terça-feira, 25 de janeiro de 2011

De um apaixonado. (Heterônimo 1)

Desculpe se eu não consigo parar de te escrever, de te beijar e de te encarar com demorados olhares fixos, são intuitos cada vez mais rígidos de me aproximar, de me marcar à sua cerca. Tudo faz parte de um jogo meu, no qual tento me penetrar em seus sentidos, fazer você sentir o peso da minha presença e das minhas carícias, para que, quem sabe, assim você acredite em mim, acredite em nós; em quando te digo o quanto te acho divina e quando teorizo sobre sermos predestinados, sermos um encaixe perfeito sem maiores complicações. Desculpe-me pela insistência, apenas não consigo deixar de ser um conquistado por seus encantos. Sucede que nessas noites eu percebo o quanto você me conforta, como amo o seu cheiro, suave como sua seda; seu sorriso iluminando nossa cama; como me arrepio quando roço minhas pernas nas suas, macias e perfumadas à creme de frutas doces exóticas; como sua jogada de cabelo em câmera lenta me impressiona. Seus lábios parecem pedir pelos meus, de uma forma subliminar e oculta demasiadamente sedutora, de um jeito meigo e encantador que só você com seu delicado e provocante charme consegue fazer; mas sei que isso é um reflexo torto meu, que, na verdade, são os meus lábios que gritam pelos seus, por você inteira, com uma fome de leão e nenhuma sutileza parecida com a sua - escancarados mesmo. E seus olhos me embriagam de fantasias. Eles possuem poder, vida própria, são armas que me desarmam, quando se abrem me abrigam, possuem uma luz mágica e física, literal; são completamente pigmentados por significados e conseguem tirar de mim qualquer bravura - fico tão sereno e motivado a permanecer sendo observado por eles, que acabo esquecendo-me de tudo, apenas retribuindo os olhares, cada vez mais fixos, vivos, mensageiros, e enviando como extra todo meu amor e minhas reações involuntárias e incontroladas, fisgadas e partidas por um só motor: você.

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