domingo, 30 de dezembro de 2012

2012 azul

"Ah! Se o mundo inteiro me pudesse ouvir, tenho muito prá contar, dizer que aprendi..." Acho que essa parte da música do Tim Maia expressa bem um sentimento/pensamento sobre 2012. Foi, definitivamente, um ano de aprendizados. Milhares de lições. Amadurecimento, conhecimento, tapas na cara, sonhos não alcançados, sonhos novos e aprendizagem de como lidar com cada atitude tomada. Mil e uma emoções diferentes, um turbilhão de sentimentos dentro de um corpo que mudou de lugar, de rotina, de cidade, de costumes... Pessoas que encontrei e me fizeram bem. Pessoas que fizeram com que eu aprendesse... sempre aprendendo. Um ano no qual depositei MUITA, muita esperança. Um ano que eu esperava há uns quatro anos. Um ano decisivo. Um ano que, no começo, eu não tinha ideia de como seria: onde eu iria, o que eu faria. E deu certo, de um jeito atrapalhado e ao avesso. Nunca eu conseguiria imaginar que seria como foi. Não foi nada do que eu estava aguardando... uma lista com meu nome gravado me levou com malas para um lugar que seria meu destino, pelo menos pelos próximos quatro, cinco anos. E lá, eu tentei negar ficar. "Sentia mesmo que era mesmo diferente. Sentia que aquilo ali não era o seu lugar". Mas alguma força foi maior, como um vento me puxando sempre para uma direção: e me fazendo ficar lá. Me acostumando com as esquinas, os motoristas de ônibus, as luzes, os bares, as músicas. Me fazendo sentir completa, de algum jeito. Me fazendo sentir como se pertencesse àquele lugar. E foi naquele lugar que meu 2012 se concentrou. Meu 2012 me fez aprender muito ainda na minha cidade antiga, me fez enxergar como certas amizades minhas são realmente fortes, não afetando com a distância e o tempo. E me fazendo enxergar como certas companhias são simplesmente dispensáveis, me fazendo afastar-me daquilo que me passava energias e sentimentos negativos. Relembrando agora da virada do ano, do relógio contando: 5, 4, 3, 2, 1, lembro como queria que este ano fosse especial e compensasse todo meu esforço do ano anterior! E é assustador como já passou, como foi rápido... mas é lindo lembrar das pessoas lindas que conheci e dos momentos lindos que vivi. Lembro de acordar no dia 1º, um pouco de ressaca, e ouvir pela primeira vez a música: We Found Love, da Rihanna, e agora ver como essa música fez parte da trilha sonora do resto do ano. Sensação boa ouvir Wild Ones e lembrar de amigos, paixões, encontros, festas, Universidade. Com certeza, valeu a pena. É, 2012, você me bagunçou, me rasgou, me sujou, me abraçou, me envolveu e me moldou... me fez pensar que tudo estava perdido e me veio com uma surpresa, me apresentando um lugar que mudou MUITO a minha vida. É, 2012, que ano incrível e gostoso. Quantas lembranças, histórias e sorrisos me proporcionou. Quantas pessoas boas no meu caminho... 2012 foi bom. Foi intenso, extravagante e curioso. Me ajudou a me auto-conhecer e me deu malícia. Me fez crescer... mil vezes mais intensamente do que o normal de um amadurecimento comum. Foi um ano de derrotas e vitórias... Mas volto a falar como me ajudou a crescer. Morando fora de casa, definitivamente, "you learn to live again". E eu aprendi a amar novamente, a re-amar, a viver, a sobreviver. Não é possível descrever aqui tudo que este ano foi... o quão confuso, intenso, misturado, importante. Todos os anos de nossas vidas são importantes... mas este, como foi um ano tão esperado por mim, merecia um texto de despedida. Um texto de gaveta, um texto de lembrança. Obrigada, 2012. Adeus e muito obrigada por me fazer mais mulher. E me deixar mais próxima de algo muito importante para mim: esse tal de "bióloga".
"(...) Sempre tem que procurar Pelo menos vir achar Razão para viver... Ver na vida algum motivo prá sonhar Ter um sonho todo azul, azul da cor do mar..."

domingo, 16 de dezembro de 2012

Gostar

Então me perguntaram o que eu sentia por ele. Respondi que acho que eu gosto dele. Não um gostar/amar, porque isso sim é profundo demais e exige maior contato e tempo e consideração etc. Mas um gostar/gostar. Um gostar que é menor que amar mas é maior que estar a fim. É menor do que eu tive pelo primeiro cara pelo qual eu me apaixonei, mas maior do que pelo último em quem pensei ouvindo uma música. Quase no mesmo nível do segundo cara que eu considerei estar apaixonada. Um gostar a ponto de se preocupar e ir, de tonta, mandar tirarem ele da porra da briga na festa. Um gostar de sentir quando beijo ele algo que não tem como sentir com nenhum outro... um gostar a ponto de odiar: me odiar por sentir isso, odiar ele por provocar isso... odiar não conseguir odiar o suficiente pra deixar de gostar. Então eu perguntei se já haviam beijado alguém e depois nenhum beijo mais ter graça. E percebi que estava na merda. Percebi que já estava envolvida demais e sentindo falta mais do que o tolerado.

sábado, 29 de setembro de 2012

Palavras que machucam

Em que momento percebe-se que a música parou de tocar? Digo, em que momento percebemos que temos que mudar de disco, pois o disco acabou? Música é curta demais, música pode definir os momentos: uma música sobre um momento bom, outra sobre um momento mais triste, mas em geral, o disco inteiro é um só. E quando ele acaba, a banda morre por aqueles momentos. Será que o disco acabou depois de tocar por mais de 1000 dias? Uma hora você canta junta, outra hora está mudando de humor porque simplesmente não acredita no que acabou de ouvir. Uma hora chora com a letra, outra hora está na mesa bebendo Jurupinga como se fosse água pra esquecer o que acabou de descobrir que significa. Uma hora você sente que pertencesse a certas pessoas, outra hora, enxerga completos estranhos na sua frente. O que pode ser mais doloroso do que perder a fé em pessoas que não são do seu sangue, mas por tamanho convívio, admiração e confiança se tornam seus amigos de alma? Como suportar a ideia de que você vai perder pessoas que você pensava que seriam eternas na sua vida? Talvez esse termo, eternidade, seja algo banalizado demais, mesmo. Mas como aceitar que as pessoas que acompanharam suas mudanças, seu crescimento, seus sonhos e suas conquistas, te joguem pedras e não conseguem entender seus argumentos? Não se trata apenas de tentar entender o lado do outro, aceitar criticas ou não, se trata de amor. Amar uma pessoa e suas decisões, por mais ilógicas que possam parecer. Amar alguém por ser quem ela é, o que não inclui achá-la egoísta. Esse termo é forte demais para mim, não posso aceitar que me julguem assim, depois de tanta coisa que eu aturei para ser o máximo oposto disso, sempre, por anos, pensando no bem maior, pensando sempre em todos menos em mim. Mas chega uma hora que você cansa, desgasta, e você começa a pensar um pouco em você às vezes uma palavra é tão afiada, que não simplesmente bate em você, mas sim te corta, então você lembra de um certo orgulho e amor próprio: não permite que te tratem de certa maneira, então pensa em você, depois de ANOS pensando nos outros. E ainda ouve que isso é egoísmo. Dá vontade de falar; tudo bem, não precisa mais ligar, não precisa mais ver. Vai ser difícil? Horrível. Mas tenho certeza de que na hora de chorar, de se rebelar, de querer gritar, de confessar inseguranças, de ir para um determinado lugar no sábado a noite - especialmente determinado, na hora de falar sobre seus amores secretos ou as brigas com o namorado, vão sentir saudade daquela boba que sempre esteve lá, que por mais que tenha defeitos, por mais que seja mil vezes teimosa ou cabeça dura, sempre foi a melhor amiga possível, a melhor amiga realmente. E ela não estará lá, pois ela aceitou as consequências. Consequências com as quais não pensava que precisaria arcar, mas aceitou quando disseram a ela que simplesmente viriam. O difícil é essa falta de consideração, essa falta de esforço, esse comodismo. Mas se uma das partes não se envolve o suficiente, não há por que a outra se envolver. Nada mudará as lembranças: continuarão sendo lindas e doces. Fazendo falta até doer o mais íntimo, o mais profundo. Mas simplesmente não se alongará mais o vínculo... tem coisa que é dita que machuca. Machuca tanto que faz você se afastar, sem remorso, apenas com insatisfação: esse tipo de relacionamento não satisfaz, não é suficientemente bom, pois machucou muito.

sábado, 18 de agosto de 2012

Do que o mundo precisa e não precisa

Não adianta começar a preencher os espaços brancos com cores e terminar com rabiscos, gradualmente voltando ao vazio original. Tem que tirar da caixa cada cor e reforçar quantas vezes forem precisas, até que aquilo em que você estava trabalhando ganhe vida. É desnecessário entrar numa luta e no primeiro confronto amarrar as botas e correr. Nem entrasse. Não precisamos, mais, neste mundo, de pessoas que façam as coisas pela metade. Não precisamos mais de meias palavras, frases incompletas, ações inacabadas. Meias verdades, falsas promessas, citações que não ganham vivacidade. O mundo precisa que as mentes que soltam palavras revolucionárias, automaticamente se tornem responsáveis pelo efeito. O mundo precisa de um efeito. O mundo, nas mãos dessa gente sem fé e sem perspectivas, com pouca luta e muita ganância, mísero humanismo e más índoles escancaradas, precisa de um contorno no seu destino. O mundo e a gente. O futuro disso tudo. Somos tão sem noção que vamos acabar conosco. Por pura vaidade. E, Humberto, quando que a terra as há de comer? O mundo necessita de uma energia de livros fictícios, a qual tenha como função converter todas as boas palavras e discursos bonitos em AÇÕES. Uma era de letra de rock progressivo, na qual viveríamos o que pregássemos e então sentiríamos na pele tudo que dizemos acreditar: suas vantagens, consequências, finalidades. Tenho certeza de que muita gente pensaria duas vezes antes de abrir a boca. E quem abrisse, teria que correr pra transformar a realidade naquilo que acredita. E não teria escolha. Perfeito mesmo só seria se isso restringisse tudo que cause "mal a um outro", digo, que isso valesse apenas para as crenças das pessoas que de nenhuma forma acabaria afetando de modo ruim um próximo. Mas às vezes penso que nossa simples, miserável e pesada existência, já o faz. De um jeito ou de outro, para uma ou um grupo de pessoas. O mundo precisa de choques de realidade, pessoas que saibam no que e por quê acreditam nas ideologias que adotam e/ou criam para elas. Precisa disso para movimentar essas ideologias e transformá-las. Movimentar o mundo e transformá-lo. Movimentar pessoas e transformá-las. E criarmos um ciclo de conhecimento e comprometimento.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

What it's about?

It's not about the sex. In fact, it's. Really, it's not about love. It's complicated, maybe it even doesn't exist, we made it. It's about your body. It's about hot when I think in your arms - it's about get high when I touch your skin. It's about hot not knowing the temperature. It's about my dreams that release this feelings. It's about a TABU, talk about body and satisfaction. And without envolving deeps feelings or considerations. Whithout thinkings. Just wills. It's about write remembering your hair swimming in my legs. It's about compose inspirated by other place, not by the heart. It's not a love song, I'm sick of it. The most are so crap and don't tell us truths. It's just about talk how sexy your eyes are, when you're down. About your beard and how it passing by my body gives me chills. It's about sexual exploses. It's about guitar solos. Sexies guitar solos and so much feeling. It's about guitar solos and bodies. Rock'n'roll and contact!

Heterônimo 2

Cada dia é um cheiro diferente Cada hora, me agarra e surpreende Eu já devia ter me acostumado Mas esse jeito dela nunca me deixará acomodado... É aroma de fruta, baunilha quase sempre Me deixou viciado, como em pó, feito um crente Não pareço mais comigo, sou bem mais insensível O que ela fez com meu corpo? Com a minha mente? É incrível! Cada encontro, uma flor diferente na cabeça Cada risada, parece nunca ter conhecido a tristeza E esse comportamento louco? Vou virar o jogo, eu me rendo, peço: me enlouqueça!

domingo, 5 de agosto de 2012

Crises e gritos

Estou a flor da pele. Meus medos mexem com meu corpo e com a minha mente. Minhas dúvidas estão me cobrando. Acordo me estranhando e respiro querendo saber quem eu sou, querendo descobrir a essência que há dentro de mim, querendo me entender, pois por mais que eu me entendesse há alguns anos atrás, hoje me entendo de outra forma e isso é tão confuso que eu chego a não entender mais nada! Quero saber qual é o meu propósito, quero saber o que vou fazer para este mundo, o que vou fazer com a minha vida, quero compreender o que eu acredito - e se eu realmente acredito. Quero saber quais são os meus porquês, minhas defesas. Às vezes tudo parece tão sólido... e um dia, do momento de uma vista para a paisagem, girando a direção do olhar um pouco mais pra dentro - dentro de mim mesma: tudo está desmoronado. Destruído. Despedaçado. Sentimentos, ideias, gritos e crenças. E eu tenho que ir lá, catar tijolinho por tijolinho pra reconstruir tudo de novo. Mas não sei mais se a base que tenho é suficiente, se meus materiais dão conta, ou se esse edifício construído de achismos e certezas e vaidades e ideologias e paixões vai simplesmente desabar de novo daqui alguns anos, repentinamente. E é provável que sim, que vá! Porque estamos mergulhando em constantes mudanças, mesmo quando não queremos, mesmo quando optamos por não aceitá-las: faz parte do processo. Esse processo que fazemos parte, desde o momento em que nascemos. Mudança é imposição da vida, independentemente do seu gosto ou da sua aprovação. Mas é difícil você construir um prédio quando você sabe que a base é um mar. Quando você já não se engana mais, como aquelas menininhas na praia, que vão, na maior inocência, com suas delicadas mãozinhas, construir um castelo e choram - com pureza - quando ele desaba. Mas, com a mesma inocência, vai lá e reconstrói. E fica nesse ciclo deprimente e bonito. Você cresceu: e agora sabe que toda vez que seu muro desabar, você vai ter que construí-lo sob bases nada firmes: um mar. Mas sem o fundo do oceano... trato somente da água da superfície. Essa sensação mesmo, de estar equilibrado e dependendo apenas da água que você enxerga do mar, como se não existisse nenhum solo mais pra baixo. Nessas horas a gente meio que aciona uma alarme, uma fuga instantânea. Na maioria das vezes, essa fuga se direciona à sua casa: da onde você veio, com as pessoas que te conhecem melhor e te fazem sentir bem. Seja qual for ele, essa especie de refúgio acaba sendo contaminada por essas mesmas dúvidas também. A crise cresce tanto, que faz você se questionar até mesmo sobre essas coisas tão boas e puras. E isso é horrível. Você, então, está sozinho. Sozinho consigo mesmo, sem ninguém pra te dar respostas: porque não há respostas. Sem ninguém pra te dizer qual é o caminho, pois você tem que decidir, com sua solidão, qual caminho quer seguir. Isso é bonito, sim, é bonito esse mistério da vida, esse jogo que ela nos desafia. Mas também é tão assustador... às vezes dá até um desespero, principalmente quando nos sentimos assim, tão pequenos, tão migalhas diante de perguntas tão gigantescas, que carregam pesos tão grandes e simplesmente tropeçam em cima da gente. Não tenho respostas e não sei se as quero agora. Não quero ir atrás de tentar entender tudo isso agora. Não quero um abraço agora, não quero fingir que nada aconteceu. Meu único sentimento, agora, é uma vontade imensa de gritar. Mas tem gente demais aqui. Sou cercada por tijolos demais, cimento demais, cinzas demais. PESSOAS DEMAIS. Vivo em uma sociedade que construiu leis e morais. Se eu atravessasse minha cabeça para fora da janela agora e soltasse um som, seria punida. Eu quero estar longe dessas punições de se fazer o que sente, desde que não fere o outro. Meu grito não fere ninguém. Se, de alguma forma, prejudicar, ainda por cima é porque é o corpo da pessoa que se atreveu a estar no mesmo espaço que o meu grito. Por que tenho que culpar minha vontade? Corpos se locomovem, gritos são mais radicais: ou saem ou ficam. E eu tenho que ficar aqui prendendo dentro de mim algo que quer tanto sair, mas tanto... Quer sair de diferentes formas: se fantasiar de música e sair como melodia, vestir capa de poema e sair como timbre. Quer se libertar desse corpo e pertencer ao universo. Queria um lugar longe, vazio, sem pessoas, no qual meu grito repercutisse em um eco tremendo. Essa imagem me traz uma sensação de paz, utopica e deliciosa. Mas prazerosa que dói. AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! Escrever alivia.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Rebelde

Já no disco 2 da primeira temporada de Rebelde! Virar a madrugada com gosto de saudade... É interessante assistir novamente, depois de mais de cinco anos, a uma novela e conseguir enxergar com mais de um olhar: o olhar da infância - se tem um jeito de me fazer sentir novamente sentimentos puros que se perdem com o tempo e me fazer sentir bater com um coração de 11 anos, por mais ilusório que isso seja, basta apertar o play e rever certas imagens, que mesmo simplesmente vindas de uma Televisão, fixaram na minha cabeça e mudaram toda uma vida. Sim, desse jeito profundo mesmo. Porque por mais que foi fase para alguns, para mim foi remédio em época depressiva e tijolo e cimento para uma construção: construção de um ser. - e com um olhar mais crítico, mais desenvolvido, e continuar defendendo: argumentando que, realmente, engloba várias questões adolescentes e ensina muita coisa, retrata muita realidade e, além de tudo, é engraçada. Para quem gosta ou tem paciência para novela, é claro. Tanta coisa superficial por aí que até mesmo eu crítico, pois não se trata apenas de ser um entretenimento, há coisas realmente superficiais que nada acrescentam, além de forçadas e sem talento algum. Mas enfim, não sou crítica de televisão e nem quero nem vou tentar provar para ninguém o quão Rebelde é uma boa novela e blá blá blá. Ninguém nunca vai entender o que essa novela e essa banda significaram pra mim e não tento nem tentar explicar de alguma forma como isso foi (é) possível, pois é algo tão complexo e que faz parte de mim de uma forma tão intensa, que chega a ser difícil demais passar para palavras. Hoje eu enxergo que não é, como eu pensava com 11 anos, colecionando fotos de um ídolo, que eles passam a fazer parte de você. Vejo que não é escrevendo o nome de uma banda inúmeras vezes em um imenso papel, que isso provará que a SUA admiração é a maior. Que se você não souber a comida preferida daquela pessoa que te inspira, você será um rotulado. Rotulação: aquela palavra ridícula que me dá arrepio de vergonha alheia toda vez que a escuto: a famosinha palavra "poser". Se não todos, a maioria das pessoas que que já foram MUITO ligadas a algum artista ou a algum outro ícone, seja ele qual for, de inspiração e admiração, já passou por uma fase chamada "fanatismo". É muito comum ver no cenário musical. Pois bem, eu passei da forma mais intensa possível, desde criança até a fase transitória para a adolescência, diga-se de passagem a transição mais complicada pela qual já passei até hoje, por motivos incrivelmente dolorosos, e, de alguma forma, uma novela e uma banda me ajudaram. Amadureci com o tempo, durante este tempo, com o término da banda. Mas confesso que os últimos CD's, eu não comprei. Que o último show, quando transmitido ao vivo pela televisão, eu não acompanhei. Que o último DVD que eu tenho até hoje aqui, eu não assisti, até hoje, por completo. Percebi que SENTIR é algo incrível. E, crescendo, descobri que eu sinto MUITO. E descobri que tenho um jeito estranho de sentir, diferente das pessoas normais. Sim, eu sinto paixões por pessoas tão improváveis, que até hoje duvidam do meu primeiro amor - porque era uma pessoa improvável. Eu sinto orgasmo com uma música do Pink Floyd. Eu quebro TABUS sentindo. Sinto intensamente uma energia boa por pessoas, coisas, lugares, músicas. Sejam pessoas com as quais eu converso, ou com as quais eu nunca troquei uma palavra, seja por coisas que me significam algo por me lembrarem de algo que eu vivi ou coisas que me lembram algo que eu nunca vivi, mas mexe comigo de alguma forma, por exemplo coisas velhas. Sejam lugares que eu sinto saudades ou aqueles que eu nunca frequentei, mas continuam me sugando algum tipo de energia. Sejam músicas consideradas clássicas, meu amado rock'n'roll, ou músicas mexicanas, massacradas por pessoas que insistem em rotular tudo para consumir mais ainda e insistem em colar um selo de padrão de qualidade de acordo com o que agrada a si mesmo, ou pior: ao que se enquadra no bonitinho, no aceitável para uma sociedade. E não digo dessa sociedade que consome lixo sonoro não, digo de uma sociedade mais evoluída, já: uma sociedade de pessoas que têm uma necwessidade estranha de se sentirem melhores que os outros, muitas vezes na hora de dizer o nome de uma banda preferida. Enfim... este texto já imenso, sem conseguir expressar nem 1% do que eu gostaria de expressar, já representa como uma simples novela mexicana, a qual as pessoas insistem em colocar o nome no plural, significa para mim. Eu não sei de mais nada, preferi não saber. Não entender as pessoas e seus julgamentos, não entender como eu consegui superar tanta coisa com uma novela, não entender como isso pode soar tão infantil mas na verdade é tão rela, não entender como uma banda salvou a minha vida. Preferi não entender mais nada: apenas sentir. E de uma coisa eu tenho certeza: eu nunca vou deixar de sentir meu corpo liberar uma energia, toda vez que escuto uma música dessa banda e toda vez que isso me lembra de uma fase tão incrível da minha vida. E mais: eu nunca vou deixar de sentir ORGULHO deles e de dizer que, sim, "eu curto Rebelde!" ao mesmo tempo que eu curto rock clássico, não curto frutos do mar, curto natureza, não curto solidão: porque nenhuma coisa depende da outra.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Chorei

Então eu chorei. Chorei porque o dia estava perfeito para acolher minhas lágrimas: sem compromissos marcados, sem ninguém por perto, clima adequado, afins. Chorei porque comecei a ler um texto da Tati Bernardi e ela sempre consegue me tocar no mais íntimo, me fazer chorar de tanta identificação. Chorei talvez até porque eu já estava guardando esse choro há algum tempo, mas nunca tinha tempo de chorar. A gente cresce e cada dia fica mais difícil, ficamos cada dia mais presos a uma rotina que a sociedade nos impõe e ficamos sem tempo: até mesmo de chorar. Sem tempo de tentar entender o que estamos fazendo aqui, nos deixando esses questionamentos na maioria das vezes para quando tomamos banho, antes de dormir ou bêbados - mas esses intervalos de tempo são muito curtos e não sinto como se valessem a pena. A questão é que chorei porque me vi completamente sozinha, em um apartamento em outra cidade, quilômetros de distância dos meus pais e das bondades deles. Chorei porque tenho medo, muito medo, só de pensar no que vai ser da minha vida um dia sem eles. Chorei porque estou crescendo e cada dia que passa estamos um dia mais próximos da morte. Chorei porque eu amo tanto os meus pais, sinto tanta saudade deles, diariamente, mas não consigo demonstrar nem metade desse sentimento ENORME que é despejado em mim quando converso com eles. Chorei porque não sou a filha que eles merecem. Sei que os amo com TODA a minha força e mais que tudo no universo, porém minha personalidade é forte demais e eu acabo não sendo aquela filha que eles merecem: e por isso eu chorei. Chorei porque, falando em família, minha irmã está longe e eu sinto saudades dela também, abri uma foto nossa quando crianças aqui no computador e chorei de felicidade por ela existir, por eu ter uma irmã, por nós sermos dois pedaços de nossos pais que se completam e por isso significar tanto para mim. Chorei porque voltei a encarar este apartamento e mais uma vez me vi sozinha. Chorei porque sei que daqui a pouco minha companheira de república chega mas ainda me sentiria em um vazio, o que significa que não se trata apenas de alguém estar aqui ou não, mas sim de eu sentir falta de algum outro tipo de preenchimento. E se ela não chegar hoje, vou dormir com medo da solidão, e se eu passar a noite sem companhia, vou chorar pela solidão. Chorei porque eu choro com essas coisas mais artísticas, mais lunáticas, chorei porque sou lunática. E eu começo a me questionar sobre quem eu sou. E quando faço esses questionamentos, me pergunto se estou no lugar certo - e indo atrás de um futuro certo. Chorei porque eu amo o futuro que planejo enquanto curso o meu curso de faculdade, mas penso se eu não faria serviço melhor para outra coisa. Chorei porque não sei se consigo me adequar a um perfil cientista e frio. Sou mais pra escritora chorona, que chora lendo e escrevendo textos. Artista que se entorpece com músicas. Lutadora pela sociedade, que sai na rua com cartazes. Apaixonada por crianças, que brincava com a lousinha quando pequena e, mesmo depois de crescida, no colegial fazia questão de ensinar a matéria da prova para as amigas em cima do tablado. Chorei porque não sei o que vai ser de mim, às vezes não sei nem se eu sei quem eu sou. Chorei porque não sei mais no que acreditar. Chorei porque quanto mais me envolvo com a política deste país, mais pego nojo da nossa realidade. Chorei porque, em um momento, senti que este chão é vazio demais para um universo gigantesco demais e tão fascinante e tão indecifrável para sempre. Chorei porque lembrei do medo de não existir absolutamente na-da depois de nossa existência. Chorei porque nem ao menos eu tenho alguém por quem eu esteja apaixonada e possa me tirar desses pensamentos. Pois é preferível chorar porque alguém não me olha ou não respondeu minha mensagem, ficar pensando no sorriso de fulano, escutando música e sentindo coisinhas, sejam boas, ou tristes, pois não chegam a tamanho desespero de dor como quando pensamos nestes níveis de questionamentos. Chorei porque não tenho ninguém para gostar e me abraçar e me fazer rir de coisas bobas e me fazer esquecer desses questionamentos. E eu não sei nem se eu quero isso. Na maioria das vezes, eu não quero. Mas nestas horas, eu queria muito alguém para estar aqui do meu lado, dividindo a coberta comigo e me entendendo com esses pensamentos. Mas que me entendesse de verdade. Alguém que gostasse de mim pelo o que eu realmente sou. Que admirasse a minha loucura. Com o qual eu não precisaria "me comportar". Chorei porque eu queria dar a minha irmã a graça de ter um cunhado, e ela não precisaria mais me cobrar isso. Chorei porque ela e minha mãe dizem que se eu fosse diferente, mais delicada e menos escandalosa, eu daria certo com algum cara. Mas eu não consigo ser diferente do meu diferente, pois eu sou diferente: eu não sou normal. Choro porque não sei até que ponto isso é bom para mim. Choro porque eu sou assim... de chorar. E choro porque estou crescendo dez anos a cada dia enquanto vivo esta minha nova vida, fora de casa, com pessoas novas e com uma certa independência: e não é fácil. Choro porque crescer é difícil, crescer é triste. Choro porque é informação demais, amadurecimento demais, sentimentos demais... e a cada dia, são 30 vezes mais intensidade e... tempo a menos. Um dia a mais... perdido da sua vida. Rasgado. One day closer to death. E ainda não sabemos o que estamos fazendo aqui. E ainda não sabemos valorizar todos os nossos dias e todas as pessoas. E ainda não encontrei alguém que conseguisse gostar de mim por completo pelo o que eu realmente sou e ainda não sei se quero isso.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Listinha

Pergunto a este mundo: por quê? Primeiro, um filme com o protagonista parecidíssimo com você. Depois, na troca de canal, me deparo com um show do seu cantor preferido. Pra que fazer isto comigo, mundo? Assim fica inviável tirá-lo da minha cabeça. - Esquecer que agora ele tem, oficialmente, outra em seus braços, junto ao seu corpo, compartilhando seus lábios. - Dissolver qualquer e todo tipo de esperança e vontade de nós; assim, em plural, e de forma singular. - E o resto da listinha de "coisas para se fazer agora". Com Eric Clapton na TV e seu rosto na minha mente, só me resta render-me a essa sensação de choque, enfiar-me na melancolia. Sei que é passageiro - só espero que não demore muito para esses sentimentos passarem. Passarem do hoje para o ontem, do meu presente para "engavetado no passado". Sei que passa, mas essa transição é cansativa. Esperar superar é exaustivo. E enquanto esse processo não se dá por concluído, me rendo a lamentar. Lamentar por nós. Sinto muito por este ser um ponto definitivo, eu botava fé que daria certo, funcionaria, "quem sabe um dia". Mas é ilusão, hoje decreto greve permanente de você, me proibo te querer, deixo os sentimentos passarem para que já, já eu possa conseguir te desejar, sinceramente, felicidades e torcer pelos seus relacionamentos. Enquanto isso, é hipocrisia eu falar que desejo coisas boas. É feio, mas não tem como eu me enganar. No fundo, desejo que você veja que ela não te faz feliz. Talvez quem queira isso seja aquela mulher dentro de mim que ainda te quer, então deseja que você nos compare e continue pensando em mim... mas juro que sei que é passageiro, e não vou deixar outros saberem desse sentimento cruel. Muito menos você. E vou seguir com a listinha, deletando você de mim. "Tudo bem se não deu certo, eu achei que nós chegamos tão perto, mas agora, com certeza, eu enxergo que no fim eu amei por nós dois..." E aquele velho ritual: deletar número, músicas, emoções. Adeus Bell Botton Blues, "I don't wanna fade away!"

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Sobre ele, para vó.

Não sei, vó. Só que eu tenho quase certeza de que não será um cara-padrão. Sabe, daqueles arrumadinhos, que você já esperava. Tipo os das primas. De topete e roupa de marca, de barba raspada e relógio caro. Tá, sem barba até pode ser, embora bem improvável... Vó, ele vai falar com você sobre Cartola, vai tocar Milton nos almoços, vai colocar pra tocar no carro aquele tipo de música que você fala que é "barulhenta", disso eu tenho quase certeza. Ele vai ser uma boa pessoa. Vai te ouvir com o coração e sorrir de verdade, disso eu tenho certeza. Vai ouvir suas histórias com o mesmo brilho no olhar que eu tenho, quando as ouço. Com aquelas palavras soltas: "que incrível", "queria ter vivido nessa época" etc. As mesmas que eu solto. Eu ainda não o encontrei, vó. Na verdade, já encontrei alguns, mas nenhum grudou em mim, nenhum me fez acreditar num futuro bonito, nenhum me fez imaginar um quadro de nossas fotos em preto e branco no quarto de nossos netos, assim como os meus quadros da senhora e do vô na minha parede. Mas quando esse homem chegar, saberei se vale a pena se eu te apresentar. Te prometo, vó, só lhe apresentarei quem vale a pena. E ainda tenho certeza de que você vai adorá-lo e torcer por nós. E é assim que vou saber que ele é "o certo". Quando eu sentir que "é ele", vai ter mais um lugar no almoço na sua casa. Você sabe, vó, eu sou da moda antiga e, por mais liberal que eu seja, ou 'diferente' como a família vê, a senhora sabe como tenho um lado conservador para certas coisas, como valorizo certas coisas além da medida moderna.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Dar a louca e ir atrás.

Um dia dou a louca e apareço lá. Pego um ônibus, chego na sua cidade, vou atrás do tal bar e assisto ao seu show. Ainda vou atrás de te parabenizar pelo talento, dando um abraço. O que você acharia desse impulso? Ilógico demais, certamente. Será que um dia você falaria "é disso que eu mais gosto em você"? Será que os opostos realmente se atraem? Por que estou escrevendo sobre você às duas e cinquenta da manhã com matéria acumulada da faculdade pra estudar pra prova de amanhã? Mania besta a minha de escrever sobre ou para quem só me machuca. Mas texto seu ainda não existia... e quem mexe comigo, merece um texto. Quem eu considero especial - mesmo mudando essa ideia depois - e quem consegue chegar tão fundo nos meus sentimentos a ponto de fazer eu pegar na caneta ou digitar no computador algumas palavras, declarações ou desabafos, merecem ser marcados nessas publicações, que, na verdade, são meros rascunhos de uma pessoa embaraçada com seus próprios sentimentos, dando reviravoltas por dentro de seus pensamentos. E transportando pro escrito, guardando para depois reler, quem sabe mostrar pros incentivadores, ou até mesmo deixar lá, guardado, fazendo parte da coleção de textos que pode servir para alguma coisa. Nem que seja só para me conhecer um pouco melhor. O que sentimos por alguém, às vezes diz muito. A música da Alanis Morissette acabou, eu já repeti tantas vezes, quase estou mandando-a para você, mas demos um ponto final a uma amizade bonita, só porque sou fraca e não consigo mais conversar com você sem querer te provar.(Ou provocar). Não posso continuar escrevendo enquanto a música acaba mais uma vez... Quem sabe um dia me dá a louca (mais do que já sou) e apareço aí? Enquanto isso: .