sexta-feira, 15 de março de 2013

psenu

Ouço "When she was just a girl she expected the world, but it flew away from her reach, so she ran away in her sleep, and dreamed of para-para-paradise..." e relembro de quando eu era "Just a small town girl, livin' in a lonely world", lembro do meu mundo, por um certo período de tempo, vazio e triste, na esperança de se concentrar de amor e vivência, experiência, cor, na chegada em uma cidade. Para mim, é nítida a lembrança do ônibus entrando naquela cidade e eu sentindo, de uma forma verdadeiramente estranha, como se ali fosse o meu lugar. Eram tantas expectativas, tantos sonhos para este mundo e tanta vontade de viver além do que o mesmo podia me proporcionar: vivendo através de amigos, mudanças e risos, conhecimento, luta e brilho. Entre algumas paredes, me senti como em um quarto bem íntimo: senti uma aceleração no coração e um ritmo dançante dos batimentos cardíacos que dá saudade de lembrar e volto a sentir aqui, agora, escrevendo sobre essas sensações. Senti como se todo meu esforço por um futuro estivesse valendo a pena e senti o mais importante: que era ali que eu queria ficar, em nenhum outro lugar, nem na cidade grande, nem na "segunda opção". Queria correr pra casa, encapotar minhas coisas e deixar todas as malas no canto da cama, nem se fosse para esperar por um ano para a próxima oportunidade, mas eu iria me mudar, eu iria para a minha primeira opção. Era uma vontade desde três anos que eu tinha, claro, que não da mesma intensidade, cada vez que vinha me aproximando mais desse futuro, crescia. Foi preciso, então, que me dizessem que eu poderia estar idolatrando, imaginando mais do que é, colocando em um patamar sem ao menos conhecer e estaria correndo o risco de me decepcionar: foi quando eu peguei o tal ônibus. Quando a "small town girl, living in a lonely world, took the midnight train going' anywhere": mas só não era meia-noite e esse tal lugar era bem definido. Nada mais comprovou que era ali que meu corpo queria estar. Comecei a acreditar nessas tais histórias de destino. Sabe como é, quando as coisas acontecem de forma tão intensa na sua vida, você acaba parando para pensar: não é que faz um certo sentido? Por que diabos eu iria me identificar tanto com um lugar? Pior! Como eu iria ter a tamanha sorte/coincidência de encontrar um morador da cidade, futuro amigo, que me apresentasse para certos outros amigos? Tais, que só faziam a minha vontade de desempacotar as minhas coisas lá aumentar. Pessoas que eu dizia: são assim que eu quero conhecer! São essas que quero trocar conhecimento, momentos bêbados, aprendizado e levar pra vida, esse tipo de pessoas simples e intensas. Mas daí, a vida embaralha tudo: te vira do avesso, cospe em você, ri da tua cara, samba no seu peito e diz: tenta entender por que tudo isso está acontecendo, porque nenhuma resposta será dada. E você sofre, não pela sujeira sobreposta, pela risada irônica da vida, do peso no peito e da dor de cabeça, mas simplesmente pelo fato de não entender para qual lado você deveria ir. Então, aceita os sinais mais frequentes, aqueles que te dizem que o caminho é outro, a rota é diferente e seu endereço é bem distinto. Aceita, pois a vida te empurrou para esse lado, todas as circunstâncias. Mas dai você pensa: ela empurrou e eu aceitei. Não lutei contra, não fui forte, quis o mais fácil, por um instante. Será que não valia a pena desafiar essa braveza toda dessa vida irônica e gritar: "não aceito!"? Então, pensa de novo: será que isso tudo não é uma frustração babaca de quem não conseguiu achar, onde foi parar, o que procurava e pensava que acharia no antigo lugar predestinado? E repensa no que sua prima diz sobre espiritismo, destino e que quando se sente uma identificação extrema com algum lugar é porque você pertence ali. E reflete e sofre e pensa e debate e amarra a garganta e se sente envergonhado e inútil e volta a tocar músicas como Don't Stop Believing e Paradise. E tudo que pede, ao incenso e as energias positivas do universo, é uma resposta, um sinal, que seja, para que entenda, para que saiba se o que está tentando fazer neste lugar está valendo a pena e sendo significante ou se o seu lugar é alguns quilômetros deste. Que suas escolhas façam algum sentido antes que seja tarde demais; mesmo que se precise de luta, de suor, de coragem, de desafios. A vida é muito curta para se acomodar. E muito curta para escolhas e decisões erradas, equivocadas ou medrosas. Só não quero viver numa decisão errada, e carregar frutos de uma escolha equivocada, e perder sentimentos e histórias maravilhosas por medo.

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