quarta-feira, 27 de abril de 2011

Carta ao Riso.

Meu riso de verão, que me curou de uma depressão, verdadeira alegria que me foi, não metaforizo apenas para ter rima; te escrevo agora, depois de um tempo sem ter ter mandado sua carta parabenizando-o por seus completos anos de vida - tão belos que te transformam em um homem de riso, de riso que encanta, de riso que entorpece, e não só a mim - e depois daquela ligação, que fez-se da brutalidade mais delicada e sutilmente arrazadora que personifica o seu riso: aquela doce voz, que não me incomoda nem às puras quatro e meia da madrugada, mesmo depois de um capote na cama por dor de cabeça e ressaca e preocupação por antes ter eu discado o número, eu revelado minha voz, tão diferente da sua, tão submissa à sua, influente de acordo com a sua. Te escrevo porque sinto saudade e já não sei mais o que fazer para esvaziar meu corpo dessa carência propriamente de você, meu interior desse sentimento teimoso que só aparenta se despedir, mas nunca realmente vai embora; apenas finge, me engana, me surpreendendo toda vez que me pego com um olhar distante causado pelo som - não dessa vez do seu riso - ou com a caneta na mão. Não sei nem o que eu realmente quero, quais meus objetivos ao te escrever. Meu peverso íntimo e todos os meus níveis de consciência querem você. Assim, bem simples. E até que poderia ser fácil, também. Você aqui, mudando de ideia, sussurrando ao meu ouvindo, cheirando meus cabelos e me deixando te sugar, digo, cheirar sua roupa limpa. E todas essas banalidades, coisas pequenas-grandes. Sugar essa substância que me atrai para você mesmo há quilômetros de distância. Quero que você venha e me abrace e me pressione junto a ti, e que, por favor, desta vez me dê tempo, uma chance real de te surpreender. Porque como já havia te dito, acho que me preciptei em relação ao nosso encontro, e muito do que não chegou a ser foi por incoerência da vontade, pura contradição. Tropecei na ansiedade e aceitei seu mínimo, mas agora quero te extrair ao máximo. E ser extraída. Meu riso, não sei se chegará a ler esta carta, pode ser que um dia eu cometa mais uma loucura te enviando-a, é fácil por impulso. Ou ficará no mesmo endereço que outros textos que já fiz para ou inspirada em você. Mas, de qualquer jeito, escrevo esta carta em um momento de saudade. Já, já é meia-noite e eu tenho mania de me forçar a mudar quando o calendário muda. E geralmente dá certo. Então, a partir de amanhã, esta carta será só um rascunho de antigos sentimentos emparelhados que foram despertados pelo riso; uma junção de palavras e ideias incentivadas pela saudade que o timbre da sua fala me provocou na sexta. Apenas. Mas hoje é tudo real, real e confuso, mas sincero e puro. Quem sabe mais uma dose e eu te ligo de novo? Quem sabe você vem, quem sabe eu vou, quem sabe você leia, quem sabe você tenha desenhado nesse rosto perpeculiarmente característico, que difere, que encanta, que entorpece, que me conquistou por cada parte que o constrói, que involuntariamente faz das minhas reações um jogo, das minhas manhas um fracasso, um riso bobo desde o começo da leitura desta maré de informações, bem as queira, mal as queira. Quem sabe, ninguém sabe. Eu acredito nas nuances, e, de um jeito ridículo, eu acredito na gente. Nem que seja em só mais um beijo ou conversação - que sejam muitos (as). De qualquer jeito, não acho provável esta carta chegar até você, daqui sete minutos é amanhã e aquilo que a pouco expliquei...

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