terça-feira, 26 de abril de 2011

Falta.

Falta fé em mim, falta fé em nós. Falta concreto, aglomeridade. Aposto que você não lembra do cheiro do meu creme, mas eu ainda sinto o gosto do seu hálito.
Mas está tudo bem agora. Sempre preferi o diálogo, antes de criar qualquer conceito. Sempre preferi o cristalino, o transparente, é minha forma de resolver qualquer problema ou preocupação. Está melhor ainda, pelo motivo desse distanciamento ter sido dado devido a falta de vulgaridade que farejas por. Em vez de personalidade tediosa, irritante ou vergonhosa; ou qualquer outra coisa que me faria pensar que eu fui a errada, que eu sou a errada. "Ele é um dos poucos que preferem as putas.", disse Luiza. Agora está mais certo para mim a teoria que tenho sobre sua paulista. É tudo mais fácil, né? Mais rápido, mais lucrativo. Claro que compensa você entrar no carro, ela tem muito a oferecer. Ela te leva ao bar, ela é a companheira que bebe junto, curte junto, tira a roupa junto. Se isso é o que você resume definindo como companheirismo, apoio nosso distanciamento. Sempre te achei maduro e inteligente demais, e você vem me decepcionar com ideias tão típicas? Não que eu não aceite a decepção, tudo bem, que viesse, mas tão banal assim? Um verdadeiro típico, não passa disso. Cadê aquele homem pelo qual me encantei, com toda sua bravura e voz firme, conhecimento e espontânea qualidade de homem antigo? Não o encontro nesse corpo que carrega uma cabeça de moleque. Cadê aquele fã do preto e branco, admirador de filmes e sobretudo mulheres antigas? O perdi na minha sublime aproximação? Era apenas uma ideia, a qual se perdeu no ato do ósculo? Ou tudo era, mais uma vez, junções de pequenos pedaços que eu acabei idealizando? Aquele homem de outubro não parecia ter ideias tão limitadas. Aquele homem de novembro, que me despertava admiração, parecia valorizar as coisas, pessoas, valores. Aquele homem que me tocou, física e profundamente, em janeiro, deixando rastros de "Two Of Us", "Midnight Bottle" e cheiro de banco de carro, para mim foi um; um que perdi no vento da chácara, no impulso da vontade, ou em qualquer outra aspiração permitida pelos meus dedos na marcha. Diferente deste de março, que é previsível e comum. Com ideias comuns, adaptadas e construídas sem maiores convenções, exigências, qualificações. Que graça teria ser o vinho elogiado por quem não sabe degustar? Ser o vinho tomado por quem bebe sem escolher a dedo? Tudo bem, você quer o divertimento desenfreado e eu sou pouco mulher por ser muito certa. Tudo bem, eu esqueço da ideia de te ensinar e com você aprender, a arriscar, a gostar, surpreender. Esqueço da vontade de ser querida pela sua mãe, das noites de verão, da espera pela ligação.

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