segunda-feira, 18 de maio de 2020

Limites, monstrinhos e medos


Qual o seu limite? Uma traição noturna, construir uma casa para uma amante ou um tapa na cara? Um grito dentro de casa, uma ofensa na frente dos amigos ou uma mentira mesmo que inofensiva? Todos os anteriores ou nenhum e sim algo diferente? 

Quais os monstrinhos que vivem na sua mente? Os verdes que te dizem que você não tem valor, os azuis que te dizem que você está sendo enganada, os vermelhos que te fazem apertar o botão da autosabotagem ou os amarelos que te impedem de se comprometer? Todos os anteriores ou nenhum e sim monstrinhos de cores diferentes?

Quando que você começou a entender os seus medos? Logo na adolescência, quando iniciou a passagem por momentos desafiadores, na vida adulta, quando começou terapia, ou na velhice, quando já era tarde demais? Nenhum dos momentos citados? Em algum espaço-tempo no meio do caminho? 

Quando você começou a lutar para estabelecer seus limites, matar os monstrinhos e enfrentar seus medos? Tem medo de ser tarde demais? Minha ficha começou a cair com 25 anos, e eu escrevo sobre meus sentimentos desde os 16. Minha terapeuta disse que é normal que quando começamos a bagunçar as caixinhas, isso trazer dor; e eu, com 16, pensava que sabia o que era dor. Lembro claramente de um dia comum no banho em que eu literalmente me questionei: "É tão fácil viver, não tem dificuldade, é simples: é só fazer as coisas certas. É tão certo diferenciar o que é certo e errado, não devo ter muita coisa a mais pra aprender nessa vida (juro que pensei isso). Deve ser tão fácil se relacionar: você quer ficar com alguém e ama essa pessoa, então fica, se não ama e não quer, não fica, uai!" (juro juradinho que pensei isso). Eu lembro dessa Thaís com um sentimento nostálgico de doçura, uma admiração por uma menina inocente e que queria salvar o mundo e que queria sempre ser melhor, mas não fazia ideia do quão bagunçada ela era. Confesso que é um pouco frustrante ter passado por tantos anos sem entender essa bagunça, mas é reconfortante saber que pelo menos não morri sem saber um pouco mais a fundo sobre quem sou e por que sou. 
Embora eu não tenha respostas prontas e gabaritos, estou no começo da largada do meu entendimento e enfrentamento. Ao menos são sentimentos sólidos o suficiente para uma escrita. Ao menos é o suficiente para me fazer voltar a este refúgio específico. Quem sabe depois de um tempo eu releia este texto com uma mente mais organizada? Após uma ultra-super-mega-power faxina interior. Com menos nó no peito e mais orgulho de feitos. Com mais certeza ainda de que sempre houve e sempre haverá muito a aprender, e com o conforto de que sou melhor que as minhas versões de cada ano anterior.