tem culpa por não saber, pois acredita na Globo, e apenas o que vê, são vocês, amigos, fumando um na cara do policial. Me deixa triste, pois falta ideologia! Queria ver ideologia, queria me sentir orgulhosa daqueles que serão meus médicos, advogados, cientistas, professores da próxima geração. Gente lutando pela garantia de um futuro melhor, pela garantia de uma aposentadoria, pela garantia de um sistema educacional decente e igualitário, pela garantia de comida na casa de todas as famílias, pela garantia de uma democracia realmente verídica, pela igualdade social e econômica e cultural, pela garantia de "pelo menos não morrer" na fila de um atendimento médico. Mas não... vejo pessoas, encapuzadas, quebrando e dizendo: "quero fumar maconha em paz." E depois, vejo pessoas dizendo que isso é ser bandido. Vejo pessoas que são contra o racismo e homofia, falando: "olha os tipos, tudo igual, tudo cabeludo bandido". Hipocrisia aqui, ali... e mais uma vez o Brasil perde ponto no quesito ideologia. Mais uma vez, são confundidos nossos valores. Mais uma vez, todos acabam sendo influenciados. Até mesmos os cults da revolução no campus. Ninguém nessa história está certo, nada disso merece tanta discussão, vemos preconceito em cada canto, vemos medidas drásticas sem necessidade, vemos o sensacionalismo tomando conta de nossas TVs, nos deparamos com ideias compradas e... repito o fato mais triste: ainda tem coisa pior e ninguém se move pra mudar, ninguém descruza os braços, ninguém sai pra rua. Interesse pessoal te faz gritar: quando você sente falta da maconha, vai fazer protesto. Não acho, sinceramente, que isso, em questão, seja errado. Mas você não vai soltar a voz para os desvios de verbas, por exemplo, de escolas públicas, vai? Não, você cresceu em escolas particulares e nada te faltou - não esquecemos que USP é sim elitizada, mesmo com as exceções. Você não sente fome, então não sente vontade de gritar contra aqueles que, cruelmente, ganham em cima daqueles que passam. E ainda querem que acreditemos que suas ideologias são politica e "socialisticamente" corretas. Isso me deprime, isso me deprime, Brasil...

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