quarta-feira, 6 de março de 2013

Cartas para P.:

But I can't accept that we're estranged, without you... without you... Without you é tão mais difícil. Sei lá, mais sem graça. Acontece alguma coisa e eu quero contar pra você e não sei até quando vou conseguir seguir com esse joguinho de me afastar. Tenho um pensamento, alguma lampada acende aqui perto de mim como naqueles desenhos animados e instintivamente eu penso em correr compartilhar tal amadurecimento de ideia ou surgimento criativo com você! Mas daí lembro de uma certa parte minha que chora sabendo que você vai embora... embora perto de mim, mesmo dizendo que vai continuar fazendo parte da minha vida e nossas histórias serão compartilhadas. Eu penso: quem quero enganar? Serão realidades bem mais diferentes e uma distância que afastará muito. Uma distância besta, pois continuaremos bem perto, mas, comparado a um costume antigo, estaremos muito distantes. Minhas lágrimas de madrugada bem distante das suas palavras fortes. Minhas ânsias de ressaca longe dos seus cuidados e dos seus chás. Suas dúvidas sobre passado e futuro longe das minhas visões diferentes das suas, seja durante o arranjo de um almoço, seja com bom humor numa manhã produtiva ou na canseira exaustiva de um dia cheio e ainda seguido de uma reunião acadêmica. "I'm wierd cause I hate goodbyes". Eu vou ter que me acostumar com outra rotina e isso me afeta porque eu gostava de você na minha. Eu não vou ter mais você como anjo protetor colado em mim quase que 24 horas por dia, bem próximo disso, por quase todos os dias da semana, bem próximo disso. Eu não queria isso e vou sofrer com isso, vou ficar triste, por isso penso que é melhor ir cortando essa tristeza, evitar tamanha decepção que vou sentir quando olhar para o lado e ter que aceitar que não é mais pular da cama e dar alguns passos que vou poder te contatar. Então escrevo cartas como se estivesse te mandando um texto ou conversando ao vivo com vocês, mas na verdade essas palavras ficam guardadas. É muito fraco saber que nos apegamos tanto a uma pessoa, passamos a gostar tanto delas e considerá-las tanto? É muito fraco ter medo de não ser visto da mesma forma, de melhor amigo ser considero apenas amigo, muito egoísmo o medo da sua ausência não ser tão triste quanto a que a outra pessoa vai te causar? Prefiro, então, ir me acostumando a não contar tudo, a não querer compartilhar tudo, a começar a substituir esse primeiro lugar na amizade, no companheiro, nas cumplicidades, confidelidade. Porque sei que uma hora vai acabar assim, porque não quero sofrer tendo que encarar isso de forma tão repetina. Tenho que me acostumar, é uma atitude estranha mas "eu sou estranho porque eu odeio adeus".

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