segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Chuva.

Antes ela sentia medo da chuva, quando esta se manifestava, aquela fechava todas as janelas e se escondia por debaixo das cobertas amontoadas uma em cima da outra. Não enxergava a sutileza de uma tempestade e a bravura do choque de uma gota quando caía, inocentemente, por destino, no concreto do chão. Agora já observa a sequência das águas com um olhar mais perceptivo e até denominado insano por alguns. Entende como funciona o ciclo. Compara com suas próprias decisões e mudanças, simbolicamente. Acha graça das luzes da cidade iluminarem a chuva fraca, sente alívio pelas nuvens negras se descarregarem, tem lembranças com o barulho das rodas dos carros sob o asfalto molhado. Passa tempo acompanhando as danças das poças e se acreditasse em anjos acreditaria que eles estivessem descansando com tamanha paz e equilíbrio harmônico. Por um momento o mundo é calmo e puramente delicado, mesmo que esse mundo seja só o que consegue enxergar, mesmo que a delicada beleza se limite há alguns quilômetros de onde ela esteja. Deseja sentir mais isso e menos cansaço, angústia e agonia. O que antes lhe despertava medo e lhe incentivava o refúgio desesperador, hoje desperta curiosidade, admiração, interesse e identificação. Virou terapia, cura. Agradece todas tardes às chuvas de verão. Entende as devastadoras e vingativas, idolatra as primas das brisas.

Completo.

Você não me completa hoje com beijos e abraços, carícias e sons da sua boca ou do seu andar. Mas me completa com uma palavra, uma saudade, um medo. Este vento bravo que bate friamente em meus braços, acompanhado por pequenas frias gotas de água de uma chuva envergonhada pelo céu colorido enfeitado com trovões suspensos e raios brilhantemente fugazes; esta música que me conforta a alma e esquenta o que há dentro, as esperanças e as alucinações, esta vontade de te ligar, este medo de te largar, este sorriso torto ao lembrar que você adorou o fato de eu te confrontar; isso tudo me completa, hoje. O laranja fundido com os diferentes tons de azul no céu de final de tarde, o cheiro de grama e terra e fim de ano, a música do Cat Stevens, meu cenário caseiro inspirador preferido, a raridade de eu não me incomodar com o barulho de uma moto, o pisca pisca de natal e as luzes dos carros. É dezembro, é final. Ou um novo começo. Depende de como você vê. Mas fica incompleto quando o céu escurece, as luzes apagam, a música acaba, a cidade dorme. Aí sim preciso de você, de surpresa e de sorriso autêntico. De cola no meu corpo.

Complicações.

Você disse não
Você afastou
Você foi embora
O sino tocou.

Eu que compliquei
Exagerei
Precipitei

Mas você também confundiu
Procurou depois fugiu
Abraçou e recusou
Bebeu e comentou.

Você olhou, um olhar diferente
No seu carro, a malícia acendeste
Me puxou para um ciclo, vicioso,
E me tragou.

Foi minha culpa, ou burrice
Você em algum momento gostou
Ou é mesmo muito ingênuo
Não importa mais
Se alargou tudo, estendeu, extrapolou, cansou.
Machucou e até os band-aids soltaram.

Tchau, todas as lembranças
Tchau, todas as mentiras, minhas mentiras
Tchau ao seu mistério.
Desta vez é um tchau sério.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mensagens de madrugada.

Coração acelerado, estômago revirado e todos esses clichês que infelizmente banalizaram. Deitada na cama, com o olhar penetrantemente fixo na tela do celular, esperando ansiosamente pela próxima mensagem. Sente seu coração colidindo com o colchão, esquece os livros, filmes, dinheiro, sono. Abriga os sentimentos belos e empolgantes em linhas de caderno para depois serem, que sabe, lidos por quem incentivou a lunática a contorcer a caneta e contorcer o coração. É madrugada, e ontem neste horário ela sentia vontade de jogar o copo de Vodca em todos aqueles homens e gritar: "é outro que eu quero, é de outro que eu preciso." E neste horário hoje, ela troca mensagens no celular com ele. Se pertuba por ter usado uma palavra errada, se preocupa em poder tê-lo machucado. Só o que precisa é dormir, esperar a semana acabar e acabar com esse início de um previsível inacabável capítulo. Mas perdeu o sono, fica pensando e revirando ideias. Mas sabe que semana que vem é definitivo, que semana passada ele não estava presente e que amanhã é o que decidiu hoje. Sabe do que já aceitou, esquecer, abandonar... Se esforçar para não procurar, não se importar.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Hallelujah.

Eu, definitivamente, não quero mais alongar aquela história torturante protagonizada por suas participações especiais. Dei um basta definitivo e implausível em todos os sentimentos. Na verdade, não sei se fui eu quem deu esse basta, ele veio sozinho, sabe, sem solicitações. Quero poder sentir graça nas banalizações da vida novamente. Resgatar um pouco da minha pessoa antiga, feliz que era, antes de você surgir. Poder cantar com a Taylor Swift: "We'll sing hallelujah" e sonhar com o abraço de outro. Mandar meus textos para quem se interessa em ler, depositar minhas palavras em descrições de pessoas que valorizam isso. É ótimo ter essa garantia, dentro de nós, de que as pessoas são múltiplas e as casualidades para encontrar alguma que, repentinamente, fará intensa e significantemente parte de nossas vidas, também são. Sabe, é bom não ter mais meu caminho estreitamente voltado para o seu.

Nada certo.

Eu nunca precisei implorar o amor de ninguém e você não seria o primeiro ao qual eu faria tal apelo. Se ainda insistia em alguma mínima possibilidade, acreditava, lutava, reagia para você reagir, era porque eu acreditava que se tratava de improbabilidade, e não de estupidez. Por mim estava tudo bem em esperar um momento certo para você perceber algo já certo. Mas tudo tem limite, e chega um momento em que nada mais parece certo. Você não é mais o certo.

Senti-lo.

É impressionante como sonhar com algumas pessoas pode te fazer mudar vários sentimentos, ideias, até costumes, manias, vícios. Quando acordei e lembrei de você no meu subconsciente, foi uma decepção. Tristeza por aquele abraço não ter sido verdadeiro, e saudade de um cheiro abstrato. Então, mais ansiosa estou querendo te ver. Querendo provar se nosso abraço é mais forte que o do sonho. Sem beijos, sem compromisso, apenas aproximação dos corpos, apenas seu toque. Sutil, grosseiro, quente, áspero, que seja. Que venha o que vier, do jeito que for, mas que eu sinta, que eu te sinta. É o que meu corpo pede e minha alma se sente confortável ao implorar.

O outro lado da lua.

Por que se engana, menina? Por que se esconde atrás de blasfémias, covardias e preconceitos, namoricos forçados e artimanhas de "quase-críticas" fúteis e infantis? Não quero saber dos motivos, esqueça do que te perguntei. Imagino em qual nível devem estar seus porquês e como me indignaria ainda mais. Seus caprichos e auto-defesas de uma semente amplamente mimada são tolos e superficiais demais para qualquer tipo de entendimento ou debate. Assuma a culpa de sua solidão, olhe-se no espelho e encontre em cada pedaço de decepção onde estão seus erros, suas atitudes que a afastaram de pessoas e sucesso. É desprezível sua habilidade de praticar o egoísmo e grosserias, e admito que muito boa a sua de se esconder em máscaras e falsas personalidades. Não passa de medrosa e orgulhosa. Sim, é limitável. E lamentável. Depende do sol para brilhar e isso só ocorre em períodos. Não demonstra suas quatro faces, mas obriga todas as infinitas estrelas a te aceitarem na divisão do céu. É obscura, vazia, sem vida.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Vazio, frio e pouco.

Estas sensações que você me proporciona com a sua frieza, covardia e incapacidade ridícula, são as mais indesejáveis, pois são capazes de inibirem qualquer expressão minha. Fica difícil respirar, caminhar, e até escrever. Nestes momentos, então, vejo com nitidez que quero deixar de sentir tudo isso, por vários motivos; por vezes fortes, por vezes bobos, mas sempre válidos. O principal é você. Simples. Você não merece nada disso. Você me prova, a cada prova de carinho minha, que não merece nem uma frase inspiradora. Você é frio pois nunca recebeu tamanho carinho, não sabe o que fazer com tanto. É inexperiente nessa área, incapaz, fraco, covarde. Foge e se afasta sem se importar se isso é o correto ou não e com o quanto que possa machucar os outros. E atitudes assim, eu realmente não admiro. Mas estou sossegada, não me culpo, não sinto um peso de sentimentos ácidos sobre mim, me sinto calma, enxergando os fatos e ainda achando que minhas atitudes são mais nobres que as suas, meus conceitos, minha personalidade, tudo que vem de mim é muito mais elevado do que vem de você. Acredito no "falar o que sente" sem romantizar o termo. E você não precisa mais me agradecer, me elogiar, me entender. Já não me importa, já não espero. Não estou mais disposta a te ajudar a crescer. Não estou mais disposta a querer ficar na espera por suas palavras e conclusões. Você é tão ralo, sua defesa e sua proximidade com as pessoas. Não quero todo esse pouco que você tem a oferecer, mereço muito mais.

Conto [6]

Então recebeu uma notícia: a mais surpreendente e chocante e arrasadora até o momento. Já sofrera antes, sim. Já conhecia a amargura de muitos sentimentos infelizes, mas nunca foi tão desconhecido. A partir do momento em que atendeu ao telefone até o final dessa tortura, foi uma tortura. A cada passo que dava, tortura. Pessoa que via, tortura. Tudo tortura. Foi um choque e o tempo acostumou os outros com a ideia, mas à ela só restava tortura. Ele ficou internado. Sua família não podia ficar muito para fora da cidade, então apenas esperavam as notícias. Amigos, conhecidos, levavam suas vidas também na espera. Mas ela, a pessoa mais improvável no contexto, foi a que mais se aproximou. Não posso deixá-lo sozinho, pensava ela, tantas vezes em tantos dias. "Mesmo sem você ter consciência disso, não consigo." E conversava com ele todos os dias, com uma esperança de que ele pudesse ouvir, ou sentir, por mais cético que fosse. "Não posso dormir sabendo que você pode não acordar. Não posso virar as costas e não saber se você já acordou. Só quero saber que você está bem. Não consigo parar de te olhar e te querer acordado, frio ou quente, simpático ou indiferente, mas passando ao meu lado deixando rastros do que me tira, sem você nem perceber, devido a minha capacidade de amá-lo cada dia mais, por mais que você não acredite que seja possível." Ela dizia com olhar de quem ama, voz de quem se preocupa e dedicação de quem se importa. Todos os dias, sem exceção, estava ao lado esquerdo dele. Com as mãos em suas mãos, ou nos cabelos. Às vezes lia histórias, contos por ela mesma escritos, outrora artigos de revistas científicas. Uma hora levou o violão do seu amigo e tocou várias e várias vezes o único trecho da única música que sabia tocar. Até improvisava e tocava daquele jeito todo errado, mas de acordo com a melodia, e cantava algumas músicas. A vez que mais chorou foi quando cantou Let It Be. Mas logo voltou às histórias. Umas inventadas, outras improvisadas... Quando o sono batia, ali mesmo dormia. Deitava ao lado dele, abraçando-o com intensidade. Deixava algumas lágrimas cair vez ou outra, enxugava com o lençol da cama ou simplesmente deixava-as secar. Não cansava de acariciar suas mãos. E de pensar o quão injusto seria perdê-lo. O quanto o mundo perderia, o quanto de riso seria apagado. Entregou-lhe beijos e recitava textos. Um dia, enquanto o observava e contava de um de seus textos inspirados em uma de suas conversas, ela teve a melhor visão que já teve em toda sua vida. Ela jura que foi mais lindo do que quando ele sorriu daquela especial vez, do que quando ele pegou sua mão daquela outra, de suas viagens preferidas, daqueles céus coloridos que ela admirava com doçura, daquele dia no teatro e tantos outros momentos que com uma imagem a fez demasiadamente feliz. O dedo dele mexeu. Da mão esquerda, para cima e para baixo, daquela vez mais rapidamente. Foi o fim da tortura. Ela sentia de novo o chão, o ar condicionado do quarto, seus cabelos sob os ombros, o peso de suas roupas. Foi chamar ajuda depois de beijar aquela mão com um sorriso do tamanho da felicidade, com a intensidade da alegria e da leveza da preocupação e da tristeza indo embora. Foi ficando tudo cada vez melhor. E ela continuou acompanhando. Os olhos dele se abriram e a viram; e a tortura passou. Ele sorriu, soltou a voz, a tortura passou. Esse foi o momento. Agora ele podia fazer qualquer coisa, até machucá-la como de costume, ela permitia, mas ele voltou.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Palavras.

As palavras banalizaram, por isso busco refúgio naquelas esquecidas, menos populares, de fundo, de lado, de canto. As expressões são quase sempre as mesmas, então busco formas menos superficiais, nada superficiais na realidade. Meu objetivo maior é fazer com que, enquanto leio, pareça ter atirado emoções em formas literais, puras, puramente sinceras, sem pudores, cuidados; envenenadas de sinceridade, sentimento, verdades, sejam momentâneas, sejam permanentes. Reler o que escrevi e lembrar do que sentia no momento, reler e relembrar, reentender, ressucitar reações bioquímicas. Não é se esforçar para escrever riquezas, tamanho exagero sem sentimento é falso. É falso o que não é simples, o simples é puro e o que há de mais puro só pode ser transportado de forma mais simples.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Seu jeito.

O jeito com que você cruza a perna esquerda na direita, o jeito com que você coloca a mão na cintura, o jeito com que abraça seus próprios braços, o jeito com que cruza as mãos para assistir ao documentário... não é justo, sabe? O jeito com que ri junto àqueles femininos olhos azuis, o jeito com que me faz cometer mentiras, o jeito com que me faz esquecer dos problemas da realidade, o jeito com que consegue arrancar de mim o que não há; é tudo muito injusto, injusto porque me altera, injusto porque me faz voltar aos pensamentos, me desliquilibra, me apaixonada, cada detalhe me apaixona.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Música [1]

There's so many ways to hide
There's so many ways to lie
Many ways to forget
Many ways to start... over new.

There's so many ways to know
Everything about you
Maybe because I am
A lover with hope and fear

There's so many ways to love you
And I love how it's odd
It's gracious discover things
You swore to never let appear...

There's so many ways to love you
There's so many ways to prove
I really like this sensation
You always give me a new reason

And I don't mind how it sounds
Don't mind if you may laught
But I have no concern
Cause no other girl wrote you a poem

It's just another song
Of the ones that I did for you
One day maybe I sing and show you
All the words that I fantasied...

There's so many ways to love
So many ways to restart
And maybe the fault is mine
'Cause I really never
mind..

But I like that exist
So many diferent ways;
It's so beautiful,
You are so beautiful.

And I can tell you beauty,
In a million ways to discribe...

Meu alguém em específico.

Você já chegou a sonhar com os beijos de alguém? A ponto de ter que fechar os olhos e imaginar o dia em que encontrará essa pessoa e o quão intenso seria o encontro dos seus lábios? Já esteve séria e, de repente, sua boca começou a fazer entornos de risos devido um comentário ou qualquer coisa que você acabara de relembrar? Não é estranho como sentimos coragem e entusiasmo de sermos cada vez mais nós mesmos quando com alguém em específico?

Desfazer o nó.

Fechar os olhos e fantasiar impossibilidades. Enfatizar sozinha o mínimo e menosprezar o dilúvio de contradições que me afastariam da ilusão. E só faço isso porque me favorece. Jurar nunca mais esperar, se arriscar para concretizar a ideia de abandono e continuar esperando por uma vingança ou coisa do tipo. Só queria desfazer o nó. O nó que me prende à todas essas sensações, que não me deixa esquecer de saber de todos os prazeres, cores e gostos. Sensações proporcionadas por cada parte sua; do que é capaz a pele do seu rosto, da sua mão, dos seus braços? Esse nó prende todas essas informações e eu não as quero mais.

Odeio.

Odeio sua hipocrisia, odeio suas mentiras, odeio sua máscara, odeio sua farsa. Odeio sua personalidade mal definida, sua história escondida.
Odeio creer em você, apostar em você, defender você, depois ver na minha frente como eu estava errada nos meus conceitos e como você é podre.
Odeio pensar em você, odeio lembrar de cada mínimo detalhe, cada pequeno momento.
Odeio lembrar de quando te abracei, quando você me beijou, quando minha mão estendi e ela você apertou.
Odeio saber qual o seu perfume e sempre que o sinto lembrar de você. Odeio saber que você sabe o meu.
Odeio quando penso no seu sorriso, e pior, quando sorrio com isso. Odeio pensar até na sua mão ter a louca necessidade de tocá-la.
Odeio me encantar pelos seus dentes e não ter vergonha de falar que nunca desejei tanto na minha vida querer beijar alguém, e só este alguém.
Odeio não pensar em mais ninguém além de você e quando pensar não ter a menor graça.
Odeio sua pele, odeio seus braços, seu corpo, sua sobrancelhas, seu nariz e os traços de seu rosto; em especial aqueles que já decorei.
Odeio seus olhos, odeio não parar de olhar e admirar eles. Odeio quando eles brilham, e ainda mais quando os meus brilham por isso. Odeio cada pigmento de luz do seu olhar, seus cílios e sua malícia escondida na inocência que não sei se existe ou se eu que a criei...
Odeio ter decorado o número do seu celular, odeio ter coragem para te ligar, odeio não conseguir esquecer aqueles números, odeio continuar a discar.
Odeio tremer e não conseguir dizer seu nome, odeio ouvir sua voz e me sentir bem.
Odeio a necessidade imbecil de uma foto ou um som seu.
Odeio ouvir músicas e pensar em você, odeio ver a nossa foto e pensar em você. Odeio assistir filmes e pensar em você... odeio pensar em você!
Odeio, ainda mais, não conseguir, além de ter a consciência disso tudo, te odiar!
Além de ser capaz de entender como você não é o que eu acho, além de saber que você é mais embalagem do que conteúdo... Além de saber que eu me enganei e muitas das suas qualidades fui eu que inventei, não consigo te odiar, às vezes o máximo é me odiar.
E quando, por fim, consigo começar, incrível como inexplicavelmente continuo a te amar.
Não entendo. Não entendo porque me importo, seja o fato de você não me dar a quantia exata de atenção que eu precisava ou o fato de você não me ligar quando eu esperava.
Não entendo porque me importo quando você não está por perto e porque o sinto mesmo longe.
Mas quando penso em todo esse ódio, me odeio pelo simples fato de não conseguir te odiar.
Não consigo entender porque além de não desistir de tentar te odiar, eu mesma insista em te amar.


(Ano de 2009 - Parceria com Natasha Valente)

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O mundo ao qual pertenço.

Sabe quando você está em um lugar e de repente se pega pensando em como parece que você pertence àquilo, àquele lugar, com cada decoração que o completa e o enriquece devido a pequenos detalhes? E você sente como se estivesse bem - e muito bem, aliás - com tudo que estivesse a sua volta, como se tudo que te cercasse te desse o que precisasse? Risos, aromas, uma sensação de graça e estabilidade... tudo te faz flutuar em uma sensação realmente ótima, sem fingimentos nem esforços. E você olha para o lado, contra o vento, e ele tráz consigo uma imagem que te conforta a alma, fazendo reagir reações dentro de você que estavam em busca de esconderijos. Então você se sente fixa, fixa em um mundo onde tudo o que estava estável e gracioso até pouco tempo desmorona, e você percebe que pertence ali, àquela pessoa e somente à ela, com uma intensidade e condição tão forte, possíveis de serem confundidas com um fardo, um carma, qualquer coisa com ou sem explicação, quando na verdade se trata de simples paixão, ou algo mais complexo. E quando você perde de vista aquela pessoa, é como se você perdesse uma parte do seu próprio mundo, então ele fica incompleto e você se sente só, mesmo não estando, na realidade. Sabe? Sabe quando tudo isso acontece e depois você chega na conclusão de que, definitivamente, você pertence somente à uma pessoa e é só isso que você realmente deseja?

Críticas superficiais.

Se você cantar bem alto a música mais pedida da rádio, você é só mais um, e poucos criticam. É normal. Se você comentar que está ouvindo uma música não necessariamente da moda, mas de um cantor que não seja encaixado em um padrão "cultura mil", tudo bem, não vão falar nada. Mas experimente falar aos ventos que está delirando com uma música do Tom Jobim, dos Beatles ou Chico Buarque. Pessoas com pouca maturidade te atacariam de primeira, não se conformariam com isso, seria um absurdo, não é normal, você... você só quer fingir ser algo! Você pedir a um amigo que toque All My Loving no violão é querer mostrar para todo mundo que é culto por gostar de Beatles, mas ninguém fala nada se você cantou junto Taylor Swift. Experimente comentar sobre algum filme romântico, de preferência os mais clichês possíveis. Outro dia, comente sobre um filme histórico, de preferência aqueles comentados pelos intelectuais extremos. Você verá a diferença entre pessoas que sabem apreciar o bom gosto e lidam com isso de uma forma natural e até empolgante, com aquelas que sabem que estão longe de uma certa maturidade, seja intelectual, músical ou pscicológica mesmo, e acabam lidando com isso na forma de criticar tudo e qualquer coisa. Será toda essa revolta resultado de uma simples fome de cultura? Inveja? Será que as pessoas não podem criticar o que querem, elogiarem ou destruirem com argumentos válidos e serem levadas a sério e não terem que aguentar certos pseudo-críticos? Mas vão crescer. Esses revoltados vão amadurecer. Eu espero, sim, espero. Vão ler mais, observar mais, espero. E substituirão esse senso comum medíocre por um crítico válido e poderão enfim ouvir algo do tipo "Quero um CD do Hermeto Pascoal" e reagirem naturalmente, sem querer atacar, de um jeito que não fariam se ouvissem o mesmo mas sobre um cantor mais conhecido popularmente.

Só mais este dia.

Ele reflete coragem e fecha a porta. Sabe, com um toque, ser perdição de ambas partes. Envenena com seu sorriso e se encaixa no verde da grama. É diferente das formigas que são frágeis sozinhas e um exército quando juntas; confio mais no seu impulso, no seu instinto, na sua própria auto-defesa. Eu jurei que não ia mais reparar nos detalhes nem pausar meu redor para observá-lo. Jurei que não ia escrever mais sobre suas carcterísticas, seu comportamento ou seu olhar caleidoscópico. Mas me permito só mais este dia. Mergulho nas lembranças, me isolo de qualquer tipo de ajuda, ou voz, dramatizo. Saindo do quarto, já sei o que decidir. Deve ter algum remédio, um método que apague tudo isso e previna qualquer tipo de futuro ferimento. Me dê uma pílula, por favor.