domingo, 28 de julho de 2013

Conselho transformado em texto

Me pediu conselhos. Disse para não se entristecer. Que "sei que é difícil, mas a vida é tão maior que tudo isso. Que qualquer sofrimento e qualquer pessoa que faça nosso coraçãozinho doer. Existem milhões e milhões de pessoas por aí... que podem te roubar sorrisos e provocar agitação na alma, mas voocê nunca sabe quando vai encontrá-las (ou até encontrou). Mas elas existem, estão aí, ali e aqui, nos corredores, no trânsito, nos lugares em comum, nos amigos em comum. O que não podemos fazer, é fechar as janelas e portas da nossa vida e nos afundarmos no escuro de um quarto obscuro. Se fizermos isso, claro que a felicidade não vem. Porque a gente não muda a posição e os olhares. Olhando só para algo que te faz sofrer, é claro que vai chorar; então tem que ser forte, sacudir a poeira e tentar olhar pros lados. Algum lado vai te fazer bem! Mas usa esse pescoço, desvia o olhar, muda de postura, desliga o replay." Me respondeu que iria imprimir o conselho, colar no guarda-roupa e ler todos os dias de manhã. Me senti confortável, talvez alguém estivesse tomando o conselho que eu mesma precisava tomar. Me senti útil e finalizei: "Espero que tenha provocado algum efeito... sei que é difícil, qualquer palavra nesses momentos parece torta, essas palavras de espécie de auto-ajuda é visível para nosso eu machucado como nossas inimigas, nossas traidoras. Dá vontade de rir da cara delas, de tão patéticas, e xingá-las: suas filhas das mãe, não é bem assim, vocês falam porque não sofrem, porque você: superar, não tem coração; você: esquecer, não tem uma memória de um apaixonado; e você: "deixa pra lá", nunca viveu intensamente o "pra cá" de um beijo. Parece que essas palavras não tem direito de intervirem em nossas vidas querendo aconselhar-nos sobre o que fazer, parece que nunca ninguém sabe como dói e como é difícil se ausentar ou aceitar a distância de algo que nos fazia feliz, ou ainda faz, ao mesmo tempo em que nos dói. Parece que nenhuma palavra entende essa bipolaridade dos sentimentos, essa contradição que vivemos e essa aceitação por viver, e desfrutar de, toda a confusão que se passa no nosso interior. Mas é preciso deixar essas palavras ali por perto, por mais que a raiva ganhe poder, conquiste espaço, por mais que nossa cabeça não queira absorve-las e muito menos nossos sentimentos queiram tentar entender, porque, na verdade, eles não tem essa função, certo? Eles precisam sentir, e só. E o que basta. E também, é o que fere. Mas essas palavras tem que ficar guardadas num ladinho para servir de apoio... por mais que doa, por mais que pareça inaceitável e por mais que elas não sejam bem-vidas, por mais que a única coisa para qual você queira abrir a porta seja a dor, as músicas tristes e a lembrança do perfume. Dói e não é pouco, mas tem que abrir a porta para elas também, deixá-las como visita e, vez ou outra, tenta dar uma lida para que, quem sabe, alguma parte dentro de você "avança" e ajude a você se sentir melhor... Mas enquanto não estiver pronta para aceitar essa visita, aconselho a ocupação. Tente se ocupar, esse é meu maior conselho. Adquira um novo hobbie, assuma alguma responsabilidade, busque conhecer novas coisas: novos sabores, novos odores, novos corpos, novos risos, novas músicas. Já dizia a velha frase... "mente vazia é oficina do diabo", ou coisa do tipo." E encerrei a noite. Quem pediu o conselho, sentiu-se muito bem. Eu, fui dormir ouvindo James Blunt. E tentando seguir o que eu mesma declarei.

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