terça-feira, 7 de setembro de 2010

Um carma, talvez.

Um dia completo. Um olhar profundo, um cheiro a perfumar uma visão acompanhada de trilha sonora. Uma blusa de uma cor não surpreendente: azul.
Um toque no ombro, nas costas, no joelho. Um vácuo, um túnel, uma luz. Uma viagem recheada, uma vontade atiçada, um arranjo de sentimentos atacados; enfatizando a ansiedade junto com a incerteza e o desejo.
Duas mãos e uma mulher-problema em busca de atenção provocando um ciúme incontrolável e dois olhos molhados.
O talvez já não bastava. A dúvida corroía cada vez mais vigorosamente. As sensações já não pediam licença antes de se instalarem, íam todas se enfiando cada vez mais profundamente sem quererem saber se havia limite. A necessidade de um ponto final e de atirar de uma vez por todas naquela dúvida ardentemente venenosa, era cada vez mais forte e sólida.
Um conselho, uma conversa, uma decisão. Impulsividade, talvez. Falta de muitas coisas, talvez; como de precaução, sabedoria até.
Uma noite sem informação sobre o quão estrelado estava o céu. Um vento de bom humor, favorecendo um pouco a situação. Pessoas que poderiam sumir naquele momento, toques de telefone que poderiam não terem acontecido.
Um olhar, umas quatro palavras e uma testa de interrogação. Um rastro de dúvidas, um coração acelerado, uma sensação de que o chão era somente um tapete que estava sendo puxado.
Uma possível resposta, uma esperança conformista, um olhar compreensivo, uma resposta negativa.
No princípio, não foi um choque. Depois, só o edredom pode dizer o quanto de lágrimas foram derramadas. A dor se espalhava do sistema límbico à cada órgão, glóbulo, derme e anexos de todo o corpo. Não se reconhecia mais o equilíbrio, nem a razão, a tranquilidade e o claro.
Um passar de dois dias sofridos. Uma madrugada, uma caneta roxa, um pequeno caderno, um CD no rádio e dois olhos liquidamente fixos. Um medo com várias ramificações. E, ainda assim, o mesmo sonho de antes: o mesmo abraço, o mesmo beijo nunca provado mas único esperado, a mesma necessidade de absorção de calor e da própria pessoa por inteira.
Novas dúvidas andando lado a lado com os mesmos sentimentos obscuros.
Uma memória, uma lembrança, uma visão, um nome, um corpo, um abismo.

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