terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

ansiedade

Recordo facilmente, junto com o cheiro dos meus perfumes da época, de como ficava ansiosa pelo primeiro dia de aula no colégio. Não conseguia dormir e virava à noite com esse sentimento de ansiedade - que me acompanha desde o útero de minha mãe. Cerca de 10 anos depois, muita coisa em mim mudou e muita coisa permanece, mas a ansiedade parece que só aumenta. A vida que escolhi (mas digo que na verdade ela que me escolheu) também não facilita. Ser cientista. Será que eu sabia que a ansiedade cresceria ao meu lado nessa vida? Claro, ser adulto é difícil e certamente a maioria das pessoas, independentemente de suas profissões, sofrem com o “mal do século”. Mas se eu tivesse algum pequeno traço de segurança da minha vida, se eu pudesse rabiscar em uma folha um pouco do meu futuro, talvez eu não perdesse tantas noites respirando fundo. Será que vai ser pra sempre assim? Pra sempre é uma palavra muito forte, mas é o que quero como paleontóloga. No começo de nossas vidas e nossas escolhas, parece que as coisas fluem melhor: um resultado no final do ano, um começo de ano já planejando exatamente onde você vai viver, o que você vai fazer. O tempo passa e as coisas vão ficando no ar... entra mês e sai mês e você só dormiu. Tem que esperar, não tem muito mais o que fazer. Desce à noite e sobe o dia e você não consegue pregar o olho - pode mudar de lado da cama, inventar filmes na cabeça, os hormônios da ansiedade vão trancar o portão do sono. Você começa pensando em sorvete, acaba angustiada pensando sobre Minas Gerais. Começa pensando sobre um amigo, acaba pensando em métodos avaliativos de disciplina pra quando for professora. Começa pensando em nada, acaba pensando em tudo. Será que vai ser pra sempre assim? Uma ansiedade maior que o corpo, uma nuvem companheira que só evapora quando você completar seu ciclo, noites em claro e medo de não ser suficiente e medo ser adulta at all?

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