sábado, 14 de dezembro de 2013

F in heaven

Would you know my name if I saw you in heaven? É o Eric Clapton neste sábado a noite me fazendo questionar sobre paraísos. Se realmente existe (e eu quero acreditar que exista, pois não gosto nem um pouco da ideia de tudo isso ser em vão, todas as banalidades, os grandes feitos, as emoções, os processos genéticos e moleculares) eu tenho uma certeza dentro de mim que gostaria de encontrar certas pessoas. Ter uma certa vontade de, caso exista um paraíso, encontrar uma certa pessoa daqui há algum tempo (e, quem sabe, eternamente) é um sinal de que não superei? Mas o fato de eu não chorar mais, não me magoar, não fumar, não o procurar, não demonstra que consegui ser forte para aguentar que simplesmente não deu certo? Se eu contasse isso para qualquer outra pessoa, seja uma amiga, ou amigo, minha irmã ou minha mãe, certamente me diriam que ainda estou apaixonada por ele. Mas não estou: apenas o quero bem, apenas quero que seja feliz em São Paulo e Sorocaba, na escola e no bar, com cabelos loiros ou morenos, sem mim, mas com alguém que o faça bem. Apenas torço (muito) para que ele siga cada vez mais forte, "cada vez mais belo, cada vez mais velho, cada vez mais". E apenas gostaria de vê-lo em algum tipo de paraíso - gosto mais ainda de pensar que existe um paraíso, pelas chances de reencontrar pessoas, ou simplesmente não perdê-las. Há pessoas que passam na sua vida que simplesmente você não quer deixar que se afastem de você, de alguma forma elas te transmitem coisas maravilhosas, te fazem sentir muito bem. E esse negócio de me afastar e ter que superar e sumir da vida dele porque simplesmente a minha presença não faz diferença na dele é só mais um orgulho besta e uma forma de me proteger (necessária para superar e esquecer). Mas nunca, nunca foi o que eu realmente quis. E parece que nunca vai ser. É só por aqui. Queria ficar longe e ter que me ausentar e distanciar apenas nesta vida, apenas neste mundo. Ao ouvir a música do Eric Clapton, me veio a mente toda essa situação: eu, ele, nunca mais. Nunca mais ver. Esquecimento. E se ele esquecesse meu nome? Por isso, mais uma vontade de acreditar em um paraíso. Vontade de encontrá-lo em outra vida, em outro mundo, sem (res)sentimentos. Talvez seja só isso, não é paixão. Ou talvez seja. Ou talvez eu nunca estive apaixonada, eu sou apaixonada. Eu sempre fui, só bastou o primeiro olhar para reconhecer isso. Caralho, é verdade?! E se, na verdade, não acontece que nos apaixonamos com o tempo pelas pessoas mas sim sempre somos apaixonados por elas, mas só percebemos isso quando elas, ao passar do tempo, começam a demonstrar/ proporcionar/fazer coisas que nos agrade e nos leve ao descobrimento dessa paixão, que - retomando - sempre esteve ali? A gente só descobre. A ficha cai. A ficha cai de que somos apaixonados por alguém, não "estamos". Não é algo que passa.
Este blog está quase rindo da minha cara.
Mas promessa de ano novo: esta é a última vez que escrevo dele.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

inspirado em bukowski Pt. 2

é só mais um dia
de mais um mês
de tantos anos
ordinários
e marcelo continua
indignado

um mês para o natal
e todas as luzes
e cheiros
e quem sabe um reencontro
e quem sabe um beijo

eu gosto
das luzes e dos cheiros
do final e do recomeço
e quem melhor que um ano novo
para nos dar
essa oportunidade?

é meio banal, mas
encantador

e se tiver que acontecer,
o sexo acontecerá
e as noites serão regadas
de cervejas e ruídos
e se não tiver que acontecer,
posso até me machucar
mas as noites serão finalizadas
com cervejas e poemas

inspirado em bukowski Pt. 1

muitos poemas
do mesmo autor e
cervejas
nas noites de quarta
e nas tardes quentes
de quinta

inspirada
quando ele fala
das putas
e de querer uma
mulher boa
e não saber
se eu sou boa
ou se a puta de lá
é a boa
e não puta

nem querendo entrar
nesse assunto velho
já engavetado
já selado
só querendo escrever
um poema
no estilo bukowski
enquanto vejo marcelo
indignado
sobre o pesadelo de darwin
e o fato de
ninguém da sala ter assistido

e, surpreendentemente,
fala sobre o capitão
e, surpreendentemente,
não me machuca

e olha que
o amor
é um cão dos diabos

domingo, 10 de novembro de 2013

Conto [9]

- Conheci uma banda nova, ele canta com emoção.
 - Mais que Johnny Cash e Bob Dylan, na sua música preferida?
- Mas você ainda pergunta uma coisa dessas. Quando que alguma música vai ter mais emoção que aquela? Porém, o cara canta umas verdades. E umas coisas meio depressivas, também. Para uma pessoa normal, pode parecer clichê. Mas não sou uma pessoa normal agora e não sinto isso, sinto como se ele escrevesse com todo o coração, para uma pessoa que o machucou muito. Talvez eu esteja mais emocionada com a música por estar machucada também.
- Isso está errado.
- Eu estar machucada? Ah, obr...
 - Não, você dizer que não é uma pessoa normal agora.
 - Bela ênfase no agora. Eu sei que nunca fui normal. Mas se já sou estranha "normalmente", como posso me definir apaixonada ou machucada?
- Continua falando da música.
- A música fala de emoção e...
- E a parte das verdades?
- Ah, é, ela te faz pensar umas coisas bem tapa na cara, sabe?
 - Qual trecho?
- How can you love someone and not yourself?
- Se eu fosse sua melhor amiga, você teria que traduzir.
 - Mas você não é, então não muda de assunto.
 - Eu preciso mudar de assunto. Porque se você não muda e se ninguém fizer isso por você...
 - Han? O que vai acontecer?
- Você vai continuar presa nesse assunto e ouvindo esse tipo de música e conhecendo essas bandas que sabe que eu não sou muito fã, sou mais do metal.
 - Cala a boca, que você chora com Blues.
 - Quer batata?
- Não, quero emoção.
- Isso é fácil.
 - Mas dói.
 - É só saber selecionar os tipos de emoção que procura. Me passa a pimenta.
 - Não posso estar tão errada por ter me apaixonado. Todo mundo gosta. São sensações gostosas no começo... mas, porra, como faz mal, né? É como uma bela bebedeira, no começo você se sente incrível e não sente nada: não sente às vezes nem toques ou surras, sente mais profundamente uma música, sente mais a energia, as pessoas, o ar carregado de amor, amizade, instrumentos. Sente graça em tudo, vê beleza em tudo, vê tudo com mais intensidade, cores, sentido. Mas depois que acaba e você volta pra merda da vida normal sem estimulantes, a primeira coisa que faz ao abrir os olhos é se sentir um lixo. Sentir-se o oposto de todo aquele incrível: sentir dor de cabeça, ânsia, dor em tudo, na cabeça, no corpo; ressaca moral, ressaca física...
 - Você não tava falando da música?
- Porra, se você continuar falan...
 - Ok. Vamos para essa sua comparação bizarra de paixão com bebedeira. Deixa eu dar o último gole deste copo.
(Silêncio)
Depois de abrir os olhos você levanta da cama, ou do sofá ou do chão ou da privada ou de sei lá onde você dormiu na noite anterior, e vai se hidratar: bebe água, bebe suco, bebe coca. Come alguma coisa, come coisas salgadas, come doce. Deita e espera um pouco. No final da noite tá até ligando para as amigas pensando em qual vai ser o próximo rolê...
 - Mas na paixão não é assim.
- Caralho, você estava comparando as duas coisas até agora! Você só não quer enxergar.
- Então me dá uma porra de um saleiro pra eu curar essa dor. Me dá alguma merda que me faça tão bem quanto litros de água... me dá alguma garantia de que eu vou parar de me sentir mal até o final da noite. Porque eu não penso em nada e...
- E sua teoria falhou.
- Quê?
 - Essa coisa estranha de comparar bebedeira com amor. Você acabou de perceber que é uma idiota sofrendo por um cara e tentando achar explicações simplistas em coisas desconexas, só para ter alguma coisa em que pensar.
- E o que eu faço?
 - Me fala mais da música.
- Ela pergunta sobre quem vai fazer a pessoa amada se sentir melhor, quem vai ser o que, na verdade, o eu lírico sempre quis ser.
 - Bacana.
 - E isso dói pra caralho porque, no meu caso, eu sei quem é. Eu descobri na quinta que quem vai cuidar dele está em São Paulo. Já está cuidando, já o está amando.
- Você ia nas aulas de geografia, né?
 (Silêncio)
Sabe que São Paulo é grande, né? E tá ligada que tem mais uns par de estados por aí neste nosso pequenino país.
- Ok, eu sei que tem milhões e milhões de pessoas pelas ruas e no trânsito e nos bares e lanchonetes e cruzando todo dia nossos caminhos... mas a gente nunca os conhece de verdade. E quando conhece, se você se atreve a se apaixonar, cai nessa merda.
 - Não tá dando. Você está muito na fase: não vou aceitar, ele é o único pra mim e toda essa merda que tentam te enfiar, todos os dias, na sua cabeça através de TV, de revistas, de casamentos falsos, de relacionamentos mascarados, de status conjugal e... de músicas.
(Barulho de cerveja sendo despejada no copo)
Olha aí, chorando com a voz do cabeludo.
- É. E eu quero mesmo passar pra próxima fase, mas tá tão difícil...
- Então ouve mais a música e aproveita esse período. Mas não queira respostas agora, ou conselhos que te dê uma luz no final do túnel: aceite que você quer agir como está agindo, que quer se lamentar ainda por não ter sido a tal e todas essas coisas. Aceita que quer e precisa desse tempo de dor. E só quando estiver realmente preparada para aceitar as verdades e pensar em como agir daqui pra frente pra aliviar toda essa coisa ruim dentro de você, peça algum conselho.
- Que diabos! Eu nem pedi conselho, tá se achando o sabichão.
- E o que você quer, então?
 - Falar da música.
- Então fale da música...

Desintoxicação

Eu precisava desintoxicar-me de você. E pra isso foram precisas as tais atitudes "infantis". Excluir você de tudo que me circula, do meu espaço, dos meus meios, do meu social,do meu corpo, até que seja excluído da minha mente, das minhas lembranças. Dói demais ouvir de uma pessoa pela qual você está apaixonada que outra a desperta sentimentos. É como um tapa na cara seguido de "você não foi suficiente". É pra baixar a auto-estima, é pra chorar no meio da festa mesmo, sem se importar ou perceber com quem está a sua volta. É um tapa necessário para seguir em frente, mas que dói demais. Dói mais ainda porque seus sentimentos se confundem: é um misto de felicidade pela pessoa que você ama estar se sentindo bem e isso estar visível nela, feliz pelo bem que a está causando, e uma triste profunda de um: por que eu não consegui isso? É uma brecha pra ouvir todas as músicas melosas, desde as mais recentes, como Adele, até as do começo da sua adolescência, como Taylor Swift. De Comfortably Numb até What's Hurt The Most. E pra tentar fechar a ferida, você precisa se afastar. Você nunca consegue superar alguém mantendo contato com a pessoa. Ou simplesmente acompanhando a vida dela; o que faz, com quem trepa, onde frequenta, o que sente. Nada disso pode mais fazer importância. Nem o fato de a pessoa passar reto por você no campus. Você tem é que agir igual: a partir de agora, você também vai fingir que não conhece; e não é por vingança não, nem por algum tipo de necessidade de "dar uma lição" na pessoa: é simplesmente porque passar perto dói. Um oi é uma bomba jogada no peito, um não oi é duas bombas seguidas. Esse é mais um texto clichê, que provavelmente várias meninas (e meninos) escrevem quando partem seu coração, ainda mais os jovens, os adolescentes, eu sei que estou escrevendo como se tivesse 15 anos e esse fosse meu primeiro dram-a-mor. Mas é um jeito de marcar um final, eu tenho essa necessidade, esse blog acumulado de textos sobre amores e desamores e ilusões e desabafos sabe disso. Sabe que eu preciso digitar e guardar o que acontece aqui dentro. É como se fosse o primeiro passo para me desintoxicar. Desintoxicar. Tirar essa paixão que sufoca, esse gás de amor, essas profundas substâncias tóxicas viciantes, todo esse lixo dentro do meu corpo que me faz sentir mal, me faz sentir fraca, me faz chorar, me faz querer me intoxicar mais ainda. Desintoxicar de todas as pílulas de esperança, os tragos de sonhos, as ressacas de riscos, as primeiras vezes, o primeiro tudo, o incrível e simples e puro primeiro caso - de certa forma - correspondido.

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Fuga

Eu percebi que estava usando essa paixão como desculpa para não sofrer por coisas mais sérias, que despertassem crises existenciais e loucuras. Vendei meus olhos: filmes de lembranças e saudades. Preferi sofrer por amor, pois, perdendo meu tempo pensando em bigode e oral e voz e matanza e gong e corpo, não pensava em cidades, movimentos, ideologias, atitudes, escolhas, papelada. Preocupava-me mais com suas matérias reprovadas,para não chorar pelas minhas. Continha minha atenção na preocupação de suas dores, para não perceber as minhas, que gritavam, mas gritaram tanto, que se esconderam, por não receberem atenção suficiente. Percebi que se esconderam e usei isso ao meu favor, fazendo sempre a mesma coisa e voltando a desejar você e focar toda a minha atenção em você. Era mais importante te dar mais um beijo e levar para atrás da área na qual estava acontecendo o festival de música do que estudar meristemas primários e secundários. Não queria parar para pensar nas minhas escolhas, não queria perceber que sentia falta de criança e me emocionava com Paulo Freire, troquei literatura de educação ambiental ou até mesmo livros massantes obrigatórios para Bukowski. Queria ser a mudança do seu mundo, por medo de enfrentar o meu. Queria ser um marco que lhe provocasse ardência por uma nova vida. Sofria, sim, cada vez que sonhava que cozinhava com sua mãe e que você dormia, no final da noite, do meu lado. Sofria, quando acordava e via que a minha cama não estava sendo compartilhada. Mas, francamente, era mais fácil sofrer por isso do que pela realidade das minhas escolhas, pelas consequências que enfrento e pelas futuras mudanças que só estão aguardando minha coragem. Ainda absorvia Hang On To a Dream com incensos. Absorvia cigarros, Casa das Máquinas, álcool: era uma forma de te manter por perto, sentir sua presença, mesmo no vacuo. Lia seu autor preferido, tentava acreditar que você pensasse como ele, admirava Lygia, voltava a fumar, fumava atrás da área, chorava, queria, no fundo, que você fosse como Chinaski. Bêbado safado mas que sabia enxergar as qualiaddes em suas mulheres. Algumas o tocavam - profundamente. Significavam algo. Troço para ser uma dessas, em sua vida. É, você foi uma fuga. Uma delícia, da espécie amarga-quero-mais. O bom, do momento, é ter percebido isso. Continuo achando que foi lindo o pouco que vivemos, pelo menos o que eu vivi e senti. E esperando que eu não tenha sido apenas mais uma que passou com a manante. . http://www.youtube.com/watch?v=eJMH-NfHykw "I would run away with you..."

domingo, 22 de setembro de 2013

Ainda querer

É bonita demais essa música, composta por uma mistura deliciosa das vozes de Bob Dylan e Johnny Cash. Mas é triste demais ouvir isso sozinha. É uma felicidade que sai do nosso corpo, só devido algumas notas cantadas, mas que precisa ser compartilhada: com outra alma, com outro corpo. É muito triste sentir uma sensação tão boa em um espaço tão vazio. É muito triste estar sozinha em seu apartamento pensando nele. E todas essas uvas e essas bebidas e essa vontade de fumar. E esse livro de anatomia vegetal trocado por poemas do velho safado. E mais uma vez vendo as fotos dele e sentindo saudade do gosto e reproduzindo as vozes de Bob Dylan e Johnny Cash. "See for me that her hair's hanging down, that's the way I remember her best". Não adianta pensar que você merece coisa melhor ou tentar aceitar que não é esse tipo de cara que você quer pra você, vai sempre voltar a ver comentários da mãe dele e querer conhecê-la, dar de cara com a ex e sentir um ciume/insegurança/raiva inexplicável de gente idiota mesmo, ver a foto do sobrinho dele com uma blusa de dinossauros e achar fofo, voltar a conclusão de que, mesmo maluco, ele é mágico. E querer toda a imperfeição que tantas pessoas falam que ele tem, querer de novo, querer por uma noite, querer por mais vezes, querer de uma forma inexplicável e única, querer sem saber por quê, querer carnal e espiritualmente. Mas controlar o espírito é até mais fácil: você se distrai, você ouve Bob Marley, você enche a cara e enche a cabeça com preocupações profissionais. E o carnal fica cada vez mais difícil: você fantasia quando encontra, fantasia pensando em encontrar, fantasia e sai faíscas incontroláveis por cada parte do seu corpo, cada terminação nervosa, cada área sensitiva, com ou sem toques. E manda mensagens depois de meses sem conversas. E espera respostas e busca perguntas e se questiona se é isso o que quer e se questiona se precisa disso e se questiona sobre a vida e o quão breve ela é e o quão intensamente você a está vivendo e se isso é certo e o que é certo e se estaria feliz se morresse amanhã ou se teria alguma coisa que queria ter feito e se essas coisas estão ao seu alcance e entra em paranóia e chora e se sente uma imbecil por tantas perguntas e principalmente por não conseguir responder muitas e principalmente por ainda querer transar com ele.

domingo, 1 de setembro de 2013

recaíndo na madrugada

É como se todo o esforço não valesse a pena. É ver que ele não está online e não se importar com os outros curtirem a música que você acabou de postar. É como se, de alguma forma, dentro de você, você quisesse algum tipo de atenção, mas específica, de uma certa pessoa. É como querer se transformar em algo inanimado, para deixar de sentir dor. É como querer se transformar em algo vibrante, colorido, dançar tango em cima de um dinossauro, só para ver se assim chama a atenção dele. É voltar a escrever de madrugada. É perder dias de estudos ouvindo músicas. É regredir. É ter medo de voltar a sentir tudo. É ter que aceitar a - não primeira e tampouco última - recaída. É ter que começar a se acostumar com esse sentimento, por mais ruim que ele seja. É sofrer de abstinência. É querer engolir o perfume do corpo natural, morder o corpo e perder o controle da boca. É, é querer os sentimentos carnais de novo, querer voltar no tempo e não ter dito alguma coisa e ao mesmo tempo querer fechar o computador e parar de escrever tanta coisa. É saber que, enquanto escrevo, ele está, certamente, com outra. Ou não. É estar preocupada com ele não estar com outra. É querer que ele termine o curso. É desejar que ele vá embora, pelo meu bem e pelo dele. É se preocupar com o porquê das faltas em cálculo, é querer entender o que está acontecendo, o que ele quer, o que ele vai ser, o que está sendo. Ou é muita falta do que fazer. Na verdade, até tem, talvez seja falta de querer fazer. Se eu me concentrasse mais em minhas coisas talvez os detalhes dele não fariam mais participação especial nos meus dias. Vou tentar voltar às apostilas e deixar de lembrar do corpo, dos dentes, do atrito da barba na minha pele. E parar de escrever, de ouvir... talvez dormir. Ou assistir quando os dinossauros dominaram a terra. Mas isso vai me lembrar ele. E cadê o livro do Caio Fernando para me entender e me fazer esquecer? E que merda de nome. E que este texto jamais seja lido por outra pessoa, a não ser eu. Ou um melhor amigo, quando eu precisar desabafar mas estiver com preguiça de falar ou digitar. É mais fácil mandar o link de um texto secreto. E que seja secreta essa minha recaída. E que morram esses sentimentos. Por mais paz e amor que eu seja e não deseja nunca a morte de nada e ninguém. Mentira, não quero que morram, eles são tão bonitos, por que desejar a morte de... não, não são, eles me fazem perder tanto juízo, tanta concentração, eles me DESEQUILIBRAM. Parei de escrever e vou me despedir dos amigos. Vou tentar o método do "dorme que passa". Só não quero acordar amanhã necessitada de ouvir música e sentir vontade de chorar no ônibus. Não, eu tenho mais com o que me preocupar...

domingo, 28 de julho de 2013

Conselho transformado em texto

Me pediu conselhos. Disse para não se entristecer. Que "sei que é difícil, mas a vida é tão maior que tudo isso. Que qualquer sofrimento e qualquer pessoa que faça nosso coraçãozinho doer. Existem milhões e milhões de pessoas por aí... que podem te roubar sorrisos e provocar agitação na alma, mas voocê nunca sabe quando vai encontrá-las (ou até encontrou). Mas elas existem, estão aí, ali e aqui, nos corredores, no trânsito, nos lugares em comum, nos amigos em comum. O que não podemos fazer, é fechar as janelas e portas da nossa vida e nos afundarmos no escuro de um quarto obscuro. Se fizermos isso, claro que a felicidade não vem. Porque a gente não muda a posição e os olhares. Olhando só para algo que te faz sofrer, é claro que vai chorar; então tem que ser forte, sacudir a poeira e tentar olhar pros lados. Algum lado vai te fazer bem! Mas usa esse pescoço, desvia o olhar, muda de postura, desliga o replay." Me respondeu que iria imprimir o conselho, colar no guarda-roupa e ler todos os dias de manhã. Me senti confortável, talvez alguém estivesse tomando o conselho que eu mesma precisava tomar. Me senti útil e finalizei: "Espero que tenha provocado algum efeito... sei que é difícil, qualquer palavra nesses momentos parece torta, essas palavras de espécie de auto-ajuda é visível para nosso eu machucado como nossas inimigas, nossas traidoras. Dá vontade de rir da cara delas, de tão patéticas, e xingá-las: suas filhas das mãe, não é bem assim, vocês falam porque não sofrem, porque você: superar, não tem coração; você: esquecer, não tem uma memória de um apaixonado; e você: "deixa pra lá", nunca viveu intensamente o "pra cá" de um beijo. Parece que essas palavras não tem direito de intervirem em nossas vidas querendo aconselhar-nos sobre o que fazer, parece que nunca ninguém sabe como dói e como é difícil se ausentar ou aceitar a distância de algo que nos fazia feliz, ou ainda faz, ao mesmo tempo em que nos dói. Parece que nenhuma palavra entende essa bipolaridade dos sentimentos, essa contradição que vivemos e essa aceitação por viver, e desfrutar de, toda a confusão que se passa no nosso interior. Mas é preciso deixar essas palavras ali por perto, por mais que a raiva ganhe poder, conquiste espaço, por mais que nossa cabeça não queira absorve-las e muito menos nossos sentimentos queiram tentar entender, porque, na verdade, eles não tem essa função, certo? Eles precisam sentir, e só. E o que basta. E também, é o que fere. Mas essas palavras tem que ficar guardadas num ladinho para servir de apoio... por mais que doa, por mais que pareça inaceitável e por mais que elas não sejam bem-vidas, por mais que a única coisa para qual você queira abrir a porta seja a dor, as músicas tristes e a lembrança do perfume. Dói e não é pouco, mas tem que abrir a porta para elas também, deixá-las como visita e, vez ou outra, tenta dar uma lida para que, quem sabe, alguma parte dentro de você "avança" e ajude a você se sentir melhor... Mas enquanto não estiver pronta para aceitar essa visita, aconselho a ocupação. Tente se ocupar, esse é meu maior conselho. Adquira um novo hobbie, assuma alguma responsabilidade, busque conhecer novas coisas: novos sabores, novos odores, novos corpos, novos risos, novas músicas. Já dizia a velha frase... "mente vazia é oficina do diabo", ou coisa do tipo." E encerrei a noite. Quem pediu o conselho, sentiu-se muito bem. Eu, fui dormir ouvindo James Blunt. E tentando seguir o que eu mesma declarei.

Abrace e descarte

Todo mundo tem direito a um dia de fossa. Mesmo com a pressão do: "não ter uma recaída jamais", não é saudável tonar suas lágrimas prisioneiras de um corpo e fundir sua tristeza nos seus ossos. Não tatue suas decepções: jamais. E, para que o tempo não as tatue, as deixe se libertarem... seja fugindo pela porta dos olhos ou pela garganta, ao cantar uma canção melosa. Sim, reserve seu dia para aproveitar aquela discografia lenta, ou dar play na sua lista de reprodução intitulada: "bad". Deixe de sair para o bar, em algum sábado, vista seu melhor pijama, assista a algum filme, leia os trechos do escritor que lê sua alma, peça um vinho ou uma pizza e não se sinta mal por chorar comendo. Ou por chorar discando. Disque para algum amigo e desabe. Ou disque e ouça a voz da pessoa que te faz desabar. Ou faça qualquer outra coisa que queira fazer, por mais que te faça sofrer, mas que é preciso fazer. Antes liberar os dragões do que deixá-los dormindo em seu coração. Um dia eles acordam. Eles sempre acordam. Tente matá-los, com tequila ou com Ouro Branco. Com glicose depois da festa ou com glicose da sua caixa de bombom. Reserve um dia para a sua tristeza: você precisa abraçá-la, para depois descartá-la, como aconselhado em um filme.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

The End

Não que eu vá sentir raiva, guardar rancor, desejar azares, raios ou desamores. Mas vou congelar essa parte de mim que gosta de brincar de casos, que gosta de jogar com o amor. Sem encontros, sem beijos, sem pessoas interessantes levadas a sério, sem pessoas desinteressantes levadas a sério, sem expectativas, sem raios, sem rancores, sem azares, sem amores. Não também que ele tivesse o direito de voltar, depois de três anos, a se comunicar, a demonstrar interesse, a querer marcar algo. Mas eu também não tinha o direito, comigo mesma, de deixar acontecer. Temos até o fim da noite para mais uma noite mal dormida, com mais pensamentos ansiosos e dúvidas eloquentes perambulando a madrugada, com direito a ânsia e acordar às 5:59 da manhã, assustada, com gosto de crises existenciais. Noite para rever: quem está lá para você. Para superar: the wasted years. Para enterrar: todos os ex. Para compreender: o que bagunça. Prevejo que não vai ser fácil, mas vou tentar tirar proveito disso tudo, dessa minha mão erguida, esperando por apoio, sem ninguém para apertar, para puxar. De tudo que está acontecendo e que vai acontecer. Nem que acabe acontecendo que eu me prenda, me prenda a mim mesma, me exile. Nem que o custo seja a solidão, mas a decepção vai ser tão grande, e já está sendo, que a solidão é a única que abriria os braços para mim, a única, então, com a qual eu poderia passar a noite, desabafar as angústias, os sonhos não realizados, a gritante diferença do Eu com 16 anos e do Eu com 19, tão gritante que me ensurdece e me sangra. Estou perdendo a graça com todas as pessoas, e seus interesses mesquinhos, e suas palavras frágeis e suas devoções fúteis. Cansada de estar ali quando não estiverem aqui. Cansada de ligações não retornadas, de ser sempre a que ama mais. Em todos os sentidos, em todos os setores de relacionamento. Mas depois dessa noite pertubada, Beatles vai me acompanhar, junto à solidão, e me ajudar a colocar em prática os conselhos de The End. E adeus. "And in the end, the love you take is equal to the love you make."

domingo, 21 de julho de 2013

1 x 0 pro México

É estranho pensar que às vezes o destino parece brincar com você de propósito, querendo te ver mesmo na merda, sofrer um pouquinho e rir da sua cara. Faz você conhecer alguém com o qual você simplesmente se identifica de tamanha forma que não consegue dormir até conseguir um beijo. Tudo começa quando essa pessoa passa, do outro lado da piscina, e seus olhos já olham de outra maneira. É atração física pura, pela barba, pelo cabelo, pelo sorriso, pelas roupas, pelo corpo: é o seu estilo de cara. É o tipo de cara que te faz apagar todos os outros rostos da festa, por mais atraentes que sejam, e por mais que você até beije outro rosto, porque afinal, não quer ir dormir sem matar um pouco da carência e do desejo, mas parece ser em vão quando só o outro te faz tremer de tesão. Então você perde as imposições de: ser delicada, ser discreta, esperar a atitude dele etc etc, e vai, e encara, e sorri, e senta do lado e conversa e senta na grama e conversa mais e troca metáforas e olha nos olhos e sente calor e compartilha tesão e rouba um beijo e é roubada por um beijo, por um olhar, por uma força de um corpo. Ainda não satisfeita, em vez de dormir às 5 e meia da manhã, sai para dar uma volta na chácara e, com aquele último a ir dormir, depois de várias cervejas, jabuticabas e cigarros, troca saliva e carícias. Você espera várias coisas: terminar na cama, uma pegada diferente, conversar mais, qualquer coisa menos que essa pessoa tenha outro alguém em outro país. Ok, até aí dá para imaginar que não é possível um relacionamento nessas condições, certo? Mas o maldito facebook existe e os amigos em comum bêbados em uma mesa de churrasco também, logo, descobre que a pessoa vem, possivelmente, para o Brasil no final do ano e eles terão um final feliz. Por que o destino tem que mostrar pessoas certas que não são certas, pessoas que são exatamente nosso tipo e que, realmente, e prioritariamente nos dão vontade de fazer e tocar e chupar e morder e se entregar mais que à outras que passam batido, quando nosso destino não são elas? Só mais um caso de verão, de uma noite e um dia mas que foi tão intenso que merecia um texto para eternizar. Só mais uma briga minha com o destino e as pessoas que este coloca para cruzarem comigo, em momentos inconvenientes principalmente. Uma pequena dose de raiva por sentir tanto desejo por um cara e ter que esquecer qualquer possibilidade de contato ou reaproximação ou reencontro ou conversas ou amizade ou ficadas longas ou até algo sério. Esquecer porque essa pessoa está apaixonada por outra, está esperando um voo especial e quem sabe daqui um ou alguns anos essa pessoa esteja casada? Parece que alguma coisa dentro de mim gosta das coisas mais complicadas, atrai o tipo mais enrolado de gente e meio que gosta de tomar na cara. Em vez de desistir logo de primeira, prefere investir em uma mísera chance, sem pensar em qualquer consequência. Está bem, destino, dessa vez eu deixo passar, até mesmo porque não tenho escolha. Mas você poderia ser um pouquinho mais legal comigo e colocar na minha vida alguém bacana que me faça sentir as mesmas coisas intensas e repentinas - e estranhas por se sentir em tão pouco tempo - e tão forte e tão difícil de abrir mão, que não seja meu professor, um canalha, um cara de uma cidade longe, um cara que esteja comendo uma grávida ou um cara que está em um relacionamento com uma mexicana. Não é pedir muito, é só pedir um cara possível. É tão difícil eu dar certo com alguém possível? Ou vai ser sempre esse roteiro de novela mexicana? Merda, essa última palavra.

domingo, 21 de abril de 2013

De noites de balada para noites com videogame.

Cansei de vida de balada. Não quero mais ir a uma festa, ficar muito bêbada e beijar um desconhecido. Quero beber junto com alguém, enquanto ouvimos musicas que ambos gostamos. Quero comer lanche e assistir a Star Wars. Quero assistir a filmes, no frio embaixo do cobertor, da forma mais clichê possível, que eu sempre achei estranho e babaca e nunca via tanta graça. Quero ir ao cinema e olha que nem sou tão fã de cinema. Quero assistir Jurassic Park em 3D com alguém que também goste. Quero jogar videogame. O pior é que quero tudo isso com uma pessoa especifica e pior ainda é que é você. Você que tanto quero não querer. Quero dormir com sua camisa e trabalhar com seu moletom. Sentir seu cheiro fundido com o meu e poder ligar para contar uma novidade. Poder ligar para pedir para passar a noite comigo. Passando as noites dormindo e passando as noites acordados. Quero mais fundo, quero que cada um conheça a cidade do outro... quero que sua mãe goste de mim, me abrace de verdade e seu pai faça brincadeiras. Quero a confiança da sua irmã, quero comprar uma mini-camisetinha do Pink Floyd para o seu sobrinho. Quero fazer almoço pra dois. Quero tirar esse creme do cabelo, comer algo que engorde e tentar me distrair, seja assistindo a um filme, jogando ou lendo. Fazer coisas aleatórias que tentem me distrair desse querer todo, já que coisas que exigem concentração e dedicação eu não estou conseguindo neste final de semana mesmo... Quero fazer qualquer coisa que me faça esquecer que quero tudo isso. Queria não querer, queria ter querido sair no final de semana, estar animada para a sexta que vem, beijar um dos três que eu podia, ou os três, na última quinta. Mas tudo que quero são essas coisas caseiras e com uma só pessoa. Queria, na próxima festa, beber até cair, se precisar, até vomitar, e quem sabe desse vômito saia tudo, tudo dentro de mim, até as esperanças e as saudades. Beber a ponto de conseguir ficar com outro e não lembrar de você nesse beijo. Beber a ponto de te ver e não te reconhecer, assim, não sentir mais vontade. Mas é tudo em vão e eu volto a estar às sete e catorze da noite num domingo escrevendo sobre você com creme no rosto em vez de estudar e fazer coisas que preciso fazer.

sábado, 30 de março de 2013

Trocar o inútil pelo necessário

Eu queria estar fazendo outras coisas, as minhas coisas. Eu tinha que estar fazendo essas coisas. As datas estão marcadas e eu tenho que fazer mil coisas, mas como continuar essas coisas quando se tem uma sacada da sua cidade te chamando para observar o céu e o movimento e sentir o cheiro daquele lugar e fazer com que você se sinta em casa? Uma sacada que te convoca pra pensar - e até sofrer. A música continua tocando e A-ha energiza a sua casa, te fazendo lembrar de beijos, vontades, desejos. Não dá para se focar num raciocínio de um autor que você precisa entender - para a sua prova daqui um mês e para sua formação profissional - quando se tem as fotografias mentais das pernas entrelaçadas sob um edredom com cheiro e um tipo de descarga saindo do seu corpo querendo te impulsar para o toque mais sensível e profundo que você já recebeu. É difícil permanecer no padrão e seguir as regras, as únicas condições que você tem que, realmente, seguir, quando tudo que você pensa que quer é largar tudo e transar ouvindo Led Zeppelin. Chega de vinhos, poemas do velho safado, solos orgásticos de grandes guitarristas e lembranças de uma noite de verão qualquer, chega de querer reviver tudo ainda com mais intensidade, chega de querer doar seu corpo e sua intimidade. Vamos trocar esses instintos sacanas para referências bibliográficas e artigos científicos. Pelo menos, é isso que deveria acontecer. Enquanto tento, espero que funcione até a data da viagem na qual nos encontraremos, pois se nada adiantar, além de DP, vou pegar você e uma grande recaída, com direito a ataque e despir suas roupas e máscaras.

sábado, 23 de março de 2013

Recaída

O que você faria, se descobrisse que falo de você para minha mãe? Por esse motivo, já é possível perceber o quão mais importante é para alguém algum tipo de relacionamento. Dificilmente você vai comentar para a sua mãe sobre alguém pela qual você não se importa de verdade. Pedir conselhos e toda essa coisa boba. Ela sabe seu apelido. E ela me diz para eu não ficar triste. Dizem-me também, para não ficar triste, minhas amigas, irmã e algumas músicas. Mas eu troco de disco, ouço 50 receitas do Leoni e Enquanto Ela Não Chegar do Frejat, enquanto leio textos e livros do seu autor preferido. Dá uma pequena, delicada e sutil tristeza, uma pontinha de angústia, na felicidade no começo da leitura de coisas que te fascinam, uma vontade de te ver, uma saudade, sabe? Até que chegar no último parágrafo; de repente, um aperto enorme abraça o meu peito. Não quero nem pensar por quê tudo isso. Desisti de tentar entender como eu posso não gostar de nada em você e ao mesmo tempo possuir sintomas de alguém que gosta - e muito. De tentar te esquecer, pois mesmo que consiga por um mês ou mais, na distância, não pensar/falar/sentir; quando te vejo novamente, caio dessa forma tão patética. Desisti também de tentar entender o seu lado, o que para você tudo isso significa. Embora eu acredite que, na verdade, não significa nada. Mais uma paixão alimentada por mim, sustentada por mim e sofrida apenas por mim. Mais um dia lendo Bukowski sozinha, ao som de uma das bandas estampadas na sua camiseta. Mais um dia perdido, que eu poderia - e tinha que - estar fazendo outra coisa bem mais importante, mas abri mão para tocar a playlist mais fria e triste criada por uma pessoa apaixonada. Vou finalizar com um texto do velho, depois, ver se consigo tentar me distrair ou abrir mais um livro, mais uma cerveja, mais uma ferida.
"quero que ela saiba entretanto que todas as noites dormindo ao seu lado mesmo as discussões inúteis foram coisas realmente esplêndidas e as palavras difíceis que sempre tive medo de dizer agora podem ser ditas: eu te amo."

sexta-feira, 15 de março de 2013

Negativismo cansativo

Gosto de ver que existem pessoas que pensam em coisas boas e relatam sempre coisas boas, positivas. Que pegam o simples e transformam em incrível, que pegam o bom e levam consigo. Já basta a crueldade que existe no mundo, acho muito chato conversar com pessoas que só sabem falar de problemas e que a vida é ruim e que isso e aquilo... Acho mais chato ainda quando a pessoa não tem motivos para reclamar. Acho chato também quando, mesmo que não reclamem, pessoas neutras que também não se dão o prazer de serem e ficarem felizes. Mas o pior mesmo é o negativismo. Tenho canseira de pessoas que vem querer me dar lição de moral falando o quão injusto é o mundo e como elas estão cansadas de tanta hipocrisia. Como se eu não soubesse e não me revoltasse também. Já chorei muito por saber da crueldade existente "lá fora". (Porque, aqui dentro, só guardo amor.) Já chorei por crianças, idosos, vítimas de preconceitos, catástrofes ambientais, egoísmo, capitalismo selvagem, já chorei por "essa terra de gigantes que trocam vidas por diamantes". Mas sempre acabo com mais esperança e querendo lutar. ´Pelo menos, espalhar amor. Não aguento mais pessoas chatas, céticas, sem cor, sem brilho, sem graça. A vida é muito curta pra toda essa chatice! E sinto minha vida "encurtada" sempre que perco tempo conversando com pessoas assim.

A vida é muito curta

As pessoas sempre acharam estranho eu acordar (quase) sempre de bom humor, sempre sorrindo e até mesmo nas "segundas-feiras detestáveis". Um dia, soltei um: "cheira o dia!" e pensaram que eu estava apaixonada, que eu estava gostando de alguém, que tinha algum motivo ali... mas, na verdade, era um simples dia comum. Atrasei para pegar o ônibus para a faculdade, então fiquei lá, parada no ponto, ouvindo música. E o dia estava muito bonito... um vento muito gostoso, uma tonalidade do céu combinando com quantidades de nuvens,um sentimento bem predominando, uma temperatura aprazível... várias coisinhas pequenas que me fizeram sentir um bem estar incrível. Ninguém acreditou neste motivo da minha felicidade... Eu estava tão feliz por estar viva e vendo e vivendo tudo aquilo.. feliz pelo simples motivo de não ter motivo para estar triste! Por poder desfrutar de um dia delicioso, por poder sentir os ventos batendo no meu rosto e nos meus cabelos, por eles parecerem dançar com o ritmo da música que eu ouvia; por poder sentir o cheiro do dia: uma coisa tão abstrata mas tão rara, coisa que a gente perde com tanta frequência e cada perda é irreversível: não terá outro dia. E se a vida for, realmente, uma só? É deprimente só de pensar. Isso tudo aqui é uma passagem e é muito rápido! Imagina quantos dias você perdeu... quantas sensações simples que só este mundo pode proporcionar você deixou de sentir? Quantos sentimentos prazerosos deixamos de nos deleitar pelo simples, medíocre e concretizado fato que levamos embutido conosco de não nos permitir? Por que é tão difícil para as pessoas (até para aquelas que não tem nenhum problema/chateação, o que me deixa até mais surpresa) ficarem feliz por... simplesmente estarem vivas? Por coisas simples? Depois desse dia, uma das minhas maiores frases, até hoje, é: a vida é muito curta para não cheirar o dia! Principalmente a chuva, a grama, o quarto, o amigo etc... a vida é muito curta para esperar motivos para se sentir bem, se sentir feliz.

psenu

Ouço "When she was just a girl she expected the world, but it flew away from her reach, so she ran away in her sleep, and dreamed of para-para-paradise..." e relembro de quando eu era "Just a small town girl, livin' in a lonely world", lembro do meu mundo, por um certo período de tempo, vazio e triste, na esperança de se concentrar de amor e vivência, experiência, cor, na chegada em uma cidade. Para mim, é nítida a lembrança do ônibus entrando naquela cidade e eu sentindo, de uma forma verdadeiramente estranha, como se ali fosse o meu lugar. Eram tantas expectativas, tantos sonhos para este mundo e tanta vontade de viver além do que o mesmo podia me proporcionar: vivendo através de amigos, mudanças e risos, conhecimento, luta e brilho. Entre algumas paredes, me senti como em um quarto bem íntimo: senti uma aceleração no coração e um ritmo dançante dos batimentos cardíacos que dá saudade de lembrar e volto a sentir aqui, agora, escrevendo sobre essas sensações. Senti como se todo meu esforço por um futuro estivesse valendo a pena e senti o mais importante: que era ali que eu queria ficar, em nenhum outro lugar, nem na cidade grande, nem na "segunda opção". Queria correr pra casa, encapotar minhas coisas e deixar todas as malas no canto da cama, nem se fosse para esperar por um ano para a próxima oportunidade, mas eu iria me mudar, eu iria para a minha primeira opção. Era uma vontade desde três anos que eu tinha, claro, que não da mesma intensidade, cada vez que vinha me aproximando mais desse futuro, crescia. Foi preciso, então, que me dizessem que eu poderia estar idolatrando, imaginando mais do que é, colocando em um patamar sem ao menos conhecer e estaria correndo o risco de me decepcionar: foi quando eu peguei o tal ônibus. Quando a "small town girl, living in a lonely world, took the midnight train going' anywhere": mas só não era meia-noite e esse tal lugar era bem definido. Nada mais comprovou que era ali que meu corpo queria estar. Comecei a acreditar nessas tais histórias de destino. Sabe como é, quando as coisas acontecem de forma tão intensa na sua vida, você acaba parando para pensar: não é que faz um certo sentido? Por que diabos eu iria me identificar tanto com um lugar? Pior! Como eu iria ter a tamanha sorte/coincidência de encontrar um morador da cidade, futuro amigo, que me apresentasse para certos outros amigos? Tais, que só faziam a minha vontade de desempacotar as minhas coisas lá aumentar. Pessoas que eu dizia: são assim que eu quero conhecer! São essas que quero trocar conhecimento, momentos bêbados, aprendizado e levar pra vida, esse tipo de pessoas simples e intensas. Mas daí, a vida embaralha tudo: te vira do avesso, cospe em você, ri da tua cara, samba no seu peito e diz: tenta entender por que tudo isso está acontecendo, porque nenhuma resposta será dada. E você sofre, não pela sujeira sobreposta, pela risada irônica da vida, do peso no peito e da dor de cabeça, mas simplesmente pelo fato de não entender para qual lado você deveria ir. Então, aceita os sinais mais frequentes, aqueles que te dizem que o caminho é outro, a rota é diferente e seu endereço é bem distinto. Aceita, pois a vida te empurrou para esse lado, todas as circunstâncias. Mas dai você pensa: ela empurrou e eu aceitei. Não lutei contra, não fui forte, quis o mais fácil, por um instante. Será que não valia a pena desafiar essa braveza toda dessa vida irônica e gritar: "não aceito!"? Então, pensa de novo: será que isso tudo não é uma frustração babaca de quem não conseguiu achar, onde foi parar, o que procurava e pensava que acharia no antigo lugar predestinado? E repensa no que sua prima diz sobre espiritismo, destino e que quando se sente uma identificação extrema com algum lugar é porque você pertence ali. E reflete e sofre e pensa e debate e amarra a garganta e se sente envergonhado e inútil e volta a tocar músicas como Don't Stop Believing e Paradise. E tudo que pede, ao incenso e as energias positivas do universo, é uma resposta, um sinal, que seja, para que entenda, para que saiba se o que está tentando fazer neste lugar está valendo a pena e sendo significante ou se o seu lugar é alguns quilômetros deste. Que suas escolhas façam algum sentido antes que seja tarde demais; mesmo que se precise de luta, de suor, de coragem, de desafios. A vida é muito curta para se acomodar. E muito curta para escolhas e decisões erradas, equivocadas ou medrosas. Só não quero viver numa decisão errada, e carregar frutos de uma escolha equivocada, e perder sentimentos e histórias maravilhosas por medo.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Cartas para P.:

But I can't accept that we're estranged, without you... without you... Without you é tão mais difícil. Sei lá, mais sem graça. Acontece alguma coisa e eu quero contar pra você e não sei até quando vou conseguir seguir com esse joguinho de me afastar. Tenho um pensamento, alguma lampada acende aqui perto de mim como naqueles desenhos animados e instintivamente eu penso em correr compartilhar tal amadurecimento de ideia ou surgimento criativo com você! Mas daí lembro de uma certa parte minha que chora sabendo que você vai embora... embora perto de mim, mesmo dizendo que vai continuar fazendo parte da minha vida e nossas histórias serão compartilhadas. Eu penso: quem quero enganar? Serão realidades bem mais diferentes e uma distância que afastará muito. Uma distância besta, pois continuaremos bem perto, mas, comparado a um costume antigo, estaremos muito distantes. Minhas lágrimas de madrugada bem distante das suas palavras fortes. Minhas ânsias de ressaca longe dos seus cuidados e dos seus chás. Suas dúvidas sobre passado e futuro longe das minhas visões diferentes das suas, seja durante o arranjo de um almoço, seja com bom humor numa manhã produtiva ou na canseira exaustiva de um dia cheio e ainda seguido de uma reunião acadêmica. "I'm wierd cause I hate goodbyes". Eu vou ter que me acostumar com outra rotina e isso me afeta porque eu gostava de você na minha. Eu não vou ter mais você como anjo protetor colado em mim quase que 24 horas por dia, bem próximo disso, por quase todos os dias da semana, bem próximo disso. Eu não queria isso e vou sofrer com isso, vou ficar triste, por isso penso que é melhor ir cortando essa tristeza, evitar tamanha decepção que vou sentir quando olhar para o lado e ter que aceitar que não é mais pular da cama e dar alguns passos que vou poder te contatar. Então escrevo cartas como se estivesse te mandando um texto ou conversando ao vivo com vocês, mas na verdade essas palavras ficam guardadas. É muito fraco saber que nos apegamos tanto a uma pessoa, passamos a gostar tanto delas e considerá-las tanto? É muito fraco ter medo de não ser visto da mesma forma, de melhor amigo ser considero apenas amigo, muito egoísmo o medo da sua ausência não ser tão triste quanto a que a outra pessoa vai te causar? Prefiro, então, ir me acostumando a não contar tudo, a não querer compartilhar tudo, a começar a substituir esse primeiro lugar na amizade, no companheiro, nas cumplicidades, confidelidade. Porque sei que uma hora vai acabar assim, porque não quero sofrer tendo que encarar isso de forma tão repetina. Tenho que me acostumar, é uma atitude estranha mas "eu sou estranho porque eu odeio adeus".

domingo, 13 de janeiro de 2013

Descontrole

Às vezes me pego tentando controlar meu corpo. Ele tem vontade de ir, sem nem precisar saber por que e o que fazer, mas simplesmente ir: me jogar no corpo dele e trocar calor. Encaixar os braços num corpo só, já compactado. Beijar a sua pele e doar a minha para sua barba, enquanto meus hormônios pedem contato. Deslizamento. Colisão. Dança da barba no meu rosto e das minhas mãos em suas costas, acompanhando o ritmo de seus dedos no meu braço. Percebo que estou controlando meus lábis, quando começa a imitar a forma de um beijo. Percebo que preciso tanto desse beijo novamente... E lembro que não há motivo para esse sentimento. E vem uma mistura de paixão com ânsia. Brigo com meu cérebro por falhar na função de ser racional, ele tem que entender como o dono desse corpo é otário. E que não há nada que eu admire nele, logo, não tem por que o querer tanto. Nada faz sentido...

A vida é tão rara

Tentam embutir valor em objetos, pedras e até pessoas. Se esquecendo de quanta maravilha está espalhada por aí, seja simplesmente existindo, escondidas por esse mar de capital, ou de forma mais abstrata, quando feitas, nascidas, cometidas: nas simplicidades que são produzidas pela origem de um beijo (com paixão), o encontro de dois braços num abraço (encaixado), risadas sinceras e barulhentas, substâncias químicas liberadas pela máquina natural do nosso corpo quando sentimos, quando fazemos algo que nos dá prazer. Agradeço a endorfina. Agradeço por viver. Pela existência e pela profundidade dela. Não há tempo a perder tentando mudar as coisas mais bonitas, rotulando, moralizando e desmoralizando, controlando sentimentos... a vida é tão rara!

Ele, mesmo sem saber.

Sabe, eu sei que tenho que esquecer ele e sei que não há motivo algum para eu gostar dele, por isso às vezes acho que, na verdade, eu não gosto. Não consigo pensar em uma coisa boa dele, de imaginar eu com ele um dia com algo sério, porque ele é muito imbecil e podre. Mas eu só queria que o tempo congelasse por um momento e poder ficar com ele... mais uma vez. E poder ficar com ele por mais tempo, sabe? Um beijo não é mais suficiente, sei lá. Tocar, deitar no peito, cheirar o cabelo, dormir abraçado mais uma vez, explorar o corpo todo. Dai, depois, beleza, o tempo volta ao normal e ele esquece disso tudo. Não precisaria lembrar, seria melhor assim: eu poder aproveitar ele da maneira máxima possível. Sem ele saber. Nem lembrar. E depois eu não ter que encarar ele de novo, muito menos ficar pensando no que ele pensa, se ele lembra disso, se tudo isso significou alguma coisa para ele como significou para mim. Só queria ficar com ele intensamente, porque não adianta tentar com outros corpos neste momento...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

bioquímica vs meu tempo

Odeio a palavra "obrigatória". Quem estipulou o que eu deveria absorver? Quem determinou o que deve ser o certo e necessário para mim, para minha formação? Não me conhecem para classificarem como obrigatória uma matéria do meu curso da Faculdade. É algo tão simples e ao mesmo tempo tão invasor. Não sabem que profissional eu quero ser, para quais fins eu quero que sirva o meu conhecimento. Quem ou o quê ditou as regras? As leis, as boas maneiras e os bons costumes? Por que preciso mastigar tudo isso e depois vomitar, já que não me servirá? Por que tanto sofrimento a toa e tempo desperdiçado? Tempo o qual eu poderia utilizar fazendo algum bem, trabalhando como quero ou estudando mais profundamente um assunto que realmente me interessa, que eu quero aprender, me qualificar e utilizar como ferramenta de trabalho para então trabalhar nas mudanças que quero ver no mundo. Quantas perguntas... e ainda tenho que prestar atenção no acetil Co-A.