domingo, 25 de julho de 2010

Sobre o dono do sorriso admirado.

Era a vez dele. A vez de ele brilhar, a vez de ele realizar tudo aquilo que sonhava; bom, mais do que sonhava, o que desejava e planejava. Ele era diferenciado, se percebia isso pelo modo de forçar a sobrancelha quando em alguém prestava atenção e também no modo com que gesticulava com as mãos; quanto mais nervoso, mais repetidamente. Ele já não era mais o menino que gostava de ficar no sítio, o Paulista nato que amava futebol. Ele virara um homem, não muito sério, na maioria das vezes palhaço de plantão, que continuava amando futebol, mas era péssimo jogando; que saiu da capital atrás de fazer a mudança, e acreditava que com suas palavras conseguiria. O aprendiz virou mestre, voou mais alto que qualquer ave podia. Sonhava em alcançar o fim e não tinha medo de descobrir o que tinha por trás do tudo. Preferia as músicas calmas, preferia debater, cozinhar, descobrir, nadar, ler, viajar, aprender. Não tinha sorte, tinha merecimento. Era digno de elogios, mas sua casca, por vezes com intuito de esconder sua fragilidade, era motivo de vários julgamentos e pedras. Ele não tinha medo de duvidar da verdade absoluta, mas tinha medo de se envolver em seus sentimentos. Ele não tinha por que se esconder, até ela aparecer. Não deixava transparecer o nervosismo, mas com ela era diferente. Ela tentava entender o porquê disso, se seria bom ou ruim, se era normal ou se ela era a única que tinha esse privilégio. Buscava as respostas nele, nas atitudes, nas palavras, nos olhares... mas ele só a confundia. Ele só se confundia. Era um poço de desentendimento aparentemente sem fim. Mas havia um fim, ela sabia. Virava dócil e amargo, sim e não, nublado, chuvoso e ensolarado. Tudo repentinamente. Não ter a previsão de como ele agiria no dia seguinte assustava a admiradora daquele grande sorriso. Ele se encontrava em um papel sério. Mas quem disse que ele, realmente, era sério? Podiam exigir isso dele, mas a admiradora conseguia enxergar aquele menino que ainda gostava do sítio, amava futebol mas não conseguia fazer gol. E ela gostava dele. Especialmente quando ele, sem querer, esquecia da máscara e era o real com ela.

Um comentário: