terça-feira, 10 de outubro de 2017

aprendendo

você não me deixou escolher se eu queria ficar. na verdade, você nunca nem me perguntou o que eu queria. eu não sei se foi carinho ou egoísmo. até que ponto a gente deve escolher pelo outro? eu queria fazer parte do seu momento, por mais difícil que ele estivesse. eu nunca fui de fazer parte, nos meus pseudosrelacionamentos. eu só quis fazer parte 1 vez, e pensei que nada seria tão forte e devastador, até essa. eu aprendi(estou aprendendo) que não devemos cobrar do outro aquilo que deve ser espontâneo, aprendi(estou aprendendo) que não podemos ficar estacionados esperando alguém oferecer algo se esse alguém não tem nada a oferecer. 
eu aprendi que mereço mais que migalhas e eu estou aprendendo a lidar com o fato de você não ter perguntado se eu queria ficar.
ah! se você soubesse que cada toque eu queria que fosse você.
que dos últimos beijos, eu fechei os olhos e imaginei que fosse você.
que das últimas doses, eu tomei pra esquecer você.
que as suas dores, eu já tomei. 
e que se você não quisesse me ver envolvida e jogar seus problemas pra cima de mim, não importava um caralho, porque cada vez que seu coração doía, em mim também apertava. eu não tive escolha, eu já estava envolvida. eu só queria poder estar ali.
pra você não acordar sozinho.
pra você não ter que passar por isso sozinho.
pra você poder se rebelar, pra ter com quem desabafar.
pra poder beber. 
e pra poder dormir. 
eu queria ser companhia. me faria tão feliz se pudesse compartir. 
mas isso devia ser espontâneo. devia ter que vir de dentro. 
eu mereço alguém que queira tanto que eu doe quanto eu queira doar.
e que se doe também.
não que desmarque um dia antes.
ou que não me procure. ou que me chame de "truts".
eu estou aprendendo a recolher os pedacinhos.
and we can learn to love again.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

algumas das coisas mais lindas do mundo

pôr-do-sol
verão
horário de verão
chuva de verão
cheiro de asfalto molhado
cheiro de terra molhada
um lugarzinho no meio do nada
cheiro de natal
luzes de natal
natal
estrada escutando Creedence
a combinação das vozes de Bob Dylan com Johnny Cash
summer eletrohits 2000s
Believe da Cher embriagada em festas de dia
festas de dia
Biologia
montanhas
trilhas
verde
fazer campo
fósseis
Minas Gerais
céu degradê
vento no rosto num dia de calor
cheirar o dia
filhotes
crianças
risadas de crianças
bebês
velhinhos
banho gelado no calor
água gelada no calor
cerveja gelada no calor
cerveja gelada
calor
comida mexicana
Yoga
incensos com músicas psicodélicas
incensos com músicas num cochilo de tarde
cochilos de tarde com trilhas sonoras
caminhadas
leituras
caminhadas e leituras no final da tarde
Americana
dirigir nas três pistas
Pink Floyd
a voz do Milton Nascimento
a felicidade dos Beatles
Yellow Ledbetter
lugares inéditos
sensação de vitória interior.

sábado, 13 de maio de 2017

Vocês estão pouco se fodendo com as loucas.

Faz tempo que eu quero falar sobre isso. Sobre como vocês não amam as loucas. Sobre esse papo furado de "você é tão diferente". Acabei de ler:

"Amam as loucas
Casam-se com outras"

e finalmente decidi escrever. Colocar pra fora todo o nojo dessa hipocrisia que envolve as mulheres que saem do padrão, que ousam ser elas mesmas sem se preocupar com o que o parceiro, a parceira, o bar ou o papa vão pensar. Colocar pra fora o nojo que cada dia só aumenta pra cada homem que diz: "eu gosto de você, você é tão diferente". Sim, somos diferentes. Eles mandam mensagem depois do almoço que foi depois do motel que foi depois da estrada ouvindo músicas que só você tem no carro diferente das outras não-tão-diferentes depois do bar: "eu posso ser eu mesmo com você". Eles te contam que não conseguem perdoar a mãe, eles dizem que você é a mulher que mais parece com ele, afinal, você é a única que bate cabeça no show ou aposta corrida no mesmo - e sem dar uma foda pro resto das 60 mil pessoas que estão ali. Eles somem, voltam com a ex, te veem surgindo como um fantasma na chuva e voltam. Você perdoa, não porque você é trouxa mas porque você entende que as pessoas tem uma vida além de você, além da cidade em comum: as pessoas tem outras pessoas em suas vidas. As pessoas tem o direito de tentar fazer dar certo com outras pessoas, as pessoas tem até o direito de sumir do nada, embora isso seja bem escroto. É o seu coração de ouro, e eles dizem que cada vez tem mais certeza que você tem um. Eles adoram poder gritar com você pra fora da janela do carro, cantar Red Hot ou Creedence. Eles contam sobre cocaína e outros problemas, sobre os problemas familiares, sobre querer voltar pra casa, ou sobre não querer mais ficar em casa, sobre falta de ética sem medo de serem julgados. Eles dizem: "eu nunca disse isso pra ninguém", "nem meus amigos sabem". Mas na hora de assumir, só se for a barbie.
Eles não se importam com você ser diferente, pelo menos não o suficiente pra querer continuar com você. Eles não querem assumir alguém que grita de euforia, que não se sujeita a pouca bosta, que não aceita um convite de última hora. Eles tão pouco se fodendo pras loucas. Eu ainda não descobri o por que de eles continuarem mantendo algum contato, ainda não entendi a vantagem que traz pra eles, as loucas. Talvez a rebeldia? A porta de acesso pra poder se desligar do sistema?  I need a dirty woman, I need a dirty girl? Mas pra apresentar pra sociedade, tem que manter o padrão. Ainda tem que impressionar a mãe que não consegue perdoar. Ainda tem que andar ao lado da advogada ou da médica, com seus saltos, paixão por Paris, maquiagem impecável, no máximo um estilo mais dark, mas sabe como é: tatuagens por todo o corpo seguido de cigarros e batom vermelho, roupas provocantes no seu corpo padrão - bem roqueirinha, mas sem sair do padrão; não ao lado de quem parece que acabou de sair do Woodstock. Eles amam o woodstock, mas preferem a menina Rock in Rio. Eles só ligam pras loucas um tempinho, mas as descartam porque pra assumir algo sério e apresentar pro mundo, tem que ser com as outras.