quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ocupado com a modernidade.

Abriu a janela e não viu nada. E não porque não havia um belo quadro para poder apreciar de diferentes maneiras, enquanto quisesse, por quando pudesse; porque tinha. Com direito a tons de cores manchadas, os verdes das vegetações e os escuros das construções, entre outros tons destacantes. O que acontecia era que não conseguia enxergar. Por demasiada frieza lhe ter fechado as portas da observação, por a amargura que criara dentro de si lhe impedir de admirar. Nunca mais sentiu o gosto do doce, o gosto do gozo. Não se lembrava dos perfumes, dos bons pequenos prazeres; estava ocupado demais entretido com tantos números e barulhos, pessoas e passatempos artificiais. Nem percebera que não tinha mais quem preparava seu café, que fora mecanizado para cumprir com toda sua rotina imposta e cobrada em um dado horário. Nem ao menos se olhou no espelho para enxergar a transformação. Espelho que nada! Estava ocupado demais com passos acelerados para conseguir vantagens cobiçadas e ralos planos caros.

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