terça-feira, 31 de julho de 2012

Rebelde

Já no disco 2 da primeira temporada de Rebelde! Virar a madrugada com gosto de saudade... É interessante assistir novamente, depois de mais de cinco anos, a uma novela e conseguir enxergar com mais de um olhar: o olhar da infância - se tem um jeito de me fazer sentir novamente sentimentos puros que se perdem com o tempo e me fazer sentir bater com um coração de 11 anos, por mais ilusório que isso seja, basta apertar o play e rever certas imagens, que mesmo simplesmente vindas de uma Televisão, fixaram na minha cabeça e mudaram toda uma vida. Sim, desse jeito profundo mesmo. Porque por mais que foi fase para alguns, para mim foi remédio em época depressiva e tijolo e cimento para uma construção: construção de um ser. - e com um olhar mais crítico, mais desenvolvido, e continuar defendendo: argumentando que, realmente, engloba várias questões adolescentes e ensina muita coisa, retrata muita realidade e, além de tudo, é engraçada. Para quem gosta ou tem paciência para novela, é claro. Tanta coisa superficial por aí que até mesmo eu crítico, pois não se trata apenas de ser um entretenimento, há coisas realmente superficiais que nada acrescentam, além de forçadas e sem talento algum. Mas enfim, não sou crítica de televisão e nem quero nem vou tentar provar para ninguém o quão Rebelde é uma boa novela e blá blá blá. Ninguém nunca vai entender o que essa novela e essa banda significaram pra mim e não tento nem tentar explicar de alguma forma como isso foi (é) possível, pois é algo tão complexo e que faz parte de mim de uma forma tão intensa, que chega a ser difícil demais passar para palavras. Hoje eu enxergo que não é, como eu pensava com 11 anos, colecionando fotos de um ídolo, que eles passam a fazer parte de você. Vejo que não é escrevendo o nome de uma banda inúmeras vezes em um imenso papel, que isso provará que a SUA admiração é a maior. Que se você não souber a comida preferida daquela pessoa que te inspira, você será um rotulado. Rotulação: aquela palavra ridícula que me dá arrepio de vergonha alheia toda vez que a escuto: a famosinha palavra "poser". Se não todos, a maioria das pessoas que que já foram MUITO ligadas a algum artista ou a algum outro ícone, seja ele qual for, de inspiração e admiração, já passou por uma fase chamada "fanatismo". É muito comum ver no cenário musical. Pois bem, eu passei da forma mais intensa possível, desde criança até a fase transitória para a adolescência, diga-se de passagem a transição mais complicada pela qual já passei até hoje, por motivos incrivelmente dolorosos, e, de alguma forma, uma novela e uma banda me ajudaram. Amadureci com o tempo, durante este tempo, com o término da banda. Mas confesso que os últimos CD's, eu não comprei. Que o último show, quando transmitido ao vivo pela televisão, eu não acompanhei. Que o último DVD que eu tenho até hoje aqui, eu não assisti, até hoje, por completo. Percebi que SENTIR é algo incrível. E, crescendo, descobri que eu sinto MUITO. E descobri que tenho um jeito estranho de sentir, diferente das pessoas normais. Sim, eu sinto paixões por pessoas tão improváveis, que até hoje duvidam do meu primeiro amor - porque era uma pessoa improvável. Eu sinto orgasmo com uma música do Pink Floyd. Eu quebro TABUS sentindo. Sinto intensamente uma energia boa por pessoas, coisas, lugares, músicas. Sejam pessoas com as quais eu converso, ou com as quais eu nunca troquei uma palavra, seja por coisas que me significam algo por me lembrarem de algo que eu vivi ou coisas que me lembram algo que eu nunca vivi, mas mexe comigo de alguma forma, por exemplo coisas velhas. Sejam lugares que eu sinto saudades ou aqueles que eu nunca frequentei, mas continuam me sugando algum tipo de energia. Sejam músicas consideradas clássicas, meu amado rock'n'roll, ou músicas mexicanas, massacradas por pessoas que insistem em rotular tudo para consumir mais ainda e insistem em colar um selo de padrão de qualidade de acordo com o que agrada a si mesmo, ou pior: ao que se enquadra no bonitinho, no aceitável para uma sociedade. E não digo dessa sociedade que consome lixo sonoro não, digo de uma sociedade mais evoluída, já: uma sociedade de pessoas que têm uma necwessidade estranha de se sentirem melhores que os outros, muitas vezes na hora de dizer o nome de uma banda preferida. Enfim... este texto já imenso, sem conseguir expressar nem 1% do que eu gostaria de expressar, já representa como uma simples novela mexicana, a qual as pessoas insistem em colocar o nome no plural, significa para mim. Eu não sei de mais nada, preferi não saber. Não entender as pessoas e seus julgamentos, não entender como eu consegui superar tanta coisa com uma novela, não entender como isso pode soar tão infantil mas na verdade é tão rela, não entender como uma banda salvou a minha vida. Preferi não entender mais nada: apenas sentir. E de uma coisa eu tenho certeza: eu nunca vou deixar de sentir meu corpo liberar uma energia, toda vez que escuto uma música dessa banda e toda vez que isso me lembra de uma fase tão incrível da minha vida. E mais: eu nunca vou deixar de sentir ORGULHO deles e de dizer que, sim, "eu curto Rebelde!" ao mesmo tempo que eu curto rock clássico, não curto frutos do mar, curto natureza, não curto solidão: porque nenhuma coisa depende da outra.