domingo, 5 de junho de 2011

Sábado aqui, sábado aí.

Queria te escrever, mas as palavras ficam engasgadas. Sai a tosse que me incomoda mas não sai sequer uma palavra que possa aliviar um pouco de toda essa confusão, que me faça entender como estou me sentindo, como acontecia antigamente. Mas estranhamente - ou talvez não -, ouço "Oh, baby, baby it's a wild world.." e brotam em minha mente lembranças nítidas e doces, coloridas como o dia deste domingo, amargas e fugazes, frias como a temperatura das noites desta cidade neste mês, embaçadas como no clipe do Cat Stevens. "But if you wanna leave, take good care..." é exatamente o que eu desejo a você. Apenas se cuide. Apenas tenha um pouco mais de malícia na vida. Você pensa que entende muito, que a inocência se dá por idade, por certos atos, mas é um homem tão inocente, tão frágil, que acredita cegamente, despercebe interesses, despercebe carências mascaradas. Sabe, ontem eu estava voltando de madrugada no carro de outro, não, nada aconteceu, nada iria acontecer, era só um amigo. Mas estava um clima tão bom, tão diferente. Com mais pessoas no carro, cantando Kings Of Leon e o novo CD do Foo Fighters, você já ouviu? É muito bom... ontem mesmo estávamos comentando sobre a vinda deles ao Brasil, provavelmente iremos, lembrei de você. Você vai? Vai também ao Pearl Jam, né? Também estou combinando com uma amiga. Nada certo ainda, mas lembro do seu convite... e se, realmente, nos encontrássemos lá? Ah, tantas coisas em comum.. bandas, CD's que tocam no carro que corre a madrugada em busca de algum prazer pro sábado à noite, que nem aquela noite no seu carro, com Two Of Us... tantas semelhanças: domingo, jogo do Corinthians e eu aqui torcendo não como antes, contra, mas sim para a vitória: o que isso significa? Eu completamente me censuro esse tipo de atitude! É só futebol, que seja, mas não posso torcer para algo tão terrível, né? Será que eu sou a única que torce para o time adversário só porque isso te deixaria feliz? Talvez tenha quem não entenda isso, mas eu sei como é o seu amor por esse time, e como te deixa feliz... então, só de saber da possibilidade de um domingo desse lado aí, você feliz, sorrindo, com a camisa mais feia de time que eu conheço mas que fica absurdamente linda em você, festejando com cervejas e com os amigos, eu penso: "que se foda o futebol, quero ele feliz." Era segredo... estava guardando essa sensação pra mim, ainda não admitindo sentir tal coisa, mas que seja, agora já está passado pro papel, está concretizado até onde eu chego por desejar por você. Que minha família, inclusive meu pai, nunca leia este texto... Ah, tantas coisas, tantos sentimentos, até me perco... mas eu estava falando de ontem, né? Ah, claro, de ter voltado no carro de outro, com amigos, com música, sons de Dave Grohl e de risadas. Lembrei de você uma vez, enquanto voltávamos da outra cidade. Na estrada, veio um: "por que ele não pega o maldito carro e vem pra essa porcaria de cidade pelo menos um final de semana?" e logo depois alguma ideia de que você devia estar bem, com seus amigos, suas risadas e suas bebidas. Não houve sentimentos de culpa, de saudade, principalmente de carência exclusiva e determinada. (Há dois tipos de carência, aquela indeterminada, que você sente por vazio total e só quer matá-la,com qualquer alguém, qualquer beijo, qualquer corpo; e aquela determinada, que se dá exclusivamente por uma pessoa, que se tem por um determinado beijo e que só seria morta se assassinada pelo próprio corpo de quem a criou, partindo.) Se cuida, ouça muita música - continuo admirando bastante essa sua essência. Divirta-se, estuda - continuo te admirando toda vez que você fala o nome complicado da matéria que está estudando para a prova da faculdade. Enquanto isso, eu vou tentando perder esse costume de te admirar. Nos vemos final de semana que vem, se você vir, ou em algum show, se nos trombarmos, ou marcarmos, ou em algum bar, se eu for para aí, ou...

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