sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Parafusos soltos na cabeça.

Esse impulso na garganta que parece tentar empurrar meu coração pra fora da boca, acontecendo, repentinamente, quando penso e me conformo, quando penso e fico inconformada, quando penso e penso que talvez seria melhor se eu não pensasse, incomoda. Estou começando a perder a fé nas pessoas, nas suas boas intenções, nos sonhos e isso está me dando medo. Estou começando a perceber que o tempo é curto demais e comecei a enxergar mais profundamente o efeito da frase "é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã". Pode parecer clichê pois foi banalizado injustamente. E como foi injusto. Merece uma queimada na língua, de 2 segundos pra não ser má, quem a repete sem entender seu significado. É realmente preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, é realmente preciso viver cada dia sabendo que ele é único, e não "como se fosse", porque ele é, entende? Cada vez que mais estudo, mais corro atrás, mais tento entender, pessoas e relações, países e profissionais, amigos e romances, mais me perco diante de tanta sujeira, tanta hipocrisia, tanta omissão, tanto desamor... A história é linda e é muito triste. A ciência é maravilhosa e os ecossistemas, por exemplo, me fascinam, assim como a psicologia, mas dai já fico confusa em tentar entender como o homem pode ser tão complicado e não entender o quanto um ecossistema é fascinante - ou simplesmente importante. É complicado ter alma de artista e no sangue a curiosidade e na hipófase um hormônio exclusivo liberador do amor por muito. Ou pode ser só o efeito do sono e do estresse, minha vida anda corrida e ansiosa e densa demais, mesmo.

Deprimente certas mentes.

Acabei de ver um vídeo extremamente NOJENTO contra o Kit Gay... ridículo e, realmente, nojento. Algumas pessoas mais velhas acreditarem que é possível uma pessoa se "converter", de hetero para homossexual por influência, "até" que tudo bem, considerando que antigamente a cabeça era mais fechada e tudo mais, mas um marmanjo de uns 20 anos nas costas falar isso? Não mando tomar no cu porque dai fica sem argumento, né. Mas, no mínimo, pessoas assim deveriam estudar mais... porque preconceito cego desse jeito passa a dar NOJO, de verdade. Não importa o quanto uma criança mude, tem certas coisas, amiguinho, que não se muda... um menino que gosta de menina percebe isso desde pequeno assim como um menino que gosta de menino. E NÃO IMPORTA SE JOÃO, QUE GOSTA DA MARIA, VÊ QUE PEDRO GOSTA DO MATHEUS... ELE VAI CONTINUAR GOSTANDO DA MARIA.(E SE, SEEEEEEE, um dia descobrissem que ele gosta do Matheus, ele não PASSARIA A GOSTAR, mas sim simplesmente ACEITARIA algo que já tem dentro de si... o foda é quando ele sabe disso, desde pequeno, mas tem que fingir 24 horas por dia da sua vida, na escola, na rua, e muitas vezes, até PRINCIPALMENTE, em casa, porque é filho de imbecis homofóbicos que não toleram, fazem piadas e já criam uma pressão no moleque desde cedo, logo, ele tende a se fechar e não adianta com o quanto de meninas passe a ficar, transar, ou até mesmo se casar... NÃO será feliz... não se aceitará! E deve ser, no mínimo chato, viver assim.. Agora, se você ainda pensa "será que é mesmo assim?", ME DIZ, é melhor acreditar em um homofóbico que DIZ ALGO QUE NÃO TEM CONHECIMENTO SOBRE... "gay vira gay" ou em um próprio gay, que SABE porque É? "sou homossexual desde que me conheço por gente no espelho com poucos anos de idade"?? PENSEM...) E mais uma coisa, falar que gay não sofre preconceito aí além de tudo é burrice! Como o afrodescendente e como uma criança acima do peso "normal" (exemplos citados no vídeo que assisti), gay também SOFRE, sim. Não é nada legal ser chamado de "viadinho" no colégio e até mesmo sofrer por atitudes homofóbicas todos os dias. É DESCONFORTÁVEL do MESMO JEITO! É horrível para uma pessoa ter que aceitar seus colegas de sala, por mero preconceito imbecil, rir da sua cara, fazer piadas etc; a pessoa SOFRE DO MESMO JEITO. Esse kit apenas mostraria para as crianças que existe algo que é natural que os cerca, antes da sociedade tentar criar um preconceito em suas cabeças... porque depois é foda quebrar esse preconceito e quem acaba sofrendo são aquelas pessoas NORMAIS, como QUALQUER OUTRA, que é vítima de palavras agressivas ou até mesmo agressões físicas, quando não morto numa avenida de madrugada... (sempre por uns 5,6, né? nunca de cara a cara.. porque homofóbico é bicho nojento e covarde demais pra tentar fazer qualquer merda sozinho.. consegue ser mais nojento ainda, extrapolando o nível de "pra dar ânsia", tendo que depender de amiguinhos pra fazer algo. [e ainda se dizem "macho"...]) Ser espancado por SEU PRÓPRIO GOSTO PESSOAL! De boa, se isso fosse normal, se normal realmente fosse essas mentes problemáticas que pensam e agem dessa forma... eu teria vergonha de ser humana, independentemente de nação ou qualquer outra coisa... pois por ser HUMANO, você precisa de, no mínimo, res-pei-to. Coisa que eu vejo cada vez mais tendendo à extinção. Agora, quer ser preconceituoso, vai rever seus conceitos sexuais (porque quem muito teme, deve). Não gosta de ver homem beijando homem? vai ligar para alguma mulher e tentar levá-la a um motel.. sei lá, não consegue "aceitar"? guarda pra você... mas não fala merda. E mais uma coisa sobre que foi falada no vídeo: Claro que ainda falta merenda em escolas, professores de qualidade (quando não simplesmente professores)... o Brasil está cheio de problemas educacionais.. nosso sistema de educação é uma falha, mesmo. Mas isso não tira o crédito de uma ideia que seja de outro "setor". Do jeito que tem que acabar com o preconceito e a homofobia, óbvio que tem que ter merenda. Mas não tem cabimento você discutir esses dois assuntos como se fosse algo extremamente interligado... Mas se falta argumento, joga qualquer coisa no discurso, né? "Kit Gay é uma merda porque eu não aceito meu filho gay, então, queridos pais, olhem isso... vocês estão sendo manipulados por um governo que quer crescer através de uma mídia e de simpatizantes e, além de tudo, isso pode influenciar seu filho a se tornar gay." PUTA QUE PARIU! Sim, me revolta... quando eu penso que o Brasil está indo pra frente, quando eu estudo pensando em encontrar pessoas inteligentes na universidade ou no trabalho... me deparo com MERDAS desse tipo... desanima, sabe? Afrouxa aquela esperança na sociedade e na evolução das pessoas... Só um "mascarado" mesmo pra falar tanta merda... porque acho que, no fundo no fundo, até ele sabe que está falando merda... mas quem se importa com compromisso com a verdade ou em PENSAR antes de dar uma opinião, ainda mais sobre um assunto desses? Se torna irrelevante quando só se quer gerar polêmica... É só mastigar preconceitos, cuspir num meio de comunicação, esperar que pessoas sem um senso crítico um tiquinho sequer avançado, ou simplesmente tão imbecis quanto fulano, passar isso adiante e, uhul, seu ego vence uma batalha... Só isso que importa... os direitos e sentimentos dos outros, não. DEPRIMENTE!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

As velhas rodelas rosadas.

Percebi hoje, depois de muito tempo sem vê-las, que realmente existem rodelas rosadas nos contornos dos ossos dos seus dedos. Não quero escrever sobre elas, já escrevi e já superei. Mas neste mesmo dia ouvi Djavan cantando "teus sinais me me confundem da cabeça aos pés mas por dentro eu te devoro, teu olhar não me diz exato quem tu és mas mesmo assim eu te devoro" e instantaneamente me atacou um instinto predador querendo te devorar. Não que eu tenha saído atrás de um telefone ou uma foto sua, nem mesmo pela mente viajando atrás de algumas lembranças ou qualquer coisa do tipo, apenas pensei na possibilidade de te devorar; e lembrei que já quis tanto isso, já esperei por um dia em que eu iria conseguir. Como meus olhos já te devoraram, acho que nenhum outro já te devorou e nunca irá. Não da mesma forma, não - com absoluta certeza - com a mesma intensidade. Não posso continuar escrevendo sobre isso, já disse que não voltaria a escrever nem sobre as rodelas dos seus dedos nem de músicas nem de pensamentos... às vezes volto a escrever porque ainda estou de certa forma presa naquele convívio contigo que não posso evitar, mas no máximo a partir da segunda semana de janeiro nunca mais te olharei, nunca mais te escreverei... A questão é:... não há questão. Hoje apenas comprovei que escrevi ano passado sobre rodelas realmente existentes, não sobre algo que fantasiei por estar cega de paixão. E ninguém vai reparar nelas como eu. Nota-las e admirá-las... muito menos escrever textos sobre elas. Como diz a Tati Bernardi, "Quem quer bancar a menina que escreve sobre suores e joelhos e cheiros?" No meu caso, rodelas rosadas nos ossos dos dedos, entre outras características também. "Eles são inseguros e querem uma garota normal, entende?" diz Tati, repito eu.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Me desprender.

É muita informação. É muito desejo misturado com rancor. É muito sentimento de culpa. Tanto tempo te desejando, desejando cada parte sua, cada migalha de carinho, de afeto, de aproximação. Tanto tapa na cara, tanta batida de cabeça na parede pra aprender, tanto sofrimento pra enxergar uma verdade - e, ainda assim, tentava me enganar, como consequência tive que passar por uma das maiores decepções da minha vida e transformar minha cama em uma ramificação do oceano atlântico porém abastecido de lágrimas. Tive que passar por uma etapa difícil, complicada, na qual eu não conseguia nem saber ao certo o que era certo - e também o que era errado. Momento quando você está tão atordoado, tão confuso, que acaba se perdendo na própria tristeza, não tendo mais sentido, direção. Mas aprende. Finalmente. Chega o tal momento, quando a raiva suga todo o seu afeto, quando a tristeza congela todos seus sentimentos: você supera. Você consegue passar por perto e não sentir o perfume, consegue dormir sem lembrar do cheiro. Consegue olhar e não derreter, tocar e não gelar. Isso é, sim, superação. Mas quem disse que superação tem de ser permanente? Basta uma recaída para te dizerem: "você nunca superou."!? Que expressão devo utilizar aqui? Me perco. Claro que eu superei! Eu não pensava mais, eu não lembrava, eu não sofria, eu não me alegrava. Passou a ser indiferente... claro, depois de muita raiva, de muita cobrança, de muito esforço, de muito nojo. Talvez esse último permaneceu, mas deixa eu te dizer uma coisa, amiga minha: eu superei! Agora, eu não sei que tipo de efeito me causou aquela bebida ou que tipo de mistério partido daquele céu nublado de madrugada me atingiu para que voltasse, aos poucos, nos últimos melhores e mais importantes momentos dos meus últimos anos, todos aqueles sentimentos. Começou com a choradeira, despertou um pouco de raiva, chorei, gritei, xinguei, joguei os sapatos no muro. Mas depois, foi só tristeza mesmo. Chorei, chorei, chorei, chorei no muro. E começaram a florescer sentimentos que eu havia enterrado, depois ainda arrancado, cortado a raíz - e isso há muito tempo: já nem os reconhecia. Tinha desprovido o campo emocional do húmus das lembranças, feito de tudo para que meu coração se transformasse em um lugar, assemelhando-se à uma pedra, à um chão de pedras, de rachaduras, de terra seca, sem nenhum tipo de vegetação, muito menos mais evoluída, bonitinha, com florzinha. Pelo menos em questão a ele. Agora me diz da onde surgiu um ramo que voltou a crescer? E me explica, por favor, como aconteceu tão rápido? Quando virei, vi aquele corpo e voltei a pensar como pensava ainda na idade anterior à minha agora: EU QUERO. Isso prevaleceu: querer. Voltou o desejo. Eu tentei, por um tempo, me enganar: óbvio, não podia admitir que depois de tanto esforço, tanto sofrimento e tanta glória pela superação, tudo aquilo voltasse, e assim tão fácil. Mas depois entendi que não adiantava: o desejo já estava ali, se instalando. Briguei comigo mesma, mas não consegui me manter em equilíbrio, em distanciamento, pelo menos: tive que me aproximar, mesmo que aos poucos. Tive que soltar uma, como: "está acabando o ano e eu ainda não te conheci". Sei lá se ele entendeu isso! Mas pra mim, por mais impulsivo que foi, foi uma das frases mais verdadeiras que eu poderia soltar. Não penso em outra forma de expressar o que voltei a sentir naquele momento a não ser: "quero muito te experimentar" ou "ainda não te conheço mesmo depois desses anos todos". É, eu conheço uma parte, ou pensava que conhecia. Sei a cor preferida, a cidade da mãe, alguns gostos pessoais, desde música à culinária. Mas não sei quem é, me confundi todo esse tempo tentando entender seu caráter, sua essência. Talvez simplesmente nem isso tenha - já acreditei muito nessa possibilidade. Mas me doeu encarar aquilo: uma das minhas últimas noites naquele meio e certamente com ele também e ainda não saber quem ele era, por quem eu me apaixonei, pela primeira e mais perdidamente vez. Eu só queria ter superado completamente sem poder fugir. Na última festa, eu me senti orgulhosa de mim mesma, pois pensava que não iria resistir, há alguns meses tinha medo de fazer o que eu esperava há alguns anos, como mostrar alguns textos, falar algumas coisas já ensaiadas. Nem o olhei direito. Mas nessa de agora... ainda não compreendo, só sei que voltei a desejar. Minha boca voltou a querer molhar seus lábios, minha pele voltou a querer entrar em contato com o seu rosto, o meu corpo voltou a querer a colisão. Mas depois volto a saber de coisas que me deprimem por um tempo mas depois só me enojam - sim, a ponto de eu ficar com ânsia, sentir, sinceramente, sem metáforas desta vez, embrulho no estômago; será isso devido ao sentimento ser muito? Parece estranho, mas é como acontece. Com nojo de você com outra no carro, com nojo de você com outra além da outra no mesmo carro, na mesma noite. Com nojo de você, com raiva de você, com raiva de mim por sentir tudo isso, simplesmente por sentir tudo, simplesmente por sentir TANTO. Mas não há, mesmo, o que fazer. A única coisa que eu entendi com tudo isso é que eu não sou tão forte quanto imaginava que fosse, quanto eu acreditava que eu fosse. Eu supero, mas basta você me tratar com um pouco mais de gentileza, me elogiar ou me dar algum tipo de indício de que se importa, que a minha mente fica confusa, que embaralha todas as ideias, que distorcem todos os sentidos. Aprendi, então, que você nunca será alguém normal para mim. Sempre será aquele por quem eu me apaixonei, aquele que eu não consegui entender, com quem não consegui me relacionar, mas sempre aquele que eu vou querer, por mais raiva, nojo ou tristeza que possa me causar. Não consigo fingir mais, e por um lado sinto alívio de estarmos quase entrando em dezembro e da minha vida mudar completamente no próximo ano, pois não serei mais obrigada a me forçar superar, a me forçar a te ver como "tem que ser", a me forçar ter que "saber separar as coisas", coisa que sempre foi muito difícil pra mim. A partir de agora eu encerro tudo, eu deixo pro vento a missão de levar todas as lembranças, para a cidade que guarde com muito carinho todos os momentos que talvez não se perdem. Eu espero que ano que vem eu esteja onde eu quero estar, onde você acredita que eu consigo chegar. E que sempre que voltar para cá, quando lembrar disso, pois será inevitável, que eu não lembre mais com nó no coração, com danças na garganta. Agora vou me desligar totalmente desse mundo de você, me desviciar de tudo que eu alimentei por esses três anos, buscando um efeito cem por cento eficaz. Por mais que eu tentei outras vezes, sempre tive medo de sobrar algum resto (quem sabe um dia eu te entrego um texto que exprime melhor esse medo?), sempre tive aquele ruído de dúvida, aquele sentimento de que ainda teria que te ver, ainda teria que te encarar, muitas vezes pro meu próprio bem eu teria que ter que te falar. Mas agora não. Agora é, realmente, o fim. Eu não pensava que seria assim há um, há dois anos. Mas tudo bem... nunca quis um conto de fadas mesmo. Desejava apenas que fosse. E nem isso chegou a ser. Foi o mais frustrante apesar de tudo - sim, apesar de toda dor, de toda descoberta, de toda mentira, de toda lágrima. Mas agora o que tiver que ser, será. Eu vou conseguir sucesso com ou sem você, vou alcançar o que almejo com ou sem a sua ajuda e vou me sentir muito feliz e orgulhosa com ou sem o seu parabéns. Nada mais me prende a você e vou usar isso como instrumento para me desprender completamente desse laço que, sem consciência, acabei transformando em um nó.

Temos nosso próprio tempo.

Aprendi a não desejar com tanta força que as coisas passem, que o tempo corra, que as vitórias cheguem logo, que os momentos criem asas. Aprendi, quando cinco horas de festa se transformaram em 50 minutos em uma metáfora e hipérbole justa ao que parecia, que cada momento é, realmente, único. Eu já sabia disso, mas não tinha aprendido. Aprendi que cada momento é digno de sua espera, até mesmo de suas expectativas. Cada momento tem seu tempo, por mais batido que possa parecer dizer isso. É simplesmente a mais crua verdade. É preciso esperar por cada coisa que te aguarda, cada comemoração, cada encontro, cada desafio. É preciso que nessa espera você saiba se deliciar com outros assuntos, outras visões, não só naquela expectativa. É preciso que nessa espera você continue vivendo e esperando. É preciso esperar. É preciso viver cada dia de cada vez, como se único, como se fosse o último. É preciso que, enquanto você espera pelo seus próximos 214 dias, você passe, no mínimo, 214 dias VIVENDO: não apenas esperando que eles passem, não vendo-os passar por você, não matando-os no tédio e na aparente infinita espera. Porque uma hora tal dia vai chegar, aqueles outros 200 e alguns vão ficar para trás e justo aquele dia que você tanto esperou, por mais especial que seja, por mais divino, vai acabar; também vai passar. E se você se perdeu tantos dias da sua vida na espera por um único, vai perceber que simplesmente rasgou e jogou no lixo vários da sua vida, como folhas de papel sem utilidade. E quando você perceber que a vida é uma só e que ela é extremamente curta e surpreendentemente fugaz, vai ser pior: vai se arrepender de não ter escolhido uma música diferente pra cada dia, uma loucura diferente para cometer, um amigo diferente pra abraçar e beijar. Não, não é possível que todos os dias de todos os anos da sua vida você escolha uma música, abrace um amigo, faça uma loucura. Mas cada dia que você perde sem coisas minúsculas, é MUITO. Logo, cada dia aproveitando de qualquer maneira possível, aquela que te favoreça no momento, já é o suficiente, pois já não estará deixando uma parte da sua vida em branco, estará vivendo, estará em ação. Contínua ação: isso eu considero fundamental ao passar dos nossos tempos.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Os dois lados me deprimem.

Quando estudava movimentos sociais, movimentos republicanos, revoltas regenciais... lembra daquelas aulas de história? Quando estudava esses temas, como não sentir orgulho de certas épocas históricas nossas? Desde que eu, pelo menos, me conheço como cidadã - não digo gente, porque como gente me conheço desde os 5 anos, talvez, e essa não é a idade, é a idade que eu me conheço como ci-da-dã, mesmo, com direitos, com ideologias, com preferência política e religião - espero por uma mudança, por um "movimento". Desde o começo de todo esse papo de disparidade de informações, da nova era da tecnologia, da grande influência da internet para movimentos sociais em prol de um bem geral, de uma sociedade justa, de toda essa história de direito comum. Desde que conheço a realidade do meu país, e desde que eu comecei a entender um pouquinho sobre a realidade do mundo, o que há por trás de guerras, de movimentos, ideologias, golpes, alianças etc, esperava, sinceramente, eu realmente esperava, pelo dia em que a minha geração ia tirar o corpo da frente do computador e se manifestar. E não digo que estou certa, óbvio, pois aqui estou eu, como muitos, criticando na frente do meu computador. Mas admito que não participei de nenhuma manifestação revolucionária, e não, não me sinto inútil por isso. Inútil acho que são aqueles que, mesmo viradas 24 horas com um papelão na mão, dizem lutar por um ideal, o qual é inútil. Então me pergunto: Seria conveniência? É muito legal posar de quem luta por direitos, de quem tem ideologia, de quem faz protestos, de quem dá a cara pra bater. Mas é cansativo demais se rebelar contra a fome e a corrupção, lutar para garantir a sobrevivência dos seus igualitários, pois de acordo com a sua ideologia esquerdista, todos somos iguais. É muito mais fácil quebrar um patrimônio público, até porque você não vai pagar por aquilo, mesmo. No máximo seu pai. É tão mais fácil dar dois passos e quebrar uma janela alegando ter direito de se manifestar, ter direito, como cidadão, de ter voz ativa - mas mascarado. Mais fácil fazer isso por seus próprios direitos. Direitos mais importantes que os mínimos e básicos que são esquecidos diariamente pela população, governantes, policiais, sim, mas também deputados, seus pais empresários e até mesmo você, estudante. Esquecidos por você, sim. Que só se lembra de uma pequena coisa: seu completamente e totalmente particular e pessoal "direito", mas claro, assim como de seus amigos, e de "todos": de fumar maconha. Deixa o cabelo crescer, a barba, fuma um cigarro e se sente nos anos 60. Acabei de ver uma foto de um que vestiu uma camiseta do Pink Floyd e foi lutar contra a PM argumentando como se estivesse nos anos 60. Ditadura! Alunos da maior Universidade pública do país... é difícil acreditar. Você pode amar os anos 60, estar cursando História ou Filosofia e ser apaixonado por tropicalismo, contracultura e até mesmo se lamentar ouvindo Roger Waters por ter nascido na época errada. Era, realmente, uma época de mais valores ideológicos. Pessoas lutavam contra a ditadura e não, não vivemos mais em uma ditadura "real" mas em uma ditadura imposta disfarçada, con-cor-do. E sim, são poucos que veem isso e se manifestam. Mas em contraste, vemos nossa sociedade, realmente, perdendo valores, causas, pelo quê lutar. Revoltas republicanas, populares, tudo muito lindo de estudar. Mas estamos em tempos diferentes. Amigo, entenda, mu-dou. A mídia continua envenenando casas, as revistas compradas manipulando pessoas e os conservadores de plantão estão aí. Os ignorantes, em massa. Não concordo nada com esse tipo que usa como argumento: "maconheiro bandido". Me deixa mais revoltada ainda. Não tolero tal atitude da PM, sou contra qualquer tipo de violência. Não estou em cima do muro, estou indignada com o meu país. Quando sai um "confronto" desses, uma história que podia ser bonita, com conteúdo, com lições para se tirar, aprender mais sobre ideologia, se or-gu-lhar do seu país, nos deparamos com isso. Causas insuficientes e erro nos dois lados. E não é que "todo mundo erra, mas escolhe um lado". É difícil "escolher um lado" quando ambos são vagos. Apoiar estudantes bancados por pai que em tempo livre destroem o que a população paga com seus impostos? Descontam em um dos mais desejáveis lugares para se estudar, idealizado por MUITOS, que sonham em um dia serem alunos de uma Universidade tão grande, tão imensa nos valores culturas e morais e também, sobretudo, profissionais. Vestem-se para fazer uma manifestação... pelo direito de fumar maconha no campus! Reclamam da polícia no campus, mas também reclamam da ausência dela, quando acontece algum acidente. Não respeitam a vontade da maioria: se de 10 amiguinhos seus, 8 não querem que a maconha seja liberada, aceite! E vá, com os outros 2, achar um lugar onde possa fazer isso sem que prejudique a maioria. Isso é respeito, educação. Alguns valores tem que ser mantidos. Agora, PM tratar pessoas que, por mais desvalorizadas possam ser suas causas, ainda a-pe-nas estão defendendo algo em que acreditam, como lixo, como submersos, inferiores, é lastimável. E pessoas que acham que está certo "descer o cacete, meter porrada, enxer de bala de borracha, acabar com eles..." é mais lastimável ainda! Cadê o senso? Por que não podemos ser "moderados", visando apenas uma MELHORIA GERAL PARA A POPULAÇÃO, para o BRASIL, para o estudante da USP e para o de ensino fundamental da escola pública do Rio de Janeiro? É tanta hipocrisita, por tantas partes, que às vezes me perco entre tanta nojeira. Tenho vergonha de certos "idealistas" que sujam ideais nos quais também acredito. Acredito na revolução, acredito nas causas, acredito na infecção da mídia, acredito na exagerada e dispensável repressão da PM, acredito no poder de lutar pelo quê acredita, acredito numa ideologia, acredito no liberal, acredito na esquerda. Mas espera aí, às vezes moleques de 20 anos se perdem nessa busca pela imagem do intelectual esquerdista. Não acho que seja má fé dos estudantes, não, não estou, de jeito algum, defendendo aquele discurso pobre e preconceituoso de que sejam ignorantes ou muito menos bandidos. Mas que estão perdendo seus valores, isso estão. Que estão perdendo tempo e disposição por essa causa e esse alvoroço todo, estão. Poderiam guardar essas energias, esse salto de idealismo e vontade de se reunir em bandos com cartazes pra impedir, de uma vez por todas, a corrupção, já clássica, que ocorre diariamente no nosso país, enquanto nos fazem de bobos, enquanto nos cegam. E, ironicamente, enquanto marcham com um cartaz contra a Globo, estão ajudando-a a ter mais poder, uma vez que usam essa pseudo-revoluaçãozinha como mais um dos jeitos de esconder outros casos realmente importantes. Tem gente morrendo, tem gente sofrendo com as injustiças e crueldades desse país. E tem gente que não sabe. E tem gente que não tem culpa por não saber, pois acredita na Globo, e apenas o que vê, são vocês, amigos, fumando um na cara do policial. Me deixa triste, pois falta ideologia! Queria ver ideologia, queria me sentir orgulhosa daqueles que serão meus médicos, advogados, cientistas, professores da próxima geração. Gente lutando pela garantia de um futuro melhor, pela garantia de uma aposentadoria, pela garantia de um sistema educacional decente e igualitário, pela garantia de comida na casa de todas as famílias, pela garantia de uma democracia realmente verídica, pela igualdade social e econômica e cultural, pela garantia de "pelo menos não morrer" na fila de um atendimento médico. Mas não... vejo pessoas, encapuzadas, quebrando e dizendo: "quero fumar maconha em paz." E depois, vejo pessoas dizendo que isso é ser bandido. Vejo pessoas que são contra o racismo e homofia, falando: "olha os tipos, tudo igual, tudo cabeludo bandido". Hipocrisia aqui, ali... e mais uma vez o Brasil perde ponto no quesito ideologia. Mais uma vez, são confundidos nossos valores. Mais uma vez, todos acabam sendo influenciados. Até mesmos os cults da revolução no campus. Ninguém nessa história está certo, nada disso merece tanta discussão, vemos preconceito em cada canto, vemos medidas drásticas sem necessidade, vemos o sensacionalismo tomando conta de nossas TVs, nos deparamos com ideias compradas e... repito o fato mais triste: ainda tem coisa pior e ninguém se move pra mudar, ninguém descruza os braços, ninguém sai pra rua. Interesse pessoal te faz gritar: quando você sente falta da maconha, vai fazer protesto. Não acho, sinceramente, que isso, em questão, seja errado. Mas você não vai soltar a voz para os desvios de verbas, por exemplo, de escolas públicas, vai? Não, você cresceu em escolas particulares e nada te faltou - não esquecemos que USP é sim elitizada, mesmo com as exceções. Você não sente fome, então não sente vontade de gritar contra aqueles que, cruelmente, ganham em cima daqueles que passam. E ainda querem que acreditemos que suas ideologias são politica e "socialisticamente" corretas. Isso me deprime, isso me deprime, Brasil...

domingo, 6 de novembro de 2011

Introdução.

Sempre dissera que sua vida parecia com uma novela mexicana. Nada de filmes adolescentes americanos. No-ve-la. Mexicana. Com direito e proveito de todo peculiar drama, exposto e sobreposto, escondido raramente, quase sempre escancarado. Carimbava todas suas experiências com tinta marcante: "isso é pra você aprender." Tudo acontecia de forma surpreendente, sem aviso prévio, e com um toque de doçura e ácida loucura, fazia sua novela. Na verdade, a deixava ser. Sem precisar pegar na caneta, contornava sua história, e borrava, pintava, amassava, rasurava, sujava, deixava cair mastigados, gotas de suor e de prazer, até beijava. Mas não jogava a folha fora.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Conto [8]

Ela não era de pensar muito antes de tomar pequenas decisões. Era impulsiva. Não era conservadora. Sim, era conservadora em certos costumes. Tinha uma boa educação. Mas era meio maluca, quando pequena parecia um moleque. Não subia em árvores, escalava. Andava descalça, não tinha nojo de barro, trocava brinquedos por papéis. Cresceu e batalhou para conseguir chegar onde queria ficar. Sua irmã mais nova acompanhou suas batalhas. Hoje, não sabe cozinhar. Por esse motivo, não seria a esposa perfeita de todo homem. E isso é o que a menos interessaria. Para atraí-la, use jaquetas, tenha um lindo sorriso, cabelo legal e um skate nos ombros. Entenda sobre super-heróis, mas não precisa querer ser um super-herói dela, ela é suficientemente independente. Quando ela encontrou uns olhos verdes especiais, se apaixonou. Não foi a primeira vez. Mas deu certo. Sabe quando dá certo? Não teve final feliz, nem chegou ao final. Muito pelo contrário, está tão no comecinho. Aqueles olhos verdes que desenham homem aranha e a fazem escutar Avril Lavigne realmente a conquistaram. E quando eu soube que conquistou mesmo, me assustou. É, eu sou aquela irmã mais nova que acompanhou suas batalhas. A irmã mais nova que como toda irmã mais nova às vezes tem aquele instinto de querer ser irmã mais velha da sua irmã mais velha. Mas depois lembrei que ela também tem medo de mim e das minhas escolhas, e isso é bem mais provável. Eu sou louca e olha os tipos que me interessa. Olha por quem eu já me apaixonei. Quando for a minha vez, provavelmente ela vai ficar com mais medo ainda. Medo de eu me machucar e aquele hábito de toda irmã, ou amiga que parece irmã, ainda mais irmã que é amiga, de querer deduzir se é bom o suficiente, se não vai dar merda, se será estável, se, no mínimo, será um relacionamento sob controle. Mas quer saber? Ela vai ficar feliz. Não sei o quanto, mas sei que não tanto quanto eu estou por ela e sempre vou ficar. Eu estou feliz por ela ter encontrado alguém que disque o número sem precisar do efeito do álcool, e não só de madrugada. Alguém que além de convidá-la para sua casa, também bota suas pernas pra funcionar e vai até a dela. Alguém que beije sabendo exatamente a medida dos seus sentimetos e que a conte sob esse tamanho. Depois de ver uma das pessoas pelas quais mais você se importa se machucar por outras miseráveis, que não tem muita coisa a acrescentar e tem como hobbie machucar os outros, você fica feliz quando a história muda. E quer saber? Quanto mais complicada e complexa for, é até melhor. Eu sou a maior fã de histórias reais estilo novelas mexicanas. Fico é muito feliz, pelo o-fi-ci-al. Alguém que me-re-ce sentimentos, merece meu respeito. Não aquele tipo de alguém que pensa que ainda vai encontrar a Shakira. E mesmo assim, falaria: "não sei, sabe, Sha, é que acho que estou esperando aquela minha amiga que canta pagode pra mim toda manhã." Alguém que um dia, e não precisa ser cedo, mas um dia, estará no sítio nos almoços de família, na varanda da casa da vó, na mesa no natal. Eu sou canceriana boba que acredita nessas coisas e muitas vezes já fiquei sentada em festas de família pensando: "e se fulano estivesse aqui?". Muitas vezes, pensando: "e se existisse algum fulano?" Isso mesmo, nem tinha rosto, o sujeito. Mas eu ficava, boba, imaginando eu de aliança preparando o vinagrete com a minha sogra, brincando com o priminho dele, mandando as primas folgadas ajudarem a lavar a louça. É, um dia vai ser assim. E eu tenho quase certeza que não será um cara-padrão. Sabe, daqueles bonitinhos, arrumadinhos, que você já esperava. Tipo os das suas primas? De topete e roupa de marca, de barba raspada e relógio caro. Tá, sem barba até pode ser, embora bem improvável... Mas por que estou falando de mim? Eu estava falando daquela menina que merece ser feliz todos os dias da sua vida, desde que o despertador toca até quando tira a lente e vai se deitar. Aquela que merece uma felicidade cheia, gorda, exponencial. Aquela que merece uma reação em cadeia de coisas boas. Sentimentos pequenos, bobos, e grandes, profundos. Aquela que merece a música da Avril Lavigne, porque deixa eu te contar, ela é o tipo que merece ser feliz. Sabe aquele tipo de pessoa boa? Pu-ra-men-te boa? Que de tão boa, te faz ficar feliz quando algo acontece pra ela que até te leva a escrecer um texto? Então. Aquela pessoa que merece o relacionamento mais lunático e intenso da cidade iluminada e barulhenta de São Paulo. Com direito a chuva, berros, chamadas perdidas, apelidos, músicas, desenhos, textos e uma cunhada coruja.

sábado, 1 de outubro de 2011

Glória Interior

Quero que tudo passe logo. Sei que vai deixar muitas saudades e eu posso depois me arrepender por partes. Me arrepender por ter perdido algo. Abri mão de algumas coisas para receber um retorno que, talvez, não me venha. Passou rápido demais, e eu desejei isso cada dia deste ano. Também teve os momentos de medo, em que se trava, se quer paralizar tudo, não quer o relógio, não quer nem ouvir nada. Momentos em que eu deitava na minha cama e ouvia pelo coração o "Run, rabit, run...". Mas a gente admite. Sofre, claro, são nossas primeiras evidências de que sim, está passando rápido. E sim, como você queria, já estamos no final do ano. Mas e o medo? Continua ali, não perto de você, dentro mesmo. Agora quero mais ainda tudo de uma vez. Quero logo a viagem, a festa, o desafio, a lista, meu nome, bem grande. Arrumar as malas, dormir em outra cidade - minha futura cidade. Quero engolir o futuro. Quero meus próximos 4 anos. Quero poder gritar. E se eu conseguir poder gritar, gritarei tão alto, que as ondas sonoras do meu berro escancarado alcançarão os pássaros migrando os hemisférios. Cantaria "Valeu a Pena" tantas vezes, que eu acabaria me autotravando. Faria alguma loucura. Não é surpresa, fazer loucuras se tornou hábito, rotineiro, para mim. Mas faria mais algumas. Daquelas loucuras saudáveis, claro. Mas faria... algo bem babaca, talvez infantil, que não machucasse os outros, no máximo os fizessem rir. Eu riria. Riria por qualquer coisa. Pararia no caminho diante de uma poça d'água e a encararia. Riria da minha imagem. Minha felicidade, tenho certeza, contaminaria. Vazaria do meu corpo alguns raios de paz, eles passariam por qualquer barreira, fuzilariam qualquer metal, qualquer coração de metal. Quero essa felicidade logo, mesmo com um medo aterrorizante de simplesmente não condizirem com meus planos os planos da vida. Quero que passe logo, porque quero me livrar logo do tanto que carrego comigo indesejavelmente, dia após dias, só na acumulação. Quero o drama... passar por ele, vencê-lo, me sentir digna de glória. A tal glória interior, essencial na minha vida, assim como na do Caio Fernando Abreu.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

"Música boa".

Então as pessoas gastam suas energias rotulando. Insistem em materializar tudo. Você não pode nem mais apreciar uma música, tem que saber de que álbum ela é, de que ano e quais as outras faixas do álbum. Um absurdo. Uma coisa é você dizer: "eu gosto tanto desta música, que sei até o álbum dela, o ano em que foi composta e gravada, a cor preferida de gravata do cantor e até mesmo as outras faixas do mesmo álbum." Outra coisa é você simplesmente apreciar a música. Eu espero por um mundo onde as pessoas apreciem música. Independentemente de rótulos. Claro que também me estressa e, digamos que até mais, me deixa "alheimente envegonhada", quando uma pessoa que não entende nada de música boa quer estampar na cidade inteira que está ouvindo uma de uma banda considerada "cult" ou qualquer dessas coisas. Mas é porque muitas dessas pessoas só querem estampar na cidade que estão ouvindo a tal música, vai saber se realmente gostam. Se admiram, estudam a letra, a melodia, se entregam aos solos de guitarra ou de pandeiro. Se sim, ótimo. Pode estampar, a autoestima é sua e se é assim que quer levantá-la... pior, pois só vão ficar alheiamente envergonhados com você. Se você ouviu a bendita música e sim, sentiu arrepios, ouviu a voz pelo coração, apaixonou-se pela combinação de uma música cuja letra é bonita, os solos são bonitos, a melodia é bonita, afinal, a música é bonita... fico feliz. É pra isso que as músicas estão aí. Para serem ouvidas e admiradas. Serem recantadas. Pra uma pessoa, mesmo que não entenda muito de música, se apaixone. Isso é beleza. E eu continuo esperando por um mundo no qual as pessoas apreciem música. Quando minha amiga, acostumada a ouvir eletrônico e desconhecendo qualquer tipo de rock clássico, me pediu para "voltar naquela música" que eu estava passando na minha Lista de Reprodução do Pink Floyd, no celular, eu achei estranho, de princípio. Soltei: "Você conhece?", surpresa. E ela conhecia. Fiquei tão, tão feliz. Ela disse que seu pai colocava pra tocar na chácara dela, e ela ficava viajando com a tal música, que achava linda. Pra quê me desgastar condenando-a? Só porque, realmente, era a única música do Pink Floyd que ela conhecia? Fiquei é, realmente, muito feliz. Pois ela conhecia uma música do Pink Floyd e isso já está de bom tamanho, ainda mais nos dias de hoje, com uma juventude como a de hoje. Coloquei a música, Comfortably Numb, e ficamos ouvindo os minutos longos e afinados de David Gilmour. E é assim. Fico feliz quando alguém conhece uma música boa. E fico feliz quando me perguntam uma música boa e eu não conheço, mas passo a conhecer. Sobre as não-merecidas-músicas... espero que a mídia pare de enfiá-las à nossa guela abaixo, um dia. Mas, enquanto não, vamos admirando as músicas boas. E esperando por um mundo em que as pessoas saibam cultivar uma cultura sem essa necessidade vazia de rotular, e até mesmo limitar. Vá ouvir Floyd, Hendrix, Airplane. Ouça também Carpenters, Chico e Veloso. Não é porque você é do rock'n'roll que não pode ser da bossa nova. E não é porque Hermeto Pascoal é gigante, que você teria que ser gigante pra conseguir acompanhá-lo. Sente a música? Entenda, é uma questão de sentir. E "música boa" faz sentir, faz sentir diferentes sensações, faz "viajar", delirar. Mas provoca mudança. Mudança de estado, de humor, de perspectiva, de espírito. Muda. Penetra. Você sente.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Voltando a refletir.

É só um pouco difícil acreditar que tudo realmente aconteceu. Não foi sonho, não foi suposição, não foi teoria... foi prático, literal. Às vezes optamos por fechar os olhos e tampar os ouvidos, e às vezes é até bom. Às vezes optamos por "esquecer", não lembrar, por simplesmente não sabermos como lidar com tanto. É erro demais, é pressão demais, é refletir demais, sobre coisas demais. Se já não bastasse suas escolhas e suas próprias contradições pra estudar, tem que tentar entender o outro também. A sua relação com o outro. O porquê do outro. E assim por diante. Então você diz não, não há tempo, você erra, eu supero e fica assim. Mas a vida não se contenta com isso e volta a fazer você voltar a pensar. Não passa a ser egoísmo seu, não entender o outro? Não passa a ser egoísmo seu, não perdoar o outro? A raiva passou e agora você enxerga tudo de uma forma bem diferente de antes, de uma forma mais madura, porque apanhou pra crescer, de uma forma mais clara, porque a tempestade foi embora e não, ela nunca fica, porque você nunca fica com rancor. O céu clareia. Sim, ainda tem aquelas nuvens escondidas, carregadas, que às vezes despeja suas lágrimas, pois guarda suas tristezas, afinal, machucou e não, não vai cicatrizar, vai ficar lá, pregada no céu: uma nuvem com a memória, só não sei por quanto tempo. Mas ela está bem visível, ou seja, vai demorar para o vento levá-la. Ou seja, pra resumir, está assim: ainda doendo, mas não fervendo. Não tenho mais ataques de raiva com o fato ocorrido, apenas alguma chateação por ele ter ocorrido. Pois bem, estava tudo certo, sem entender, aceitavelmente sem ter o que fazer... mas agora volta aqueles princípios básicos: tem que entender. Tem que buscar uma resposta, tem que tentar tirar uma lição de tudo que aconteceu. E aquela outra voz (sempre tem uma do contra): não, não tem que se fazer nada. Esquece, você já foi burra uma vez, não vai ser de novo. Continue na distância. E essas vozes ficam brincando comigo.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Let It Be (Across The Universe)




Todo mundo deveria assistir à esta cena, independentemente do filme ou até mesmo dos Beatles. O filme "Across the Universe" abrange o tema da Guerra do Vietnã, e com as músicas dos Beatles retrata muitas situações, tais como a espera do namorado que fora lutar na guerra, com "It Won't Be Long", ou a própria morte deste. A insignificância que alguns sentiam diante de todo o sangue disparado, aquele sentimento de que não há nada a fazer, por mais que sintam e que queiram, como vemos no personagem Jude, em Revolution ; a tristeza e solidão extrema provocada por todos os conflitos e suas consequências, que se expressam através de Blackbird, por exemplo; a revolta dos jovens e a atitude de luta contra a luta, através de protestos; ou a própria guerra e todas suas provocações e dilemas, representada de forma mais realista em I Want You, onde é fácil perceber o brilhante encaixe da música com as imagens e a utilização do próprio cartaz do "Tio Sam" (Ucle Sam) que foi e ainda é a figura que representa os Estados Unidos da América e suas guerras (eu quero você para o exército americano), ou mais refletivelmente em Strawberry Fields Forever, onde prevalece a emoção e os conflitos internos e ideologias confusas. Além de tratar também dos assuntos hippies, das rebeldias, do andar perdido, do sentido do coletivo e essencialmente das drogas e suas alucinações, e isso tudo podemos ver no filme inteiro. Mas não é sobre o filme que quero falar, é sobre a cena, que, como eu disse, deve ser assistida mesmo que independentemente do filme e por se tratar de um musical dos Beatles. Além de muito bem feita, com um arranjo maravilhoso, é triste. É linda de tão bem planejada, é aplaudível e adotada como "uma cena para se levar pra vida", mas também é revoltante saber que já foi realidade para muita gente e pior, que até hoje ainda tem quem acredita no "patriotismo" e na guerra. É de encher a alma de lágrimas e sufocar com aperto no coração. Guerra, sangue, violência, morte, perda de valores, de vidas, com um objetivo mesquinho e cruel, banal, fútil: dinheiro. Capitalismo selvagem. Sociedade em que se aceita o poder de uma bala de fogo tirar a vida de uma pessoa inocente para ter mais zeros em suas contas bancárias, cidadãos dessa socidade que aceitam estudar sobre morte na escola, ver morte quando chegam em casa, saber de morte no trabalho, envelhecer vendo e ouvindo sobre morte e suas causas tão profundas e também tão frágeis, e, por fim, morrer assistindo à tudo isso sem ter feito nada para mudar, sem ter tido uma ideologia, ou, se tivesse uma: pré-conceituada ou influênciada o bastante por tal sociedade apressada por dinheiro, máquinas, futuro. É de arrepiar, esta cena. Ou eu sou muito sentimental? Bobeira minha, ou é um tanto quanto hipócrita a bandeira dos EUA no caixão? Bom, eu, pelo menos, não gostaria de que me enterrassem com a bandeira do país que me levou à morte, ainda mais pelos seus interesses pessoais. É arrepiante o menino cantando enquanto bombas podem acertá-lo, enquanto homens, tentando fugir, simplesmente morrem, perdem suas vidas em segundos inesperados, por tiros inesperados. E a família desse garoto, transparecendo os sentimentos pelo rosto, também entristece. Não, não pode ser coisa só minha. Por isso tenho que compartilhar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Uma, duas, três decepções.

Você diz: "Não esperava isso." e ele retruca: "Ninguém nunca espera." Sei que ninguém nunca espera. Mas há certas pessoas, das quais você REALMENTE não espera certas atitudes, que acabam te surpreendendo tão dolorosamente, que se acontecesse em sonho, você riria ao acordar, porque com a mão no fogo juraria que, por qualquer circunstância que fosse, não lhe decepcionariam de tal maneira. Na teoria, não seria possível. Na teoria, existia algo chamado confiança. E você acreditou em um "te amo". Amor? Será que você valoriza demais essa palavra idiota, ou as pessoas que esqueceram o que significa realmente amar alguém? Talvez seja culpa sua, mesmo. Quem mandou adotar a ideia de confiança, uma vez escassa nesta geração? Quem mandou levar a sério o "pode contar comigo"? Bobinha, não sabia que as pessoas são falsas e egoístas? Claro que não... tão inocentemente tonta, ingênua demais, boa demais. Foi ter coração bom e agora o sente frio, se sente fria, sozinha e burra. Anota aí: ego. E talvez as pessoas não sejam realmente tão malvadas, mas apenas não tão boas. Bondade não está só em não fazer o mal, provamos que somos bons quando nos esforçamos para fazer algo que acreditamos que seja o certo. Se você prega A, não comete o erro B devido ao simples fato de lembrar de que acredita em A. Por deslizes todo mundo passa, mas quando envolve sentimentos, pessoas que podem sair machucadas, o sentimento sempre fala mais alto. Quando não fala, é porque não é suficiente. Se você acredita na verdade, seja a verdade. Se sente-se sujo com a mentira, não minta. Ninguém consegue viver tanto tempo em um chiqueiro sem sentir-se um porco. E não venha dizer que é fácil falar... para quem ama, também é fácil agir.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Destino.

Às vezes é preciso considerar os sinais. Digo às vezes porque geralmente é coisa da nossa cabeça, mesmo. Se levarmos cada coisa que acontece a nossa volta como pequenos conselhos mágicos que devemos decifrar, podemos enlouquecer. Mas quando há insistência nas circunstâncias, pode ser que há alguma força sem determinação de boa ou má, querendo nos avisar ou livrar de algo. Talvez as coincidências sejam sussurros de anjos em nosso ouvido. Talvez exista algo que não exista, apenas há. Algo que queira entrar em contato conosco, nos alertar de algum erro ou aconselhar a acertarmos na dose ou na escolha. Talvez a vida tenha mesmo vida, e seja ela que está do nosso lado, independentemente de nosso endereço. Talvez sejamos independentes dessa carma. Talvez, talvez, talvez. Teorias apenas de alguém com muita pouca experiência, mas com olhos muito bem abertos para tudo. Alguém com ingenuidade, mas que suga toda forma de aprendizado de toda situação que vive ou conhece. E que percebe que há algo mais em toda forma de amor, de olhar, de acontecimento. Todo final se completa, apenas as pessoas podem não enxergar isso. Mas se vasculharmos, encontramos vestígios de um quebra-cabeça. Quem sabe? Ninguém sabe. Mas que há algo maior, há. Talvez o universo conspire, mesmo. Talvez as fadas existem. Talvez aquele parente que tanto te amava e foi embora, se transformou em algum tipo de luz que te faz bem. Talvez o mundo é cruamente realista e a alma de poeta das pessoas que transforma o olhar delas em bobo. Talvez destino é visto por apenas quem enxerga o mundo com o coração, mesmo este sendo um órgão limitado a algumas funções biológicas e totalmente desprovido de funções emocionais. Talvez é piragem de quem tem alma suave, de artista. Talvez é porque conseguimos ver e sentir além. Ver além do óbvio, por mais apaixonados pela ciência e pelos fatos. Sentir além das músicas, dos rasgos de guitarra, dos sons do saxofone, da tons subníveis de uma voz, de uma melodia, de um grito. Desses do Raul, da Janis Joplin; daqueles até mais meigos, tipo Lennon.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Sem tempo e sem espaço.

Hermeto Pascoal me lembra você. E aquela música que enfeita o cenário com lembranças de chuva, mês de julho e até cheiro do perfume mais suave. Não que eu queria reviver tudo, não há tempo nem espaço para isso. Não é que eu queira insistir em entender, querer entender até que é normal, talvez essa vontade permaneça imortal, mas insistir é pagar pra sofrer. Não é que eu queira te fazer mal, é que eu sei que minha distância não lhe diminui em nada, tal como minha presença talvez não lhe acrescente. Não é que eu queira fazer pirraça, fazer maldade, ser vingativa; mesmo se eu pensasse em tudo isso, sei que seriam todas inutilidades, uma vez que simplesmente não tem importância pra você. Apenas vou me afastar como já fiz antes, e talvez com mais desprezo, frieza e admito até rancor. Não que seja proposital, mas digamos que seja natural. Assistir àquela cena me deu mais um choque de realidade, e talvez eu precisasse, mesmo. Não que eu seja defensora do destino, nem acredito muito nele. Mas acontece que as coisas passam de uma forma tão incrível, que simplesmente não dá pra ser tão cético a ponto de nem apenas desconfiar, um pouco que seja, de que "tem que ser assim". Parece que uma situação completa a outra, um motivo é válido para outra situação e assim vai... tudo se encaixando de uma forma aparentemente mágica. Mas sei que não é mágica. Se o universo mesmo conspira, será que nos aguarda algo maior? Ou simplesmente tem que ser assim, desse mesmo jeito, com a mesma restrição? São tantas perguntas e possibilidades, que, por isso, desisti de entender, de nos entender, de te entender, de tentar entender por que você tanto fala que não gosta de tal tipo de mulher e a tenta beijar, por que quando eu peço um abraço diz junto um "te adoro", se esse tal respeito é verdadeiro ou pré-conceituado... desisto de tentar entender os anos, os olhares e as bobagens, tudo vai pra lixeira, de novo. E que se encerre, por definitivo, essa rotulada novela mexicana. Ontem pensei que se já esquecer você uma vez foi quase impossível, tão difícil, que não conseguiria de novo; hoje sei que tenho forças, pois da primeira vez eu estava completamente perdida, sozinha e cega, mas consegui. Agora, então, por que não conseguiria? Ainda mais tendo tanto em que me apoiar, tantos outros motivos, outras motivações, outras obrigações... não resta nem tempo. Nem tempo nem espaço.

domingo, 19 de junho de 2011

Entendendo e deixando de querer entender.

É engraçado ouvir músicas que havia mais de seis meses que você não as ouvia e pensar em como você se sentia naquela época e como está a sua situação agora. Uma lembrança de angústia e de felicidade privada, um alívio por ter se libertado de algo que tanto lhe destinava às lágrimas. Você lembra que houve momentos bons, lembra dos sorrisos sinceros que doava ao mundo, mas lembra perfeitamente bem também da tortura. Perdeu noites pensando e tentando entender algo que até hoje é indecifrável e propositalmente contraditório, perdeu tempo e colhe hoje consequências da dominação da fraqueza sob seu corpo e sua mente naqueles momentos. Mas enxerga um outro lado, com uma perspectiva mais madura, principalmente desiludida, entendendo muita coisa, abandonando outras. O bom é enxergar seus sentimentos, sem influência de paixonite-aguda-demais.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Não voltar.

Clara olhou diretamente, não mais insegura ou com receio do que dizer ou rebecer como contra-argumento. "Você tem medo". E aquela voz firme e olhos arregalados trouxeram surpresas - sim, no plural. Além de uma negação incansável, um convite quase inecusável. Provocações a parte, a parte mesmo. Não era mais jogo de adolescente (nem acreditava nesse termo), não havia mais uma ligação social restrita, ambos eram animais, e aceitavam-se sendo assim, de fato. Clara não cedeu, não voltou a ser aquela antiga arremessadora de possibilidades, nem tentou controlar uma possível história - mais uma de suas loucuras. Conseguiu praticar o "let it be" e, mesmo com Vodca, não precisou fugir, esconder-se, ou fazer qualquer tipo de esforço. Talvez não precisasse por não ser mais aquela ingênua e indefesa, que acabara de descobrir os sentimentos, que se atrapalhou interamente por tudo ter sido novidade; era muita intensidade para pouca (nenhuma) experiência. Sentiu-se tão bem em poder continuar em pé - algo que já foi tão difícil, um dia. Que a pele iluminada, os dentes que brincam de desenhar sorrisos e a vestimenta a atraíram, isso sim. Mas não a possuíram (como antes). Foi somente carnal. Não foi hipócrita, negando seus desejos, mas também não foi fraca, deixando algum sentimento mais profundo aparecer em cena, nem nos bastidores. É outro ano, são outros interesses, ideias e também sentimentos. Foi perfuradamente doloroso o grotesco esforço para uma única saída. Prometeu a si mesma jamais abrir a porta novamente , tendo de voltar para aquele caminho pelo qual tanto sofreu na percorrida. (Sobreviveu). Que ainda tem curiosidade pelos lábios, talvez. Mas tem algo a mais: senso.

domingo, 5 de junho de 2011

Uma tendência a atraiar o incomum.

Desafio pessoas que pensem que tenham vivido histórias mais improváveis que eu. Comigo foi sempre assim, desde que eu me reconheço no espelho, cantando e com direito a nome artístico. Desde a quarta série, errando coisas bobas em matemática. Quando apaixonada, agindo de modo estranho: ao mesmo tempo que involuntariamente abro um sorriso, fico inteiramente gélida, por vezes tremo, depois aquece tudo de novo. Ele vem e vem junto o medo, vem um monte de pergunta, vem vontade de abandonar, desistir... tudo junto, constante; dá um certo choque, um embrulho comum no estômago, como sempre, em todas, mas em mim, garanto que de forma exclusiva. O que eu quero não dá certo, quem me quer eu não dou crédito. Ou é longe demais ou a diferença é demais, ou até mesmo há igualdade demais. Já, bricando, pediram para eu escrever um livro com as coisas que acontece comigo. É comum rotularem minha vida de "novela mexicana". Concordo então com os textos do Caio Fernando Abreu, por isso sempre recito aquela frase de um conto dele, que não falha pra mim nunca: "Dane-se, comigo foi sempre tudo ao contrário."

Sábado aqui, sábado aí.

Queria te escrever, mas as palavras ficam engasgadas. Sai a tosse que me incomoda mas não sai sequer uma palavra que possa aliviar um pouco de toda essa confusão, que me faça entender como estou me sentindo, como acontecia antigamente. Mas estranhamente - ou talvez não -, ouço "Oh, baby, baby it's a wild world.." e brotam em minha mente lembranças nítidas e doces, coloridas como o dia deste domingo, amargas e fugazes, frias como a temperatura das noites desta cidade neste mês, embaçadas como no clipe do Cat Stevens. "But if you wanna leave, take good care..." é exatamente o que eu desejo a você. Apenas se cuide. Apenas tenha um pouco mais de malícia na vida. Você pensa que entende muito, que a inocência se dá por idade, por certos atos, mas é um homem tão inocente, tão frágil, que acredita cegamente, despercebe interesses, despercebe carências mascaradas. Sabe, ontem eu estava voltando de madrugada no carro de outro, não, nada aconteceu, nada iria acontecer, era só um amigo. Mas estava um clima tão bom, tão diferente. Com mais pessoas no carro, cantando Kings Of Leon e o novo CD do Foo Fighters, você já ouviu? É muito bom... ontem mesmo estávamos comentando sobre a vinda deles ao Brasil, provavelmente iremos, lembrei de você. Você vai? Vai também ao Pearl Jam, né? Também estou combinando com uma amiga. Nada certo ainda, mas lembro do seu convite... e se, realmente, nos encontrássemos lá? Ah, tantas coisas em comum.. bandas, CD's que tocam no carro que corre a madrugada em busca de algum prazer pro sábado à noite, que nem aquela noite no seu carro, com Two Of Us... tantas semelhanças: domingo, jogo do Corinthians e eu aqui torcendo não como antes, contra, mas sim para a vitória: o que isso significa? Eu completamente me censuro esse tipo de atitude! É só futebol, que seja, mas não posso torcer para algo tão terrível, né? Será que eu sou a única que torce para o time adversário só porque isso te deixaria feliz? Talvez tenha quem não entenda isso, mas eu sei como é o seu amor por esse time, e como te deixa feliz... então, só de saber da possibilidade de um domingo desse lado aí, você feliz, sorrindo, com a camisa mais feia de time que eu conheço mas que fica absurdamente linda em você, festejando com cervejas e com os amigos, eu penso: "que se foda o futebol, quero ele feliz." Era segredo... estava guardando essa sensação pra mim, ainda não admitindo sentir tal coisa, mas que seja, agora já está passado pro papel, está concretizado até onde eu chego por desejar por você. Que minha família, inclusive meu pai, nunca leia este texto... Ah, tantas coisas, tantos sentimentos, até me perco... mas eu estava falando de ontem, né? Ah, claro, de ter voltado no carro de outro, com amigos, com música, sons de Dave Grohl e de risadas. Lembrei de você uma vez, enquanto voltávamos da outra cidade. Na estrada, veio um: "por que ele não pega o maldito carro e vem pra essa porcaria de cidade pelo menos um final de semana?" e logo depois alguma ideia de que você devia estar bem, com seus amigos, suas risadas e suas bebidas. Não houve sentimentos de culpa, de saudade, principalmente de carência exclusiva e determinada. (Há dois tipos de carência, aquela indeterminada, que você sente por vazio total e só quer matá-la,com qualquer alguém, qualquer beijo, qualquer corpo; e aquela determinada, que se dá exclusivamente por uma pessoa, que se tem por um determinado beijo e que só seria morta se assassinada pelo próprio corpo de quem a criou, partindo.) Se cuida, ouça muita música - continuo admirando bastante essa sua essência. Divirta-se, estuda - continuo te admirando toda vez que você fala o nome complicado da matéria que está estudando para a prova da faculdade. Enquanto isso, eu vou tentando perder esse costume de te admirar. Nos vemos final de semana que vem, se você vir, ou em algum show, se nos trombarmos, ou marcarmos, ou em algum bar, se eu for para aí, ou...

domingo, 29 de maio de 2011

Ideias de um caráter diferente.

E eu sempre perco pessoas. Perco para a distância, para as circunstâncias, para as diferenças. E é com frequência que também me decepciono. Me machuco, me engano. Mas quando eu sinto que é verdadeiro, eu falo e grito, estampo e negrito, para ficar marcado, pois sentimentos devem ser passados, devem ser citados, devem ser pregados. E se existe um sentimento abstrato que eu pudesse transformar em pessoa, seria o amor. Assim, ele ouviria muito de mim. "Por que isso, por que aquilo?" De qualquer forma, isso tudo é ilusão. Ele nunca vai ouvir minhas queixas e reclamações, meus elogios e declarações. Mas ele se encontra nas pessoas, nas atitudes, nos olhares. Que bom que você é um alguém que possui a capacidade de me transmitir n sentimentos em um olhar, me fazendo feliz. Em tão pouco tempo, conseguiu me fazer querer passar o meu contigo. Que bom que tenho ideias incomuns, que na minha vida seja tudo estilo novela mexicana. Agradeço tanto pela minha vontade de querer levar vantagem. Só assim, para eu poder descobrir seu valor. Que bom que certa vez eu tive ciúme de alguém, e precisei me aproximar de você por isso. Só com essa atitude, abriria-se o caminho para eu me aproximar. Eu posso bater a cabeça várias vezes devido ao meu jeito, minhas ideologias podem me custar e danificar em vários aspectos. Pode-se tirar muito de mim devido eu seguir o que eu acredito. Já sofri, já me decepcionei, já me equivoquei. Mas sempre há momentos assim, nos quais tudo vale a pena. Momentos que, se não dependessem desses conceitos que moldam seu caráter e sua personalidade em essência, não dependeriam mais de nada, simplesmente não existiriam. E esses momentos são valiosos, me fazem bem; então eu agradeço a mim mesma por ser quem eu sou.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O tempo ter poder.

Sim, é um pouco estranho estar vivendo uma época com a qual tanto sonhei e idealizei. Esperava tanto, tantas emoções, aumentos, momentos. Estou em um ponto de marcação, o qual há um tempo atrás parecia ser demasiadamente lento, o qual na teoria me traria respostas, ou melhor, resultados. Aceitava ser absolutamente presa àquele sentimento, àquela pessoa e àqueles planos e sonhos, só esperava o tempo passar. E desejava. Com força, com vontade, com curiosidade e ansiedade. Ansiando por uma noite, uma atitude, um "poder". Hoje, no meu plano de ontem, eu estaria criando tantas fantasias e armadilhas, seduzindo o tempo e as circunstâncias, conquistando partes, absorvendo espaço. Mas nada mais importa. É tão mais saudável, mas estranho. Nunca passou por sequer um mínimo de meio tempo em minha cabeça que poderia ser diferente, poderia mudar, que podia haver a possibilidade de eu me desprender daquele aparente sentimento fadado. Ouço algumas músicas que me lembram sentimentos, me fazem visualizar uma noite - que já estava desenhada e decorada na minha mente, imagem montada por inteira - que não aconteceu mas está para acontecer, mais próxima, agora. Quem sabe do que eu posso ser capaz de fazer, ainda? O que pode acontecer... Os sabores serem provados, a importância continuar morna, ou quem sabe até fria, morta, esquecida, dissolvida com o tempo e ou com a distância, ou fenômeno desconhecido. Não aposto mais, nem brinco com o tempo, ele é perigoso e extremamente poderoso, surpreende-nos.

Medo de haver restos.

Eu guardo um medo escondido e até meio que subentendido de você ser realmente um tipo de feitiço sem forças externas mas fortemente unificado em mim... um medo de simultâneamente um suspiro soltar, um olhar ferver, em alguma oportunidade eu me entregar. Medo bobo e secreto, de ainda haver resto de você aqui; massacrado, rasgado, sujo e mal-tratado, mas permanente.
Mesmo no começo do sentimento, aceitava que talvez podia ser loucura. Invenção minha, de olhares, toques e intenções. Agora posso assegurar que não foi. Ainda que talvez, e bem talvez, resta algo de você ou por você em mim, acontece que eu superei; e posso afirmar que não foi neurose. Ou qualquer tipo ou porcentagem de delírio.
Mas esqueço, abandono. Afinal, não importa mais. Seria interessante saber por você, como você via as coisas acontecerem, como você me via. Mas provavelmente isso nunca acontecerá. Indecifrável, complexo, confuso. Certamente vou continuar assim. Tudo foi abandonado e continuará abandonado, sem eu saber por sua perspectiva; se sentia medo, se achava estranho, se deliciava-se ou se, realmente, quem sabe, nem suspeitava que existia algo real por trás de toda a armação disfarçada por obrigatoriedade.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Ontem eu queria você hoje.

Queria você presente nesses momentos, nas dúvidas e nas incertezas, ouvindo minhas preocupações e medos, aconselhando meus passos, guiando minhas escolhas. Uma imagem que me agradava, era pensar no futuro - hoje presente -, com você fazendo parte dele, mas não como recordação, ou lição. Imagem de um conjunto, de histórias, de momentos. De você vindo pra cá e eu indo pra lá, de você me ajudando a decidir, me falando que ficaria tudo bem, me acalmando com suas experiências; você já passou por isso, poderia me ligar e me confortar com palavras, me encontrar e me envolver com seu corpo, seu carinho, sua presença. Poderia me marcar com cada toque, eu deixaria. Eu gostaria. Do seu toque firme, mãos grossas e pesadas. Elas me acalmando. Elas entre meus cabelos, na minha pele. Enfim, você em mim. Compartilhando esses momentos, ajudando-me a me reencontrar, quando já perdida. Ajudando-me a não me perder, quando no caminho. Ouvindo as novidades, ouvindo eu bêbada, uma outra vez. Ouvindo eu dizendo sinceridades, banalidades, cópias de músicas: que nós dois gostamos. Queria que você esquecesse seu moletom aqui, e este, me apropriando dele, me aqueceria todas as manhãs, me estimularia a combater as dificuldades, vencer o desafio. Queria tantas coisas, como ligar pra sua mãe e ajudá-la no prato do dia, deitar na sua cama e te contar do quanto estou cansada, quanto preciso da sua proximidade. Não migalhas, restos, desculpas pra falar, pra te trazer. Vivo uma etapa tão complicada, difícil, carente de estímulos, pessoas por perto. Tão complicada, que só levarei quem me demonstrar que esteve comigo por enquanto. Exceto os que ainda estão por vir. Isto tudo virará passado, e eu não vou dar continuidade, vou apenas relembrar; no máximo, guardar como boa memória. Mas quem eu levarei comigo, será quem esteve presente. Então, mesmo que "chegue a nossa hora" como você falou, na verdade não sei se eu vou te querer, como você espera. Não vou querer, não vou precisar, não vou nem admirar... (já estou deixando de admirar, e, acredite, quando deixo de admirar... perde-se muito!) Nesta hora, tem noção de quanta coisa vai ter mudado? Em mim e para mim? Sobre mim e minhas prioridades? Meus costumes e sentimentos? Sim, você disse, e aqui estou eu afirmando que você estava certo: eu vou mudar. Vou mudar muito, mas você pensou em um só lado e esqueceu da possibilidade de esta mudança poder não te privilegiar...

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Dá saudade de escrever.

Dá uma vontade de escrever. Pra fugir, pra esquecer, pra descansar. Descansar a mente, os sentimentos, o lilás debaixo dos olhos. Mas não há tempo. Dá saudade do tempo que tinha pra fugir, pra esquecer. Do tempo que ficava descansada. Eu sabia que seria corrido, sabia que me aguardava uma turbulenta sequência de decisões e seriedade. Dá saudade de escrever, ter certeza dos sentimentos, ajudar a esclarecer. Mas o cansaço é tanto que me perco até entre as palavras, coisa que nunca pensei que podia acontecer. Perco o rumo. Vou mudando a cor do assunto, devido serem muitas decisões, muitos pensamentos, uma turbulência. Dói a cabeça, dói o osso da cabeça, dói os olhos que imploram para poderem se fechar. Mas ouço as músicas clássicas e as populares, que me fazem ter força, aguentar o muito iludidamente aparente de ser pouco. E não desistir. Descansar, reservar um tempo pra escrever. Preciso escrever mais. Ando escrevendo muito pouco, estou distante da cura dos problemas. Preciso dormir. E parar de querer fazer tudo de uma vez, como se o tempo tivesse total controle sobre mim. (Por mais que tenha). Dá saudade de tanta coisa, tantas folgas, tantos amores, tantos futuros. E incertezas. E contos. Mas dá êxtase também... do novo, do acordar, do futuro. E vou escrever mais sobre isso... até sobre meus medos, incertezas, decisões. Mas pensarei menos. Menos pensamentos inúteis, menos estresse, menos preocupação, menos passado! Cada dia que passa, me foco mais no dia seguinte. Mas vou tentar com mais leveza.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Sem extremos, sem graça.

Que saudade das complicações. Daquele vazio preenchido. Daquele frio que aquecia todas minhas partes. Que saudade de todos os momentos, que eram tão naturais, tão verdadeiros. A mudança vai além de um ambiente, de um número, de uma frequência, de pessoas... a mudança está no tempo, nas lembranças, nas histórias. Não há mais tanto calor nas pessoas, não há mais tanta vontade de sorriros autênticos, não há mais desejos sinceros. Há uma diferença, que não supera. É irônico, era para este ser daquele estilo. Mas também depende de seus interesses, acho. Acho não, sei. Sei que depende, varia de acordo com cada mente... chega um ponto que as diferenças se encontram, colidem, e não adianta mais fugir pro colo amigo, esconder-se na coberta que abriga todos que você ama. No ponto que chega das decisões finais e do reflexo de quem é você, o que você quer, o que você quer depois, o que você gosta, o que você acredita, o que você não quer por perto... não é como antes, que você sabia, mas não importava as diferenças tão por perto. Pra não ficar tão complexo, eu digo: se eu gosto de muitas maçãs, mas gosto mesmo, mas há alguém que ache graça em cortar maçãs, vou acabar me afastando dessa pessoa, mesmo que sem propósito para fazer. Acontece que eu não vou querer vê-la cortando as maçãs. E vou evitar falar de maçãs, e evitar vê-la com as dela. Como sempre, com suposições suspeitamente malucas. Mas é o que acontece. Com sentimentos, por exemplo. Não quero ninguém perto de mim, com facas, cortando sentimentos. Sejam minhas maçãs, ou de qualquer outra pessoa. E assim acontece com a gente. Com o futuro, com nossas ideologias, com nossas per-so-na-li-da-des. Está tudo tão confuso, em uma época que não facilita nada, também. Ah, continuo achando o ano anterior o ano com mais paranóias minhas, tirando 2006 da jogada. Continuo sentindo saudade de coisas que aprendi e momentos que vivi, mas ainda sem entender como que aconteceu. Talvez essa tenha sido a graça... tudo ter acontecido de uma forma que eu não entendi. Mas acabou, não importa mais, eu podia entender agora, né? Ainda devo isso para aquela dona do poço de lágrimas e da poça de chuva fria vinda de dentro, do mais interno e irreconhecível. Devo à ela uma explicação, pra ela não achar que era loucura. Mas que saudade do vento, das luzes, das turbulências, dos risos, do extremo. Anda meio sem graça, por aqui... Considero o que dizem, gosto mesmo de escrever uma novela mexicana para a minha vida.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Feliz Aniversário.

Acho que parabéns e desejos de tudo de bom podem passar muito batido. Queria escrever algo mais bonito, mais marcante, que chegasse de alguma forma não só aos seus olhos, tímpano ou consicência, mas a fundo, entende? Mesmo que passasse raspando por seu peito, invadindo seus anexos, glóbulos, órgãos, petrificando no seu coração. Pelo menos assim marcaria, e seria bem difícil de você tirar depois. Palavras que só fossem retiradas com alguma cirurgia, pois sei que você não seria capaz de querer mandá-las embora, então, pelo menos ficariam ali, esperando para partirem só quando você agisse. Mas seriam tão dóceis, que você não faria isso. Enfim, pensei muito no que dizer... Acontece que é seu aniversário. Amanhã, vai ser mais um dia normal, pra todos. Talvez até pra você. Mas não para mim. Simbolicamente, uma pessoa que eu gosto muito, está vivo há completos X anos. Isso tem um certo peso. Hoje é um dia especial para você, e para mim também. Eu te considero demais, a ponto de te desejar tudo de bom, todos os dias, vibrar pela sua felicidade e torcer para que não passe por nenhum mal, sem ser preciso de uma data comemorativa para isso. Mas chega um dia no calendário que é especial por termos a chance de demonstrarmos isso, e desejarmos com mais força. Para mim não é surpresa que te desejo tudo de bom, mas venho aqui te dizer isso. Desde paz, saúde, felicidade, sucesso, realizações de alma e de sonhos- dos alcançáveis até os superestimados etc etc. Que de todas as pessoas que cruzem seu caminho, eu desejo que todas sejam repletas de boas intenções. Mas como nem sempre é assim, desejo também que você desenvolva ao passar dos anos cada vez mais facilidade para enfrentar tudo que lhe ataque. Que toda sua energia positiva, sua alegria e seu brilho, sejam capazes de ofuscar qualquer inveja, mal olhar, má atitude. E que venham mais X anos, e mais, e mais... eu te desejo muitos anos de vida, com cada dia aprendendo a ser de uma forma diferente, a sentir de uma forma diferente, a desejar mais, desejar mais amor pra si mesmo, e lutar por isso. Desejar mais paz, mais boas companhias, mais amadurecimento, mais fé. Quanto mais você desejar isso, mais estará cercado dessas coisas. E é isso que eu desejo. E te parabenizo, por estar aqui, completando mais um ano de vida, não só vivendo, mas sim ensinando, aprendendo e, o mais importante, cativando. Cativando tantas coisas e pessoas e energias e momentos e histórias e sentimentos, graças a um sorriso tão forte, uma alma tão bondosa, uma boca que dispara palavras e contagia ouvidos. Que, por mais que o tempo passe, você não perca a essência do homem que é, que eu tanto admiro, com tantos defeitos e qualidades, mas, ao final de tudo, sempre tão especial. Que cativa. E não só a mim. Eu não sei se isso tudo que eu disse representa um terço do que eu sinto e desejo pra você, repetindo, não só em uma data de aniversário, mas todos os dias; mas eu sei que é o que eu quero que você saiba, hoje e sempre que precisar ou quiser lembrar: há alguém que te admira, te adora, tem um carinho grande por você, e que torce por você e pelos seus planos e sonhos. Torce pela sua felicidade e te deseja, simplesmente: tudo de bom.

Gostar do quê?

Um dia me perguntaram do que eu mais gostei em você. Não soube responder devido ter sido tantas coisas que me fascinaram de uma só vez. Se foram seus olhos transparentes de calmaria, seu sorriso de inocente malícia, seus gostos pesados ou voz serena, versos soltos, atenção que prende... Sei que foi seu jeito, seu externo e interno. Sei que foi a parte difícil de dar certo, também. Sei que foi o desafio que seria. Sei que foi pelo amor que você transmitia sentir pelas coisas, pelas músicas, pelas ideologias, pelas pessoas, pela vida. Sei que gostei muito do clima, mesmo quando não havia um. Sei que, antes mesmo de haver contato, gostei da ideia da aproximação. Sei que gostei de tanta coisa que só encontrava em você, palavras suas; gostei do encaixe. E te falei que gostei de você. E que fique bem claro e definido que é gostar. Menor e diferente de amar. Não sei se foi paixão, se foi uma coisinha boba ou uma coisinha considerável. Sei que foi uma coisa, porque não há outra palavra. Uma coisa que me fazia cócegas e embrulhava estômago, embrulhava ideias, embrulhava o sono. Uma coisa que me fazia duvidar, me fazia correr contra o tempo, aceitar qualquer solicitação, uma vez que me viasse até você. Hoje, às vezes volto a me perguntar o que gosto em você. Não na mesma intensidade, talvez devido ao tempo, às suas novas palavras ou meu próprio amadurecimento. Mas ainda gosto. Daquele homem do abraço forte, do contato íntimo, da risada gostosa e sorriso íntimo, aquecedor, que derrete a boba, que fortifica as boas vibrações - por ter poder de positividade. Ainda gosto, sem especificar forma ou intensidade, banalizar a palavra ou romantizar sem pudor: ainda gosto e considero, quero bem; vez ou outra até quero aqui do meu lado. Gosto do jeito excepcional, do brilho novo, da ligação que ainda existe, ainda que não mais petrificada.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Duas músicas de antes.

Mas é incrível esse rádio, que toca nossa música justamente na hora em que decido fechar o caderno, fechar a cabeça, me fechar e deixar você do lado de fora. Toca essa música que me lembra de quando nem tínhamos chegado a ser. Amigos, compartilhadores do mesmo momento, de uma conversa, de um beijo. Quer saber? Vou fechar o caderno e me fechar e te deixar do lado de fora. Nem vou continuar a escrever, porque já está doendo. Acredita? Agora me toca a música que tocou enquanto compartilhávamos... deixa quieto, nem vou poetizar; enquanto nos beijávamos. Você nem deve lembrar qual era, mas acho que lembra da encenação tão bonitinha que fez, fingindo brigar comigo, imitando meu jeito de ser, bravinho por eu reparar na música enquanto nos beijávamos. De um jeito tão pertubadoramente doce, uma bravura provocante com sorriso malicioso e dedos entre meus cabelos, olhar fixo no meu e corpo se aproximando, movimentos dóceis em um clima totalmente exodérmico. Quero tanto de novo provar seu gosto, saborear seu jeito, provar seu sorriso, saborear de novo todas aquelas sensações que eu adotei, de madrugada, em outubro, em janeiro, na transição de ano, no celular, no silêncio, na viagem, no banco, no bar, no passado.

Carta ao Riso.

Meu riso de verão, que me curou de uma depressão, verdadeira alegria que me foi, não metaforizo apenas para ter rima; te escrevo agora, depois de um tempo sem ter ter mandado sua carta parabenizando-o por seus completos anos de vida - tão belos que te transformam em um homem de riso, de riso que encanta, de riso que entorpece, e não só a mim - e depois daquela ligação, que fez-se da brutalidade mais delicada e sutilmente arrazadora que personifica o seu riso: aquela doce voz, que não me incomoda nem às puras quatro e meia da madrugada, mesmo depois de um capote na cama por dor de cabeça e ressaca e preocupação por antes ter eu discado o número, eu revelado minha voz, tão diferente da sua, tão submissa à sua, influente de acordo com a sua. Te escrevo porque sinto saudade e já não sei mais o que fazer para esvaziar meu corpo dessa carência propriamente de você, meu interior desse sentimento teimoso que só aparenta se despedir, mas nunca realmente vai embora; apenas finge, me engana, me surpreendendo toda vez que me pego com um olhar distante causado pelo som - não dessa vez do seu riso - ou com a caneta na mão. Não sei nem o que eu realmente quero, quais meus objetivos ao te escrever. Meu peverso íntimo e todos os meus níveis de consciência querem você. Assim, bem simples. E até que poderia ser fácil, também. Você aqui, mudando de ideia, sussurrando ao meu ouvindo, cheirando meus cabelos e me deixando te sugar, digo, cheirar sua roupa limpa. E todas essas banalidades, coisas pequenas-grandes. Sugar essa substância que me atrai para você mesmo há quilômetros de distância. Quero que você venha e me abrace e me pressione junto a ti, e que, por favor, desta vez me dê tempo, uma chance real de te surpreender. Porque como já havia te dito, acho que me preciptei em relação ao nosso encontro, e muito do que não chegou a ser foi por incoerência da vontade, pura contradição. Tropecei na ansiedade e aceitei seu mínimo, mas agora quero te extrair ao máximo. E ser extraída. Meu riso, não sei se chegará a ler esta carta, pode ser que um dia eu cometa mais uma loucura te enviando-a, é fácil por impulso. Ou ficará no mesmo endereço que outros textos que já fiz para ou inspirada em você. Mas, de qualquer jeito, escrevo esta carta em um momento de saudade. Já, já é meia-noite e eu tenho mania de me forçar a mudar quando o calendário muda. E geralmente dá certo. Então, a partir de amanhã, esta carta será só um rascunho de antigos sentimentos emparelhados que foram despertados pelo riso; uma junção de palavras e ideias incentivadas pela saudade que o timbre da sua fala me provocou na sexta. Apenas. Mas hoje é tudo real, real e confuso, mas sincero e puro. Quem sabe mais uma dose e eu te ligo de novo? Quem sabe você vem, quem sabe eu vou, quem sabe você leia, quem sabe você tenha desenhado nesse rosto perpeculiarmente característico, que difere, que encanta, que entorpece, que me conquistou por cada parte que o constrói, que involuntariamente faz das minhas reações um jogo, das minhas manhas um fracasso, um riso bobo desde o começo da leitura desta maré de informações, bem as queira, mal as queira. Quem sabe, ninguém sabe. Eu acredito nas nuances, e, de um jeito ridículo, eu acredito na gente. Nem que seja em só mais um beijo ou conversação - que sejam muitos (as). De qualquer jeito, não acho provável esta carta chegar até você, daqui sete minutos é amanhã e aquilo que a pouco expliquei...

terça-feira, 26 de abril de 2011

Deixe ser.

Talvez fosse melhor para mim, mesmo, mudar de postura. Talvez até, quem sabe, não ter postura. Parar de falar tudo que penso sem medir - e com precisão - as consequências que tal atitude pode me fazer arcar com, depois. Ou não, o bom mesmo é ser cruamente você. O melhor das ideias são aquelas sem temperos. E isso que me constrói, e quem sabe isso me trará algo incrivelmente bom, ou já até não trouxe? Será que aqueles que me admiram sabem dessa característica? E a admiram também? Seria para Clarice este o defeito que sustenta o meu edifício inteiro? Ou é bobeira e eu só estou perdendo tempo e me arriscando gratuitamente? Se for, que deixe ser. Cante com eles, Let It Be. There'll be an answear, let it be... No final, continuo sempre acreditando no que sou, por mais confuso que seja.

A jornalista.

O claro entrando pela janela e atravessando a porta por debaixo dela, a insônia combatendo-se com as substâncias do forte café puro. A jornalista que mudou de sonho mas se sente feliz, se sente confusa e culpada mas se sente feliz, na sua cadeira, com seus livros e óculos jogados no sofá, suspirando a manhã junto com uma folha e ideias pra montar. A jornalista tem medo de não ser por muito tempo, de se dispir dessa profissão um dia e olhar para trás com saudade do que deixou de pesquisar, das palavras que não pôde soltar. Mas está bem, feliz, vestida de preto, ouvindo Milton, tomando café. A jornalista não fecha a janela, deixa o claro entrar, mesmo que com insônia e a xícara já vazia.

Falta.

Falta fé em mim, falta fé em nós. Falta concreto, aglomeridade. Aposto que você não lembra do cheiro do meu creme, mas eu ainda sinto o gosto do seu hálito.
Mas está tudo bem agora. Sempre preferi o diálogo, antes de criar qualquer conceito. Sempre preferi o cristalino, o transparente, é minha forma de resolver qualquer problema ou preocupação. Está melhor ainda, pelo motivo desse distanciamento ter sido dado devido a falta de vulgaridade que farejas por. Em vez de personalidade tediosa, irritante ou vergonhosa; ou qualquer outra coisa que me faria pensar que eu fui a errada, que eu sou a errada. "Ele é um dos poucos que preferem as putas.", disse Luiza. Agora está mais certo para mim a teoria que tenho sobre sua paulista. É tudo mais fácil, né? Mais rápido, mais lucrativo. Claro que compensa você entrar no carro, ela tem muito a oferecer. Ela te leva ao bar, ela é a companheira que bebe junto, curte junto, tira a roupa junto. Se isso é o que você resume definindo como companheirismo, apoio nosso distanciamento. Sempre te achei maduro e inteligente demais, e você vem me decepcionar com ideias tão típicas? Não que eu não aceite a decepção, tudo bem, que viesse, mas tão banal assim? Um verdadeiro típico, não passa disso. Cadê aquele homem pelo qual me encantei, com toda sua bravura e voz firme, conhecimento e espontânea qualidade de homem antigo? Não o encontro nesse corpo que carrega uma cabeça de moleque. Cadê aquele fã do preto e branco, admirador de filmes e sobretudo mulheres antigas? O perdi na minha sublime aproximação? Era apenas uma ideia, a qual se perdeu no ato do ósculo? Ou tudo era, mais uma vez, junções de pequenos pedaços que eu acabei idealizando? Aquele homem de outubro não parecia ter ideias tão limitadas. Aquele homem de novembro, que me despertava admiração, parecia valorizar as coisas, pessoas, valores. Aquele homem que me tocou, física e profundamente, em janeiro, deixando rastros de "Two Of Us", "Midnight Bottle" e cheiro de banco de carro, para mim foi um; um que perdi no vento da chácara, no impulso da vontade, ou em qualquer outra aspiração permitida pelos meus dedos na marcha. Diferente deste de março, que é previsível e comum. Com ideias comuns, adaptadas e construídas sem maiores convenções, exigências, qualificações. Que graça teria ser o vinho elogiado por quem não sabe degustar? Ser o vinho tomado por quem bebe sem escolher a dedo? Tudo bem, você quer o divertimento desenfreado e eu sou pouco mulher por ser muito certa. Tudo bem, eu esqueço da ideia de te ensinar e com você aprender, a arriscar, a gostar, surpreender. Esqueço da vontade de ser querida pela sua mãe, das noites de verão, da espera pela ligação.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Querendo retornar.

Por que essa sensação, agora? Eu estava tão bem sem você, sem seus pedaços, seus mastigados. Estava tão bem não estando bem por outras pessoas. Estava tão orgulhosa de mim mesma, por ter conseguido o que por momentos parecia tão inalcançável. Não só eu. Era bom ouvir de outras pessoas um "como você conseguiu?" e sentir o orgulho delas também, "nossa, como você é forte, é corajosa". Por que isso, agora? Por que sonhar de novo? Por que, inconscientemente, te procurar? Estava tão bem as noites bem dormidas, por que a insônia, de novo? O pesadelo era cruel e eu nunca escondi que o foi. Sempre soube que fui fraca, sim, tiveram momentos que tudo era mais forte que eu mesma, nunca disse o contrário, para quê o castigo, então? Acontece que eu consegui achar forças. E superei. E estava tudo bem. E nem um pouco de atenção eu necessitava te dar, nem um mínimo de energia me puxava para você. É um teste? Segunda fase? Só mais um teste para eu provar para mim mesma que sou capaz, e sou capaz de mais, porque conseguiria superar duas vezes o mesmo tormento? Não quero, obrigada, não estou em condições. Não tenho tempo de pensar, de fugir, não tenho direito de escolher. São fatos. Minha vida está completamente diferente, meus propósitos, minha mente. Não há tempo para brincadeirinhas, falta de sono, dias de músicas e escrever textinhos. No passado era gostoso, eu me deliciava com o desafio, até com o sofrimento. Eu podia, e tinha consciência quando fazia, perder tempo e ótimas coisas e oportunidades, por banalidades, besteiras, irrelevâncias. Eu ficava mesmo, atrás das coisas mais bestas, mesmo sabendo que não iria ter retorno, nada tinha nem propósito algum. Mas agora é diferente. Meus sonhos são planos e meus planos são metas. Não estou para brincadeira, não estou querendo me testar, testar meus limites, loucuras ou grandezas, o quão impulsiva, corajosa ou forte sou. No passado era legal, mas agora é outro clima. Já me provei o suficiente, o que me interessa agora é saber se sou capaz de conseguir realizar meus objetivos, se sou forte para aguentar tudo que trago como consequência de antigas irresponsabilidades. Realizar meus planos, ser o que quero ser, estar a um passo mais próximo do meu futuro tão sonhado e até idealizado. Não, não quero mais saber porquê todas essas sensações bateram na porta, pedindo para entrarem, de um jeito mais cuidadoso, admito, diferente de antes, que iam desorganizada e violentamente arrombando portas e mudando tudo do lugar, se instalando de vez em mim; mas ainda assim, com a mesma carência e ponta de sagacidade, implorando para o retorno à ruína. Tipo droga, sabe? "Vem, vai ser bom, lembra como era bom? Só um pouco, uma vez só, só reexperimentar, não custa nada, vamos, não sente um pouquinho só de saudade, não de mim, a droga maldita que te fez tanto mal e agora você sabe, mas das sensações ótimas que eram provocadas quando cedia e me ingeria de forma completa?" É, quando eu comparo você com drogas, é mais do que a melhor metáfora possível. É exatamente como tudo acontece. Pode parecer superficial, mas eu sinceramente sinto como se entendesse os viciados. Enfim, não quero retorno, não quero entender por que tudo começou a querer voltar, só quero continuar do jeito que comecei: firme. Sem você, sem sua saudade, sem, principalmente e tão precisamente, recaídas. E sem ter que te evitar de uma forma tão obrigatória. Admito que em certa parte, preciso de você. Até porque, meus planos e metas precisam de você, não eu, meus planos e metas; mas natural, só por favores. Sem sentimentos.

quarta-feira, 2 de março de 2011

Essência.

Cada palavra difícil sua me orgulha, seu vocabulário e sua forma de se expressar. Sinto saudade de algo que conheci por apenas algumas horas, sinto falta de seus impulsos, seu volante. Talvez eu tenha que apagar tudo mesmo, cada fio que me liga à você, mas é tão difícil pensar em aceitar essa distância, por mais consistente que ela já esteja. Continuo sempre voltando a te admirar, e muito. Admirar essa sua essência que me atrapalha toda. Admirar sim seus cabelos e seus olhos cintilantes e sua barba e seus braços tão rijos. Mas isso tudo eu consigo controlar. Consigo desfazer imagens, inventar imperfeições, ou simplesmente pensar que nenhuma dessas qualidades compensa certas atitudes. Mas quando começo a me desmanchar ao admirar sua essência, não tem como demarcar limites. É algo que ocorre irremediavelmente. E me atrapalha toda. Todo seu saber, suas músicas, sua medicina, seus assuntos com o melhor amigo. Maldita essência, tão bela e admirável, profunda, que me faz voltar sempre a ouvir a música que tocou naquele dia 12 no momento do ósculo contrário da temperatura externa provocada pelo seu ar; que me faz sempre querer te dizer o quanto te admiro, te dedicar a música, te dizer novamente e tão sempre que "tenho tanta sorte em saber que alguém como você existe..."

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Música [2]

Thinking about...
Everything that life can lovely offer..
Remebering what...
Makes me fight, makes me get to here..

Why...
Everything feels so wrong when you are gone?
Why...
All the places, feels so empty, when you're no home?


You dissapear...
And with my dreams, and our plannings, just don't more mind..
Let me waiting, with glasses eyes, your smile...

But without, your steady voice I can't survive
Want your smell, in my skin
You by my side..
Don't matter how much other bodies can pass me by..

Try understand.. we can be fine
I'll support you, I'm sorry for that time.
I know your way is different than mine
But we can't let this end win, you know that we are...
More than lovers, more than souls..

I know you miss me too, cause I see you cry..
And I cry for a while..
When I realized
That you were so far..


Think about..
My mistakes, my wrong words
Missing your fun, missing your clothes..

Why..
You say you love me but this is not enough?
It makes me hurt, makes me cry, makes me wanna go..

And don't matter more
You're free to go
I'll not look into you with cold eyes alone..

I'll change the sheet..
I'll delete all the songs..
And this one is just to remember me to move on...

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De um apaixonado. (Heterônimo 1)

Desculpe se eu não consigo parar de te escrever, de te beijar e de te encarar com demorados olhares fixos, são intuitos cada vez mais rígidos de me aproximar, de me marcar à sua cerca. Tudo faz parte de um jogo meu, no qual tento me penetrar em seus sentidos, fazer você sentir o peso da minha presença e das minhas carícias, para que, quem sabe, assim você acredite em mim, acredite em nós; em quando te digo o quanto te acho divina e quando teorizo sobre sermos predestinados, sermos um encaixe perfeito sem maiores complicações. Desculpe-me pela insistência, apenas não consigo deixar de ser um conquistado por seus encantos. Sucede que nessas noites eu percebo o quanto você me conforta, como amo o seu cheiro, suave como sua seda; seu sorriso iluminando nossa cama; como me arrepio quando roço minhas pernas nas suas, macias e perfumadas à creme de frutas doces exóticas; como sua jogada de cabelo em câmera lenta me impressiona. Seus lábios parecem pedir pelos meus, de uma forma subliminar e oculta demasiadamente sedutora, de um jeito meigo e encantador que só você com seu delicado e provocante charme consegue fazer; mas sei que isso é um reflexo torto meu, que, na verdade, são os meus lábios que gritam pelos seus, por você inteira, com uma fome de leão e nenhuma sutileza parecida com a sua - escancarados mesmo. E seus olhos me embriagam de fantasias. Eles possuem poder, vida própria, são armas que me desarmam, quando se abrem me abrigam, possuem uma luz mágica e física, literal; são completamente pigmentados por significados e conseguem tirar de mim qualquer bravura - fico tão sereno e motivado a permanecer sendo observado por eles, que acabo esquecendo-me de tudo, apenas retribuindo os olhares, cada vez mais fixos, vivos, mensageiros, e enviando como extra todo meu amor e minhas reações involuntárias e incontroladas, fisgadas e partidas por um só motor: você.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Peço por intensidade.

Fico completamente inconformada com a escolha de certas pessoas, pelo morno, pelo escondido, pelo previsível. Talvez seja medo, bem provavelmente. Talvez própria insuficiência. Mas não consigo imaginar como pode ser tão comum e espalhada, essa preferência. Não me atrai nem um pouco nenhuma das escolhas mais aceitáveis, e fáceis. Prefiro quebrar a cara depois, me ferir por não saber lidar com o desconhecido, com o inaconselhável, me perder no envolvimento do mistério, do que me envolver com algo que me venha com um manual de instruções. Vou aprendendo com cada devaneio, com cada louca e insensata escolha, com cada falha minha; e ainda vou, com sorriso torto, deliciando-me com essas sensações agradáveis e intensas, que só o estranho e extenso consegue proporcionar.

Esfriando.

O seu silêncio é o mais perigoso. É o veneno mais disfarçadamente inocente e ligeiro. Não pegar ou largar é a indecisão mais boba e ilusória. Quando apenas uma atitude pode construir um conceito, influenciar uma fuga ou entrega, mas não há evidências suficientes, corremos o risco de nos preciptarmos, falharmos ou cedermos. Então sua ausência vai afastando mais, tanto nossos corpos quanto minha vontade dos meus impulsos. Desfavorecendo assim nosso encontro, ainda mais. E eu aqui, sem saber de você; com quem anda, quanto tempo ainda esperará para me procurar. Só sabendo de mim, e minhas cabulosas ideias e frias sensações. Que é o mais triste, porque de você só me vinha o ardente.

Ocupado com a modernidade.

Abriu a janela e não viu nada. E não porque não havia um belo quadro para poder apreciar de diferentes maneiras, enquanto quisesse, por quando pudesse; porque tinha. Com direito a tons de cores manchadas, os verdes das vegetações e os escuros das construções, entre outros tons destacantes. O que acontecia era que não conseguia enxergar. Por demasiada frieza lhe ter fechado as portas da observação, por a amargura que criara dentro de si lhe impedir de admirar. Nunca mais sentiu o gosto do doce, o gosto do gozo. Não se lembrava dos perfumes, dos bons pequenos prazeres; estava ocupado demais entretido com tantos números e barulhos, pessoas e passatempos artificiais. Nem percebera que não tinha mais quem preparava seu café, que fora mecanizado para cumprir com toda sua rotina imposta e cobrada em um dado horário. Nem ao menos se olhou no espelho para enxergar a transformação. Espelho que nada! Estava ocupado demais com passos acelerados para conseguir vantagens cobiçadas e ralos planos caros.

Expressando.

Que sede de sucesso, de aventuras, de loucuras.
Que vontade incansável impregnou em mim,
de ir atrás do que eu desconheço o fim.

Que fome de ardentes, densas e arriscadas escolhas!
Acordei querendo ir à luta, salvar sonhos e vidas
Soletrar contos e extrair dos fracos a força,
e os conformados, atiçar até se moverem.

Que vontade de mudar tudo,
Começando por minhas coisas
Meu quarto, minha cabeça, minha rotina.
O amor antigo, as músicas, a cortina.

Gritar, enfatizar o mínimo, correr.
Correr sob a chuva fria, sob o céu amarelado.
Desprender todos os arrependimentos do meu coração,
Só deixar de companhia o pulmão.

Não parar de escrever, por longa data, de imaginar, de querer.
Mostrar aos loucos que eles estão certos
E aos padrões, o quão são podres.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Força é algo que você escolhe.

Então você cansa de ser fraca. O papel de vítima não te agrada mais e aquela história de esperar, de pensar, de tomar cuidado, perde a força. Você agora quer ser a força. Você passa para um outro nível de entendimento, de amadurecimento. Você vê que está passando por um momento confuso, de fraqueza, mas consegue enxergar além disso, consegue ver que por mais dolorosa que seja a sua situação, é limitada; e um tanto quanto fútil. Você sempre soube que é forte, que já superou perdas e crises maiores, mais densas e mais difíceis; sempre soube que já conseguiu encontrar o caminho em labirintos mais confusos. Porém, faltava alguma luz, alguma energia que te desse impulso para conseguir progredir. Acontece, acontece; nesses momentos, nos falta luz. Nos falta enxergar com transparência o que, no fundo, já sabemos. Mas então você enxerga. Talvez repentinamente, talvez com ajuda de algum amigo ou de alguma música, mas chega uma hora que você enxerga. E a sua escolha se torna mais poderosa. Então, você escolhe entre abandonar essa crença que vem de manso para te ajudar e adotá-la. Acontece, acontece; muitas vezes estamos envolvidos demais e simplesmente escolhemos abandonar essa ideia de poder superar. Preferimos o drama, preferimos continuar nos arriscando, nos torturando, algumas vezes até sabendo que estamos errando; já passei por isso. Mas agora não. Me sinto forte. Tenho consciência de que já passei por piores, que este será só mais um desafio que trará mais orgulho para mim mesma e mais êxtase para o próximo que ainda vou ter de enfrentar. Então escolho adotar essa visão e crença que me diz que sim, sou capaz. E não é uma crença forçada, eu não apenas acredito, como sei que sou capaz. Cansamos de ser fracos, vítimas, e decidimos nos superarmos. É uma escolha, e poderosa.

Espera, decepção e escrita.

Vontade de escrever. Escrever, escrever, escrever... até a semana acabar, até você decidir ceder, até eu esquecer seu gosto. Escrever com intuito de me perder entre linhas e palavras, escrever para tentar me reorganizar ou explodir de uma vez. Pois é difícil guardar tudo em forma de sentimentos e ideias. É difícil essa cobrança de mim mesma para deixar tudo sereno, tudo visível. É difícil tanto embaralhamento e mais sofridamente não por um erro seu, ou uma palavra errada, mas sim por a ausência disso tudo, a ausência de você e de qualquer palavra. Quando tudo que você deseja é uma palavra, quando você fica na espera por uma manifestação qualquer, mínima que seja, de carinho ou preocupação, quando você fica na expectativa por saber como foi o dia dele, com que expressão facial ele está, o que foi capaz de lhe proporcionar alegria ou inibir seus prazeres; quando você direta ou indiretamente fica na base de aguarda mas ninguém nunca chega, quando o caminho é vazio e nenhuma novidade lhe chega para te confortar, nenhuma palavra para te entusiasmar, e esse silêncio mata cada vez mais suas esperanças e sua vontade de continuar esperando, é o fim? É dado o momento de você abandonar a praça da espera e partir para qualquer outro caminho, nem que seja o de volta para casa? Quando você não tem como obter uma resposta para essa pergunta pois a única pessoa que poderia te dar uma certeza exata do que fazer está imóvel, calada e distante, o que lhe resta? Vá, se mova, ande para lá, para cá, saia do lugar, com ou sem direção, abandonando lembranças e sonhos, abandonando o silêncio. Você agora precisa de uma voz, um barulho, uma ação. Pessoas de atitudes. A noite está vazia demais e quanto menos você tem dele, seja de presença ou de notícias, você sabe, menina, a noite fica mais vazia ainda. Então escreva sobre essa sua dor e raiva pela insegurança e aparente covardia de quem você ainda espera. Escreva, pois é ruim guardar tudo isso em formas abstratas dentro de ti. Escrever para não se perder, transformar textos para não transformar-se em uma pessoa mais gélida.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Construção Paroxítona.

Carlos não era previsível.
Era judicioso, meia estação e egoísta.
Seus tons eram melódicos, seus amores todos Adônis.
Era drástico de causar enjôo.
Costumava, cada plano seu, ser infalível.
Com suas táticas misteriosas, construía-se uma fênix.
De tão gélido, se tornava ignóbil.
E de tamanha coragem, se tornava honorável.
Não era ganancioso, apenas fútil.
De confiança era imarcescível.
Mas quando lhe tocavam a fundo, era imóvel.
Se escondia de olhares melíferos e gestos dóceis.
Refugiava-se e escondia-se em sua cobertura de ignorância.

Parceira X Companheira.

Existe dois tipos de mulher. A parceira e a companheira. A que bebe com você no bar, passa despercebida no quesito interessante e inteligível e é reparada pelos seus amigos devido ao decote. Essa é a parceira. Que te despe no primeiro encontro e sente necessidade de marcar território independentemente do quão inconveniente e persistente esteja sendo nessa cobrança e nesse tanto de sentimento ou representações de sentimentos que joga para cima de você para assim despistar outras concorrentes. E tem a que te diverte e te surpreende, aquela que você admira e que seus amigos a reconhecem pela simpatia e sensibilidade e te elogiam e rotulam como "de sorte". Essa é a companheira. Que também te desperta desejo, como a parceira, mas também insônia. Que ensina receitas para a sua mãe nas tardes de domingo em família. Que é escolhida. A parceira preenche carência, a companheira solidão. A parceira pode te trazer bem estar, mas a companheira traz felicidade. A parceira te rouba beijos, a companheira sorrisos. A parceira você esquece, a companheira te cativa. E é bom lembrar das épocas. A parceira é moderna, mais recente, momentânea. A companheira é futura, mas permanente; antiga nos valores. Cabe ao que procura o homem, o que lhe satisfaz no momento. Distração ou conexão, parceirismo ou companheirismo.